terça-feira, junho 25, 2019

Tróia - Sagres - Dia 3

Depois de um dia duríssimo este seria o dia da consagração. O dia começou bem cedo, quase com o nascer do sol, era necessário resolver o problema dos 2 pneus furados do Hugo e sair cedo porque hoje não tínhamos margem para nos atrasarmos, havia um comboio à nossa espera em Lagos às 17h20m. Mas como tudo tem de ser difícil para ter alguma piada, passado 1 km de saírmos da Arrifana, o Hugo estava novamente com o pneu de trás m baixo. Desta vez foi culpa nossa, não verificámos devidamente o pneu, e este tinha uma farpa que voltou a furar a camara de ar. Problema resolvido e vamos lá a andar que não nos podemos descuidar com as horas.

 

A primeira parte da manhã até chegarmos à Carrapateira era maioritariamente estradões, às vezes com alguma pedra mas que possibilitava uma boa média. A única subida mais agressiva foi muito interessante, apesar de intensa era tecnicamente simples, o que possibilitou uma daquelas subidas onde nos preocupamos mais em ter força para vencer a inclinação e menos a preocupação de procurar as melhores trajectórias mais adequadas para ultrapassar os obstáculos. Desgraçado do Hugo estava mesmo em sofrimento, o dia anterior tinha-o deixado em más condições. A única coisa que lhe dava força é que cada vez estava mais próximo de Sagres, do objectivo. A imagem que mais facilmente me lembro é da cenoura à frente do burro para o fazer andar, a cenoura era Sagres e o burro o Hugo (não podia deixar de fazer a piada, podia ser cavalo, mas o burro tem mais piada).

Chegados à Carrapateira aproveitar um bocadinho a bela paisagem, contudo por pouco tempo, porque o Maria não deixava descansar muito, tínhamos de chegar o mais rapidamente possível a Sagres. A seguir pedalar um bocadinho à beira mar pela praia, dar essa experiência, esse prazer a quem nunca o tinha experienciado. Logo de seguida, "a subida" de toda esta viagem. Duríssima a todos os níveis, e só o campeão do Maria a conseguiu fazer toda a pedalar. Mais um estradão até apanhar o alcatrão, uma pequena subida até às eólicas, e uma descida a todo o gás até Vila do Bispo. De Vila do Bispo até Sagres foi a controlar o ritmo para o Hugo aguentar, apesar de estar um vento forte pelas costas, o que levantava outro alerta, na viagem de retorno de Sagres para Vila do Bispo tínhamos de ter em conta este vento. Chegámos ao forte de Sagres por volta das 11h15m, objectivo concluído com distinção.
Foco seguinte, encontrar rapidamente um sítio para almoçar para sair o mais cedo possível para Lagos. Lá conseguimos encontrar um sítio que começasse a servir ao 12h (como é possível mais uma vez os restaurantes abrirem tão tarde). O Maria queria sair às 13h para termos 3h a pedalar e mesmo assim termos 1h de margem para algum problema que pudéssemos ter. Nessa altura o Hugo disse que já não aguentava mais, que o objectivo estava cumprido que era chegar a Sagres, que iría arranjar alternativa para ir para Lagos, o que acabou por ser de táxi. Bem, achei na altura tudo exagerado, achei que o Hugo era capaz de aguentar até Lagos, o quão errado estava, e achei que 3 horas é imenso tempo para fazer os menos de 40 kms até Lagos, pois já tinha feito aquele caminho, e mais uma vez o quão errado estava.

Saímos de Sagres pouco passava das 13h e até Vila do Bispo eu e o Maria pedalámos à frente do Fábio, de modo a protegê-lo do vento frontal. Ao chegar a Vila do Bispo sentia-me super mal disposto, a feijoada de choco do almoço andou ali vai, não vai, para sair cá para fora. Felizmente foi passando apesar de em algumas alturas ainda sentir um desconforto, o pior tinha passado. Chegados a Vila do Bispo pensei que íamos seguir pela estrada nacional, mas o Maria tinha outra ideia, queria seguir a via algarviada de modo a evitar o trânsito da estrada nacional. Pois é, evitámos a estrada nacional, o que não evitámos foi uma montanha russa de subidas e descidas, muito desgastante e com pendentes duríssimas. Sim foi muito mais bonito, sim foi muito mais interessante conhecer aquela parte do Algarve, mas não estava nada a contar com aquilo e por isso digo que o Hugo fez muito bem em não ter ido connosco, e por isso veio a confirmar-se que as 3h que o Maria previa não estavam muito longe da realidade. Quando chegámos por volta das 16h a Lagos estava o Hugo na esplanada à nossa espera. Ainda deu tempo para descansarmos um bocadinho antes de apanhar comboio de volta a casa. Uma bela viagem, em boa companhia, por caminhos espetaculares, acabou e já estou com saudades.

quinta-feira, junho 20, 2019

Tróia - Sagres - Dia 2

A etapa do segundo dia, apesar de não ser a maior a nível de distância, seria aquela que era mais complicada devido à altimetria, e não sabia eu, a nível de dificuldade do terreno. Começámos um bocadinho mais tarde do que eu queria, estivemos à espera que o café abrisse às 8h30m para comer o pequeno almoço. Se calhar sou eu que estou mal habituado, mas não me cabe na cabeça que um café abra tão tarde. Em conversa, nessa altura sugeri que nesse dia almoçassemos na Zambujeira do Mar que era mais ou menos a meio do percurso que nos levaria à Arrifana, ou se a coisa estivesse a correr mal, num restaurante que conhecia em Almograve.


A etapa começou de maneira agradável junto às arribas frente à Ilha do Pessegueiro, nem sempre era fácil transpôr os obstáculos e o terreno arenoso, mas a beleza da paisagem fazia esquecer o esforço. Sim os primeiros 5 kms foram feitos de um modo lento, mas o pior estava para vir, os segundos 5 kms todas as vezes que fiz o Tróia-Sagres fiz pela praia, à beira mar, porque apanhei sempre a maré vazia. Desta vez a maré estava cheia e tivémos de subir para as dunas, e passámos mal, quase 1h30m para fazer 5 míseros quilómetros, quase sempre a arrastar a bicicleta pela areia pois o terreno de ciclável não tinha nada. Uma das imagens fortes desta viagem foi o Hugo aos murros no guiadouro, a vociferar, totalmente frustrado e cansado. Esta seria a única coisa que teria mudado em todo o percurso, nesta zona ou se consegue ir pela praia com a maré vazia ou o melhor é ir até ao alcatrão e evitar as dunas.

Chegámos a Vila Nova de Mil Fontes por volta do meio dia e ainda nem tínhamos feito 20kms, antevia-se um dia muito complicado, mais ainda do que tinha prespectivado inicialmente. Sugeri que seguissemos caminho apesar de já ser meio dia porque se tudo corresse normalmente estaríamos em Almograve passado 1 hora e almoçávamos por lá. Assim foi, chegados a Almograve procurei o restaurante que conhecia, lembrava-me que era junto a uma rotunda, que tinha ideia que ficava no caminho, mas não encontrei. Então fomos comer ao Snack Bar Sol e Mar, que revelou-se uma excelente escolha, comida boa, sobremesa gigante e preço pequeno. Seguindo viagem, logo de seguida percebi porque não encontrei o restaurante. Na verdade não estavamos ainda em Almograve, estavamos na Longueira, e quando cheguei a Almograve percebi o meu erro.


Estavamos a chegar à parte do percurso que mais gosto, a ligação entre o Cabo Sardão e a Zambujeira do Mar. Quando chegámos à Zambujeira do Mar já eram 16h30m e ainda faltavam mais de 45 kms, devo confessar que estava a ficar um pouco apreensivo. Seguimos em direcção a Brejão, num percurso que nunca tinha feito e me tinha sido indicado pelo Borja. Nessa altura cruzámos-nos por um casar já com alguma idade que também viajava de bicicleta. Demorámos algum tempo a conseguir ultrapassá-los e só o fizemos durante uma descida, eu pensei - "Bolas, estão mesmo em forma, a dar aqui um baile aos putos!" - depois de uma subida um pouco ingreme fiquei à espera do pessoal e nisto lá vêm os velhotes outra vez, tinham ultrapassado o resto do grupo, quase que fiquei de boca aberta. Nisto quando passam por mim oiço um barulhino de um motor, olho para o quadro e vejo a bateria, pronto isso explicava muita coisa.

Quando chegamos a Brejão reparo que o Hugo está no limites das forças, com uma péssima cara e comecei a pensar que se calhar não íamos conseguir chegar à Arrifana. Mais de 35 kms para o fim e já eram 17h30m, se calhar devia mesmo ter levado luzes, algo que nunca pensei acontecer antes de começar esta viagem. O percurso que se seguiu ainda bem que era super simples e belo, o que deu para o Hugo recuperar. Começámos a seguir sempre pelos canais de água até chegarmos a Odeceixe.


Chegados à ponte de Odeceixe perguntei se queriam seguir pela estrada nacional que tinha um percurso mais curto, mas a inclinação era muito superior, ou seguir o trajecto inicial que era ir em direcção à praia de Odeceixe, cujo o percurso era mais longo mas a inclinação era substancialmente inferior. A decisão foi seguir em direcção à praia. Apesar da inclinação ser inferior ela estava lá e o Hugo sofreu para chegar lá acima. Confesso que nesta altura já não estava a desfrutar muito do dia, estava mais procupado com o Hugo e com o sacrifício que ele estava a fazer. Sei muito bem o que é estar no estado em que ele estava, e a força mental que é necessária para continuar a seguir em frente. São estas alturas em que estamos fisicamente mais debilitados que acabamos por perder a concentração, o que pode levar a erros e a quedas. De qualquer maneira eu conhecia a topologia do terreno até Aljezur e sabia que o pior já tinha passado e que a partir dali era sempre a descer.


Realmente até Aljezur foi seguir novamente os canais num percurso super simples, sem qualquer dificuldade e algumas descidas super divertidas, mas que não podiam ser encaradas com displicência porque tinham alguma perigosidade. Chegados a Aljezur somos presenteados com uma subida imponente até ao Castelo de Aljezur. Como íamos dormir à Arrifana ainda tínhamos de subir mais do que esperava, não conhecia essa parte do trajecto porque sempre tinha ficado a dormir em Aljezur e nunca tinha passado pela Arrifana. Para dificultar as coisas o Hugo estava com 2 furos lentos o que nos obrigava a ir parando para pôr algum ar nos pneus. Já era tarde e estavamos a menos de 10 kms da Arrifana, por isso não queríamos estar a perder tempo e energia a mudar os 2 pneus. Ainda sugeri ao Hugo que eu e o Maria o empurrássemos até ao final mas ele quase a rosnar rejeitou a ajuda. Chegámos à Pousada da Juventude da Arrifana já passava das 20h30m. Nota 20 para as pessoas da pousada, super simpáticas e ajudaram em tudo o que podiam, inclusivamente disponibilizaram a cozinha para nós na manhã seguinte, pois íamos sair antes da hora do pequeno almoço. 

O último desafio do dia foi encontrar um sítio para jantar, todos os restaurantes fechavam às 21h...21h...verdade? Ainda por cima numa altura do ano onde já há imensos turistas e pessoas de férias, não percebo, cafés a abrir às 8h30m, restaurantes a fechar às 21h, há pessoas que nem querem trabalhar para o próprio negócio. Eu e o Fábio, como já tínhamos tomado banho nem esperámos pelo Hugo e o Maria, e fomos à procura de um sítio para jantar. Depois de termos batido com o nariz na porta no restaurante Brisamar, por já ter a cozinha encerrada, fomos até Sea You Surf Café, e em boa hora o fizemos. Apesar de já ser quase 22h, que era a hora que a cozinha encerrava, disponibilizaram-se logo, arranjaram uma mesa e deixaram-nos à vontade. Ainda por cima a comida era bastante boa, e foi uma óptima maneira de terminar um dia complicadíssimo.

quarta-feira, junho 19, 2019

Tróia - Sagres - Dia 1

Já há alguns anos que não fazia a viagem de Tróia a Sagres em BTT, e nada o fazia prever que voltaria a fazer até há pouco tempo. Tudo começou quando estava a acampar em Porto Côvo com o Maria e o Fábio, e numa conversa comentei que o caminho de Tróia a Sagres passava ali. Ora o Fábio disse logo que gostaria de fazer, mas na altura não levei muito a sério, pensei que era um daqueles "gostava de fazer um dia". Bem, quando cheguei ao trabalho, no primeiro dia depois dessas férias já eles os dois estavam a fazer planos para a viagem, ao qual o Hugo também já se tinha juntado. 

Ora no curto espaço de um mês o Fábio e o Hugo esforçaram-se para se prepararem fisicamente para esta viagem, com a grande ajuda do Maria, inclusivamente o Hugo comprou uma bicicleta para conseguir fazer a viagem. Quanto a mim, estive quase todo o mês no "estaleiro" com uma infecção pulmunar que não me deixava fazer nada, pois qualquer mínino esforço me deixava ofegante. A minha tarefa acabou por ser definir o percurso visto ser o único do grupo que já tinha feito a viagem em BTT. Como das vezes anteriores ainda tinha feito grandes trajectos em alcatrão, especialmente no primeiro dia, queria algumas alternativas para "fugir" ao alcatrão. Para conseguir alguma ajuda falei com o Borja, o nosso colega galego que também tem muita experiência em viagens em BTT, e que me deu alguma dicas onde podia passar. Ora o percurso final acabou por ser um misto de sítios onde eu já tinha passado, onde ele já tinha passado, e algumas ligações que não conhecia de todo nem tinha a certeza se eram ultrapassáveis.


O dia da viagem chegou num instante, e não podia ter começado melhor. Estacionámos os carros na estação de comboio do Pinhal Novo e íamos de comboio até Setúbal para apanhar o primeiro ferry da manhã. Quando está a chegar o comboio o Maria diz - "Esqueci-me do telemóvel no carro, vou lá buscá-lo e vou a pedalar até Setúbal". Eu inicialmente até tinha a ideia de fazer isso, mas com mais tempo de margem, não tão em cima da hora do ferry. Nós os 3 fomos de comboio e depois calmamente até ao ferry e esperamos pelo Maria. Lá chegou ele 5 minutos antes do ferry, lavado em suor, mais ofegante que em qualquer outra altura durante toda a viagem.

O tempo estava impecável, sol, com pouco calor e um ligeiro ventinho pelas costas. Na Comporta entrámos pelos arrozais, um trajecto que nunca tinha feito e que é muito porreiro. Garças, cegonhas, uma beleza e tranquilidade natural foi tudo o que encontrei nesta zona. Nisto toca o telefone do Maria, era da creche do puto dele e era necessário ir buscar o miúdo. Como é óbvio, era impossível ele ir buscar o miúdo, então lá teve a fazer inúmeros telefonemas para resolver a situação. Saímos dos arrozais, entramos no Carvalhal e já quando estamos à saída do Carvalhal, numa rotunda, oiço um chiar atrás de mim, olho por cima do ombro, e vejo o Hugo a estatelar-se e o Maria a passar por cima da bicicleta dele. Felizmente foi só um susto e um pneu rebentado. Retomamos a marcha e passado 1 quilómetro novamente o pneu em baixo. Vimos onde era o furo, e desconfiámos que a fita ressequida da jante podia estar a furar a camara de ar. Improvisámos uma fita por cima dessa e aparentemente resolvemos o problema.


Como íamos pelo alcatrão estavamos a tentar voltar a um trilho. Na zona da Galé ainda tentámos apanhar outro caminho, mas era uma zona de areia demasiado fofa e alta então desistimos da ideia. Só a seguir a Melides é que conseguimos voltar a sair do alcatrão. Mais uma zona de arrozais, seguida pela parte mais complicada do dia, muita areia que tornava a deslocação extremamente complicada. Chegados a Vila Nova de Santo André era hora de almoço. O sítio escolhido para almoçar foi a Pizzaria Vera Itália, o local que escolho sempre nesta viagem para o primeiro dia, pizzas em forno de lenha, nunca desiludiu. A seguir ao almoço procurámos uma loja de bicicletas, precisávamos de camaras de ar e o Fábio tinha um prato empenado, a seguir a Vila Nova de Santo André dificilmente encontraríamos uma loja de bicicletas. Fomos ao Stand Coelho, onde fomos muito bem atendidos e simpaticamente resolveram o problema do prato empenado do Fábio de modo a retomarmos viagem o mais rapidamente possível.

Apesar de já serem 16h30m quando saímos de Vila Nova de Santo André estávamos tranquilos, já só faltavam cerca de 30 quilómetros e não tínhamos uma hora obrigatória de chegada. Apanhámos logo um pequeno trajecto em areia, mas foi curtinho e o último do dia. Até ao final do dia passámos por diversas herdades até chegar à Barragem de Morgavel. Dalí até Porto Covô foi uns instantinho. O Fábio e o Hugo estavam de parabéns, pela primeira vez tinham feito mais de 100 kms em um dia, aliás o máximo do Hugo era 40 kms. Para compensar o bom almoço, ao jantar levámos um barrete, fomos jantar ao Hortela da Ribeira, preços caros e qualidade insuficiente, bastava ir ver à internet informações sobre o restaurante que facilmente percebíamos a pouca qualidade que tinha. Hora de descansar que o dia seguinte seria o mais complicado da viagem.

quinta-feira, junho 06, 2019

Mais uma vez, dia da criança em Cascais

Tal como no ano passado acabámos por passar o dia da criança em Cascais a aproveitar todas as actividades gratuitas que estavam disponíveis para as crianças. E como no ano passado estava tudo extremamente bem organizado, e não eram umas simples actividadezinhas para distraír o pessoal. Como o Francisco já é uma ano mais velho, já consegue aproveitar muito mais coisas, e se para o ano voltar a haver, como eu espero, ainda aproveitará mais. Andou de burro, fez o seu batido pedalando numa bicicleta, fez plasticina, andou no percurso de obstáculos, foi para o palco dançar com o Panda, foi aos insufláveis, foi dentro da ambulância ligar a sirene, etc. E não fez mais coisas porque ainda não tinha idade para isso, porque ainda havia escalada, rappel, jogos tradicionais, um género de carrinhos de choque e insufláveis gigantes que até a mim me apetecia ir lá para dentro andar aos pulos. Uma manhã muito bem passada, que até poderia ter sido alongada, não fosse o extremo calor que estava.