quinta-feira, março 26, 2020

COVID-19, a quarentena

Faz hoje uma semana que tive o meu último dia de vida normal, andar de metro, almoçar com os amigos, treinar ao ar livre, simplesmente andar no meio das outras pessoas. Mas como já tinha dito anteriormente, isto é só o início. 

Por enquanto tenho arranjado algumas estratégias que me têm ajudado a passar os dias, e que tornam esta quarentena, ou melhor, este isolamento social, mais fácil de ultrapassar, e posso dizer que até agora nem está a ser um bicho de sete cabeças, simplesmente faz um comichãozinho:
  • Tenho conseguido manter uma rotina de trabalho diário que ao longo do dia é praticamente como se tivesse no escritório, falar com os colegas por vídeo chamada e como digo, ver as suas caras feias, ajuda a manter uma maior proximidade;
  • Manter os treinos de corrida, e o que isto me faz bem, saio de casa 22h-23h, e praticamente não vejo ninguém, e mesmo as pessoas que vejo, tal como eu, querem manter uma distância o maior possível;
  • Voltei a usar o suporte da bicicleta, detesto treinar confinado, e tenho treinado na bicicleta enquanto vejo uma série ou um filme para que o treino não seja monótono, acho que já disse que detesto treinar sem ser ao ar livre;
  • No fim de semana dei uma volta de carro pela Serra de Sintra e só fiz paragem quando não havia ninguém por perto;
  • Ao final da tarde tenho-me entretido com algumas coisas que já devia ter feito, mas por falta de tempo ou preguiça não estavam feitas, arrumar a arrecadação, manutenção das bicicletas, pequenas obras no quintal, cortar lenha, etc;
  • Aproveitei para fazer uma coisa que já queria fazer há muito tempo, ler com alguma regularidade e rotina;
  • Falar com a família diariamente por video chamada;
  • E depois coisas mais banais, como jogar na consola, só para dizer uns palavrões ali sozinho na sala, já que não há jogos de futebol para eu dizer esses palavrões.
Sei que provavelmente ainda falta um mês desta rotina, e depois o reatar irá ser progressivo,mas tou positivo...

quarta-feira, março 18, 2020

COVID-19, como vejo a situação

Era impossível não falar sobre o assunto, é a primeira vez que todos estamos a passar por algo idêntico, por isso vou deixara algumas notas soltas sobre a minha visão sobre este novo Mundo:
  • Portugal foi dos últimos países onde se registaram casos de infectados, devemos (ou deveríamos, não sei se ainda vamos a tempo) de tirar partido disso;
  • O número de infectados diariamente será sempre uma função exponential, agora resta saber a sua inclinação/escala e quando chegaremos a um ponto de inversão, e isso depende maioritariamente dos nossos comportamentos como sociedade;
  • O estado de emergência já devia ter sido decretado à muito na minha opinião, o primeiro caso em Portugal foi detectado dia 2 de Março, e basta olhar para o que tem acontecido noutros países para perceber o que iria acontecer no nosso país. As escolas fecharam só quase 2 semanas depois e foi só aí que as primeiras medidas foram tomadas. Mas até compreendo a inércia inicial, até mesmo com amigos meus tive grandes discussões e era dos poucos a defender isto inicialmente;
  • A Europa pela sua arrogância como um todo, julgou que era uma doença que não iria chegar com a força que chegou, que era uma doença que iria afectar mais os países menos desenvolvidos, e agora está a pagar essa factura. Aliás a factura da Europa vai ser muito superior à da China por exemplo, que foi onde o vírus foi detectado e para o qual não podiam estar preparados, a Europa pela sua população envelhecida e por não se ter preparado vai ter mais mortos que a China;
  • O Reino Unido, como de costume quis ser diferente, mais uma vez na História julgou-se melhor ou mais esperto do que os outros, quis tomar medidas exactamente contrárias aos restantes, deixa infectar que é o que é preciso, diziam eles, afinal acabaram por perceber que ser diferentes desta vez só lhes ia trazer maus resultados;
  • Em Portugal, aliás como no resto da maioria dos países (vou excluir daqui um bom exemplo, a Coreia do Sul), os números estão a ser escondidos, neste momento estamos quase com 650 casos confirmados, mas acredito que os números são no mínimo 100 vezes superiores, e isso só representaria cerca de 0,6% da população portuguesa. Os números estão a ser escondidos porque não se estão a testar todos os casos suspeitos, bem longe disso, e além disso já se sabe que há uma grande quantidade de pessoas que está afectada pelo vírus mas que são assintomáticos, por isso não é detectado mas são agentes de propagação. Acredito que a percentagem de infectados estará no final muito perto dos 60%-70% falado pela Angela Merkel;
  • Se sabemos que a percentagem de infectados vai ser enorme, o objectivo terá de ser mitigar o seu efeito, se adoecermos todos ao mesmo tempo não haverá como dar resposta a todas as necessidades, a única forma será ter comportamentos que promovam uma infecção mais tardia, para conseguirmos espaçar o número de infectados pelo tempo;
  • Sim, isto é uma crise que se vai prolongar por meses, na China levou 3 meses só para controlar a propagação, e a seguir a esta crise virá uma crise económica gravíssima, os efeitos nefastos deste vírus não ficarão circunscritos ao seu controlo;
  • Por fim uma palavra de agradecimento para os profissionais de saúde, que arriscam a sua saúde e a dos seus familiares para cuidar de quem necessita, o meu obrigado.
Onde chegaram os números? É essa a questão que se segue...

terça-feira, março 17, 2020

Visita a Castelo de Vide

Mesmo no limite do Alto Alentejo está Castelo de Vide, pode-se pensar que já é Beira Baixa, mas tem características que não enganam. Está bem longe de ser uma planície seca, aliás o seu castelo está num topo de maneira a guardar a vila dos invasores. Mas é claramente Alentejo, pelo sotaque das pessoas, pela gastronomia, pela arquitectura das casas e outros tantos pequenos detalhes. As suas ruas estreitíssimas são um desafio para passar com os carros, com as carroças devia ser fácil, mas as paredes todas roçadas provam claramente que os carros não passam facilmente. Gostei de passear pelas ruas, junto ao castelo, de ver a bela vista do alto. Infelizmente é uma vila que poderia estar melhor conservada, sei que provavelmente os recursos não são muitos, que a quantidade de residentes permanentes é reduzida, mas é uma pena pelo potencial que tem para o turismo.





segunda-feira, março 09, 2020

Formação Certified Scrum Master

Já tinha estado em algumas formações de Scrum Master, e já trabalho com metodologias ágeis há mais ou menos 6 anos, por isso achei que estava mais do que na hora de tirar o certificado. As certificações não acontecem todos os dias, e inclusivamente já tinha estado inscrito numa que foi cancelada à última da hora, por isso quando o Thiago me falou que ia acontecer esta certificação em Lisboa, pus-me logo a organizar as coisas de modo a conseguir estar na formação. 

A formação foi leccionada pelo Rafael Sabbagh da empresa Knowledge21. O Rafael já inclusivamente pertenceu ao board da Scrum Alliance, por isso é alguém que comprovadamente tem imensa experiência e conhecimento na área. A formação foi muito boa, uma coisa que me surpreendeu foi a diversidade de pessoas que integrava a turma, desde pessoas ligadas à área financeira, automóveis, marketing, até ao típico e tradicional pessoal de IT, que é o meu caso. Não posso dizer que tenha aprendido assim muito com a formação, deu para limar umas arestas, deu para discutir detalhes, mas tudo o que era nuclear já tinha ouvido em outras formações, para além de trabalhar todos os dias com scrum. Acho que a inexperiência da maior parte da turma também levou a que o Rafael não entrasse tão em detalhe em alguns assuntos e tivesse que se focar em ensinar as bases.

Quanto ao exame todas as pessoas com quem falei e já tinham feito o exame diziam que era facílimo, por isso estava meio que confiante em passar sem grandes sobressaltos. Devo dizer que sinto que fui enganado! Está bem, fui à campeão, recebi o link para fazer o exame e vamos lá embora fazer isso, sem preparar nenhum material de suporte ou ler os manuais teóricos antes. Este foi o primeiro erro, o segundo erro e mais grave, foi ter escolhido fazer o exame em português e não em inglês. O exame não é em português, é em brasileiro, cheio de erros ortográficos, frases mal construídas (parece que foram postas no google translate), e algumas palavras, por serem em brasileiro tive de ir procurar a definição ao dicionário. Tenho de admitir houve perguntas, várias, que nem conseguia perceber ou a pergunta ou as respostas...pesadelo. Respondi às 50 perguntas em 30 minutos, tinha mais 30 minutos para rever tudo. Decidi primeiro marcar as que tinha a certeza que estavam certas, eram só 33, precisava de acertar 37. Comecei a ver as que não sabia mas tinha poucas dúvidas, fui pesquisar um pouco e cheguei a 38 que tinha a certeza que estavam correctas. Um pouco mais descansado, faltavam praí 10 minutos para acabar o tempo fui rever só aquelas que tinha dúvidas, e percebia o que era perguntado e as respostas. O tempo acabou entretanto e aparece no monitor que tinha passado, alivio total, estava feito.


Além desta formação ainda aproveitei para fazer outra formação, esta sem certificação, mas porque achei que o conteúdo era muito interessante, a formação em Métricas Ágeis. Adorei esta formação, esta sim posso dizer que aprendi uma montanha de coisas novas que consigo aplicar no meu dia a dia. Como melhorar a eficiência e a eficácia, erros comuns, dados concretos para comprovar que realmente um projecto está a evoluir positivamente ou não. Não esperava tanto da formação e felizmente fui surpreendido pela positiva, é bom quando temos as expectativas moderadas e depois obtemos algo mais do que o que estamos à espera.