segunda-feira, julho 24, 2017

O Tour mais monótono que vi

Equilíbrio não é sinónimo de competitividade, este Tour foi o mais chato, aborrecido e previsível que alguma vez vi (e vejo o Tour desde a última vitória do Indurain), numa altura que as outras 2 grandes voltas têm ganho destaque nos últimos anos, foi uma má propaganda para La Grand Boucle.

Comecemos pela escolha do percurso, um percurso pouco exigente com imensas chegadas para sprinters que nada mudam a classificação final da camisola amarela. Já nem falo nas poucas chegadas em alto, porque vejo que em algumas situações se conseguem fazer algumas diferenças em descida, por isso não me choca ter várias etapas que acabam em descida. Mas falo na falta dos grandes muros como o Mont Ventoux ou o incontornável Alpe d'Huez, volta a França sem Alpe d'Huez para mim, começa logo com nota negativa. E a comprovar a falta de dificuldades deste ano o número reduzido de ciclistas que não terminaram, só 31 ciclistas não conseguiram terminar, e a maioria devido a quedas e não por terem chegado fora de controlo ou terem desistido pelas dificuldades.


Outro ponto que me fez bastante comichão foi a falta de contra relógios, apenas um prólogo e um mini contra relógio, pouco maior que um prólogo de 22,5km. Pelo menos um contra relógio de equipa ou um contra relógio maior para contra relogistas. E agora é a minha teoria da conspiração, dado que desde de 1985 que não ganha um francês não dava jeito ter pouco contra relógio que penaliza imenso os 2 franceses que à partida poderiam lutar pela camisola amarela, o Romain Bardet e o Thibaut Pinot e são péssimos contra relogistas?

Agora vamos a incidências da corrida que a tornaram mais pobre e menos interessante. Logo à 4ªetapa, o que para mim é o ciclista mais completo da actualidade, foi expulso da corrida, e diga-se que bem expulso, de uma assentada tanto o Peter Sagan que foi expulso como o Mark Cavendish devido a queda saíram da corrida. Mas a 9ª etapa foi aquela que talvez tenha contribuído mais para o desfecho do resto do Tour. Nesta etapa devido a queda, o Richie Porte é obrigado a abandonar, e se nunca achei que fosse corredor para rivalizar com Froome numa prova de 3 semanas, este ano tinha claramente elevado a fasquia e estava numa forma que era o único que achava que podia contrariar o favoritismo do Froome. Além disso o Richie Porte é um óptimo contra relogista, ou seja, o Froome não poderia ter feito a gestão de corrida que fez, pois a ideia do Froome foi sempre chegar todas as etapas com os restantes, não se preocupando em atacar para ganhar tempo, pois sabia que no último contra relógio facilmente ganharia tempo a toda a gente, com o Porte em prova teria de se preocupar em ganhar-lhe algum tempo antes do contra relógio final.

A verdade é que Froome ganhou o seu 4º Tour sem ter ganho nenhuma etapa, aliás o melhor que conseguiu foi 3º lugar em etapa, não é que seja inédito um vencedor final não ganhar uma etapa, mas é pouco comum e sintomático do calculismo e pouca coragem para atacar. Ao 2º dia de descanso e depois de já haver 2 semanas de prova a diferença entre o 1º e o 10º da classificação geral era de pouco mais de 6 minutos, houve anos em que a diferença entre o 1º e o 2º era maior, e porquê? Porque toda a gente atacava, tentava pelo menos, e alguns saíam queimados no processo, mas havia espectáculo. Em relação aos 2 restantes elementos que completaram o pódio final, Rigoberto Uran, nunca tentou ganhar o Tour, tentou sempre ser o melhor dos restantes, só queria seguir com o Froome, e o Romain Bardet parecia o único com capacidade de descartar o Froome nas subida mas faltou-lhe coragem de atacar, e só atacou no final para ganhar etapas ou quando o Froome teve problemas mecânicos, quase perdia o pódio final e teria sido merecido por não ter aproveitado as oportunidades que teve de atacar e dar espectáculo. Só uma nota fora dos que ficaram no pódio, o Nairo Quintana esteve mesmo presente neste Tour ou aquilo era um sócia dele?

Mas nem tudo foi mau, vamos a menções honrosas. Alberto Contador, arredado muito cedo da luta pela classificação geral não baixou os braços, atacou, atacou, atacou, tentou ganhar, deu espectáculo, melhor momento do Tour deste ano na etapa 13 quando desfez a corrida, levou gente importante com ele e pôs todos os que lutavam pela classificação geral em alerta. Warren Barguil, venceu a camisola de rei da montanha e fartou-se de trabalhar para isso, atacou como poucos e no final foi considerado o mais combativo da volta a França, para mim foi o Contador, mas aceito esta nomeação, já se sabe que esta classificação quando está equilibrada entre um francês e outro qualquer, cai sempre para o lado do francês. Fábio Aru, atacou na primeira semana enquanto teve pernas depois eclipsou-se. Daniel Martin, também foi dos poucos a tentar agitar as coisas, teve alguns azares, como ter ficado afectado na queda do Richie Porte e ter ficado cortado noutra etapa devido a uma queda no pelotão, não fosse isso talvez até pudesse ter ficado no pódio. E por fim, e não lhe estou a fazer nenhum favor por ser português, mas o Tiago Machado apesar do pouco reconhecimento que tem este tipo de trabalho, fartou-se de puxar pelo pelotão durante vários dias e durante imensos quilómetros, um trabalho dificílimo e duríssimo, que infelizmente para ele no final não teve nenhum retorno, pois o seu sprinter nunca esteve sequer perto de conseguir corresponder.

sexta-feira, julho 21, 2017

Triatlo de Oeiras 2017

Este é daqueles triatlos que tento não faltar, estou a jogar em casa, onde treino imensas vezes, conheço o percurso, conheço as manhas e geralmente é uma prova que me corre bem. Não sei quem teve a brilhante ideia, mas tenho de lhe tirar o chapéu, este ano mudaram a ordem das provas sendo que a prova aberta foi depois da prova principal, ou seja às 9h e pouco estava a começar a minha prova, o que significa fazer a prova toda com uma óptima temperatura e por volta das 11h já estar em casa, em vez de perder uma manhã toda como era habitual.


Depois de ter feito o aquecimento da natação e ter nadado até à primeira bóia apercebi-me do que costuma acontecer, uma fortíssima corrente quase a chegar à bóia, sabia que teria de apontar bastante mais para a esquerda e esperar que a corrente me levasse até à bóia, em vez de andar a nadar contra a corrente. As mulheres saíram primeiro e toda a gente da areia se começa a aperceber do que já sabia, então começa tudo a ir para a esquerda para começar o mais à esquerda possível. Mesmo assim a natação não foi muito confusa, ao contrário do que estava à espera, pela imensa quantidade de triatletas inscritos. Consegui fazer uma natação mais ao menos tranquila e saí bem, só demorei mais 20 segundos que no ano passado, quando estava mega treinado para o Ironman, a diferença foi que este ano a minha trajectória foi melhor e fiz menos 100 metros que o ano passado.

Durante a transição apercebi-me estavam ali 2-3 colegas de equipa que iríamos sair mais ou menos ao mesmo tempo, comecei logo a incentivar para que saíssemos todos juntos e formássemos um grupo para ser mais fácil o ciclismo. Mal começa o ciclismo vem um atleta muita grande e passa por mim, aproveito-me para colar a ele para me abrigar e começar a ganhar ritmo. Na primeira subida logo a seguir à praia de Oeiras, ele pela sua fisionomia é normal que começasse a vacilar, e é nessa altura que começam a chegar os meus colegas e mais uma data de ciclistas, formámos um óptimo grupo de 25-30 ciclistas que rodávamos sempre a rondar os 40km/h.

Nesta altura é fácil rodar no meio do grupo, apesar de ser super stressante por causa dos toques e quedas. Nestas alturas, pela minha experiência, tento sempre estar bem colocado nos 5-6 primeiros, evito passar pela frente porque sei que sou um mau ciclista, e se for para a frente o que me acontece é mais tarde ou mais cedo deixo de conseguir acompanhar o grupo, mas tento sempre ir concentrado e bem colocado para evitar especialmente quedas, mas também algum corte que se faça devido a algum esticão.

Na subida para o Alto da Boa Viagem oiço atrás de mim uma mudança a ser posta a martelo e depois uma bicicleta a ir ao chão. No meio da confusão nem consegui olhar para trás porque podia também tocar em alguém e cair, mas esperei que não fosse ninguém da minha equipa. Depois fiquei a saber por um colega meu, que ficou lá a ajudar, que quem caiu tocou no passeio depois da corrente ter saltado fora. Já depois do retorno apanhei o grupo do Clélio, o meu grupo estava a andar bem e fomos absorvendo outros elementos de grupos que estavam à nossa frente. Na descida do Alto da Boa Viagem mais uma queda, desta vez na cabeça do grupo, a minha sorte foi que como tinha descaído um bocado no grupo e estava a recuperar posições rolando do lado esquerdo da estrada, consegui evitar com alguma facilidade a bicicleta caída. Consegui acabar o segmento de ciclismo ainda não demasiado amassado, fiz só mais 1m30s que no ano passado, por isso para mim foi óptimo.

Na corrida comecei ali a correr a rondar os 4min/km, o que depois de tudo não era mau. O Clélio estava uns 10-15 metros à minha frente e ia tentar apanhá-lo. Até ao retorno fui-me aproximando gradualmente dele, mas quando começamos a descer e quando eu já conseguia cheirar o suor dele, ele parece que ganha nova vida e aumenta imenso o ritmo, eu olhava para o meu relógio e continuava ao mesmo ritmo, tinha sido ele a aumentar. Depois disto devo dizer que comecei a controlar mais o sacrifício que estava a fazer, ninguém atrás de mim se aproximava e eu também só tinha um triatleta à minha frente mais ao menos ao mesmo ritmo que eu. Mais uma vez aproveitei a minha boa ponta final para nos últimos 200 metros ganhar mais um lugarzinho. Aqui é que vi a diferença de forma para o ano anterior, em 5kms fiz mais 2m30s, e este ano não fiz propriamente um mau tempo, bem pelo contrário, o ano passado é que estava numa forma soberba. Acabei no lugar 140 entre 414 triatletas