E quase sem darmos por isso estávamos no último dia da nossa aventura, faltava só chegar a Santiago de Compostela. O dia estava bem escuro e a chover bastante, aliás este foi o dia pior no que toca a chuva, passámos o dia inteiro a tomar uns valentes banhos. À saída de Pontevedra entrámos nuns trilhos por dentro da floresta que talvez seja o sítio mais bonito a nível de paisagem, contando só o lado espanhol.
Como era o último dia não estava com muitas intenções de fazer poupanças de energias, mesmo em trilhos estreitos estávamos a circular acima dos 20km/h. A uma dada altura vejo um pássaro a esvoaçar no meio do caminho e a saltitar sempre em frente às bicicletas. Era uma cria de pega, ainda não sabia voar, então agarrei nela e voltei a pô-la no sítio onde a encontrámos inicialmente, provavelmente era perto do ninho dela e tentei escolher um sítio onde ela se pudesse esconder.
Chegámos a Padrón e faltava já menos de 20 quilómetros para Compostela, agora já nem uma avaria nos podia deter de cumprir o nosso objectivo. Nesta altura começam a surgir as grandes subidas do dia e devo dizer que me estava a sentir extremamente cansado, abusei no ritmo no início e estava a pagar agora. Mesmo assim quando estávamos a 10 quilómetros do fim e já com algumas subidas a média era superior a 14km/h.
A chegada a Compostela sempre a subir foi uma verdadeira tortura final para mim, mas finalmente chegámos frente à capela....YEEEEEE...missão cumprida. Passo seguinte era descobrir onde conseguir o último carimbo e obter a Compostela que é um género de um diploma que comprova que fomos em peregrinação pelo caminho de Santiago de Compostela.
Próximos passos: conseguir transporte para o dia seguinte, arranjar albergue e comer. Para o primeiro passo tínhamos a alternativa comboio e autocarro, optámos por autocarro por não ter transbordos e ser mais rápido e confortável. Na opção comboio podíamos transportar as bicicletas com algumas restrições e arriscávamos ficar presos num dos transbordos (por não nos deixarem transportar as bicicletas) e se ficássemos presos o dia seguinte era de greve dos comboios, por isso acabávamos por ter 3 dias de viagem se alguma coisa corresse mal. Por isso a opção foi autocarro onde pagámos 50€. As bicicletas por sua vez eram transportadas pela Seur e iam transportá-las até à porta de nossa casa, por este serviço pagámos 35€.
Quanto ao albergue para pernoitar acabámos por fazer uma má escolha, fomos para o Seminário Inferior como era um albergue oficial, muito bonito por fora sim mas sem condições nenhumas por dentro, parecia um curral para cavalos que nem água quente para o banho tinha, o único albergue que entrei que tinha mau aspecto. Para além disso a dormida custou 12€, por esse preço teria dormido num sítio bem melhor.
Finalmente procurar comida, estávamos cheios de fome não tínhamos almoçado e já estávamos a meio da tarde. Devo dizer que não sou esquisito em relação a comida, mas os espanhóis confecionam muito mal a comida, acabámos por ir ao Burger King e foi a melhor decisão que tomámos neste dia, não sou fã de fast food mas dentro do que havia foi a melhor solução e a que me soube melhor.
Altura de palmilhar Santiago, acabámos por fazer mais de 12km a pé de um lado para o outro, percorrer a zona histórica, comprar as lembranças, comprar comida para o dia seguinte e escolher o restaurante para o jantar. Tanta escolha do restaurante acabou por dar merda, segunda má escolha do dia, comemos mal nem terminei o que tinha no prato e não foi assim tão barato. Altura de voltar para o albergue e descansar para a chatice da viagem do dia seguinte.
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