Antes do dia começar não tinha a noção que este seria dos dias mais duros que iríamos enfrentar em toda a viagem. O dia começou logo com imensas subidas e imensos caminhos estreitos no meio do mato o que dificultava a locomoção, que muitas vezes tinha de ser feita pela mão.
Este ainda por cima foi o dia mais quente de toda a nossa viagem, chegando a atingir os 40ºC. Outra coisa que costumo ser cuidadoso é com a hidratação e alimentação, mas neste dia talvez devido ao calor não estava com muita vontade de comer e senti que no final da manhã paguei a falta de alimentação pois estava a sentir-me "vazio" de forças e quando recorri às barras de cereais já era tarde e só depois do almoço senti as forças a voltar.
À chegada a Alvaiázere passámos pela junta de freguesia para o primeiro carimbo do dia e de seguida procuramos um sítio onde pudéssemos comprar comida e esconder-nos do sol e calor intenso. Esta parte do trajecto foi para mim a 2ª parte mais complicada de todo o caminho até Santiago, mas as dificuldades não tinham acabado por aqui. A seguir ao almoço foi quase 1 hora sempre a subir, a sorte é que era em alcatrão, mas mesmo assim eram rampas bastante difíceis. Neste dia começámos a sentir alguma confiança na sinalização do caminho (as setas amarelas) e ignorámos frequentemente o trilho que tínhamos no GPS para seguir o caminho o mais fielmente possível, o que nem sempre nos levava a caminho mais fáceis, mas creio que eram mais directos.
A seguir a esta subida o resto do percurso tornou-se bastante mais fácil onde existiam mais descidas que subidas. Em Ansião conseguimos mais 2 carimbos na biblioteca e na câmara municipal, o da câmara municipal é um dos mais bonitos de toda a viagem.
Como no dia anterior tínhamos ficado sem câmaras de ar suplentes neste dia andávamos com medo que algum furo deitasse por terra a nossa viagem, ainda por cima andávamos em terreno propício a furos. Lá conseguimos descobrir um sítio em Alvorge onde fomos "roubados" em 8€ por 2 câmaras de ar (normalmente 2 câmaras de ar custam 3€), mas não queríamos pôr a viagem em risco.
Finalmente chegámos ao Rabaçal, onde estava à espera de encontrar uma pousada que parecia simpática pela internet, mas à chegada estavam já outros peregrinos à porta à espera que aparecesse alguém para lhes abrir a pousada...mas que raios!!! Passados 30 minutos lá apareceu uma senhora que nos abriu a porta e perguntei como era o pequeno almoço do dia seguinte, porque tinha feito a reserva com pequeno almoço. Pequeno almoço...qual pequeno almoço, só faziam pequeno almoço para grupos grandes...mais uma vez mas que raios, não querem que eu gaste o meu dinheiro aqui!
Deixámos as coisas no quarto que era enorme e com uma condições impecáveis e perguntámos onde podíamos jantar. A resposta foi que só um restaurante servia jantares, e que por acaso aquele era o dia de folga...mas que raios! Lá fui a um mini-mini-mercado à frente da pousada tentar comprar alguma coisa para o jantar, e depois ainda tive de ir ao café que ainda estava aberto para comprar pão, queijo e fiambre...e gaba-se a terra de ser a terra do queijo...nem sítio para o comprar. Depois de um dia mega duro só mesmo isto para me deixar com um sorriso nos lábios.
Enquanto fui às compras o Pedro reparou que nas traseiras da pousada estava uma laranjeira, mas que as laranjas estavam todas altas e que à falta de melhor comida as laranjas eram uma excelente alternativa. Então quando cheguei ainda me armei em macaco e subi à laranjeira para um pequeno "roubo", se não as apanhasse também acabariam podres no chão.
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