segunda-feira, novembro 26, 2018

Estágio Taekwondo 2018

Mais um ano, mais um estágio com a fantástica equipa do Mais Taekwondo. Pelas minhas contas e se não estou em erro, já é o meu 5º estágio (2011, 2012, 2014, 2017), e mais uma vez fui super bem recebido, num grupo do qual só faço parte um fim-de-semana por ano, mas é como se treinasse com eles todo o ano.


Desta vez o destino foi perto de Tomar, um sítio que bem conheço e que gosto bastante. Talvez tenha sido o estágio fisicamente menos exigente de todos os que já participei, o que para mim foi bom, ainda estava a recuperar do meu cotovelo fracturado, para além de estar constipado e não me sentir muito bem. Este ano também não houve os típicos bungalows, ficámos numa espécie de residencial, mais conforto, mas pessoalmente prefiro aquele espírito dos bungalows. Muito obrigado a todos os que participaram e em especial ao Paulo e ao Nuno por mais uma vez me convidarem para o estágio.



P.S.: Gostei imenso dos ensinamentos sobre história

sexta-feira, novembro 16, 2018

Jornalismo de CUalidade

Hoje de manhã, quando chego ao escritório, um grande reboliço entre vários colegas sobre a reportagem de ontem da TVI sobre o IRA. Bem não conhecia a entrevista, nem conhecia o IRA, mas fui investigar. No mínimo a entrevista é manipulada, e qualquer bom jornalista não devia fazer a montagem que foi feita, porque é sensacionalista e deturpada. Agora vejam a entrevista TVI, tirem as ilações e façam um julgamento com base nessa entrevista. Depois vejam o segundo vídeo e digam o que pensam da entrevista. Ainda não consegui investigar o IRA, mas pelos vistos quem fez a entrevista também não, o que posso dizer é que há pessoas a dizer mal, mas também há muita gente a dizer bem.


segunda-feira, novembro 12, 2018

Sirenia Lisboa

De volta ao RCA Club, apesar do pequeno espaço gosto imenso do ambiente cavernoso/armazém, acho um espaço e ambiente ideal para o género de música que vamos ouvir. A primeira banda a actuar foram os Paratra, não conhecia, nunca tinha ouvido nada deles e só soube na altura quem eram. Pela sonoridade calculei logo que eram indianos, o facto de não terem baixo mas sim uma sitar, denunciava-os, e dá-lhes uma sonoridade muito única. Apesar da música ser algo básica, não foi uma má apresentação, o guitarrista "cheio de pinta", estava ali a curtir à grande e a tentar puxar pelo pouco público que lá estava. Foi bom para conhecer, mas não irá ser uma banda que irei seguir.


A segunda banda foram os Triosphere, que já os tinha ouvido há cerca de ano e meio, quando foram a primeira banda a tocar na digressão dos Sonata Artica (foram agora a segunda banda, subiram de relevância). Gostei mais deste concerto, a nível de músicas acho que estão com um melhor reportório, e essencialmente mais consistente. Além disso foi um concerto maior, com mais músicas, melhor para mostrar o que valem. Agora a voz da cantora é que me continua a irritar, no final de cada frase vai lá acima aos agudos, de forma descontrolada, em vibrato e aos gritos, não fosse essa mania as músicas funcionariam muito melhor, até eu noto que ela se está a mandar para fora de pé.


Quanto aos Sirenia devo dizer que ia com as expectativas baixas para o concerto, gosto mais das músicas mais antigas e não tanto do novo album, e como grande parte do concerto seria composto pelo novo album, não estava muito entusiasmado, mas como nunca os tinha visto ao vivo decidi ir na mesma. Ainda bem que fui porque foi um óptimo concerto, mesmo as músicas que à partida não gostaria tanto, ao vivo, funcionaram muito melhor, e a apresentação da banda em palco foi sempre muito empática e calorosa com o público. Eu já sabia que eles não estavam a tocar a música nesta tour, mas gostaria de ouvir a "Sirens of the seven seas", para mim a melhor música deles, pode ser que no futuro ainda tenha a oportunidade de a ouvir ao vivo.

Sirenia Setlist RCA Club, Lisbon, Portugal 2018, Arcane Astral Aeons

segunda-feira, novembro 05, 2018

Maratona do Porto

Há atletas que têm malapata com algumas provas, no meu caso a minha malapata é com a maratona, sempre que estou a preparar uma maratona acontece qualquer coisa para me dar cabo do resultado, ou são lesões, ou condições climatéricas adversas, ou percursos desadequados, ou simplesmente um mau dia da minha parte. Desta vez fracturei o cotovelo 5 semanas antes da prova, resultado, 2 semanas sem treinar de braço ao peito, retomo os treinos e faço 3 treinos numa semana sempre com imensas dores de costas, mais uma semana parado a tentar sequer dormir com imensas dores nas costas, e finalmente mais 2 treinos na semana antes da prova. Ou seja, em 5 semanas fiz 5 treinos, em que o somatório de tempo e distância não chegava ao que iria fazer na maratona do Porto. Quando me inscrevi na prova o meu objectivo era bater o meu record pessoal de 3h50m29s que já vinha da maratona de Lisboa de 2015, e de preferência baixar de 3h30m. Com todas estas peripécias, e apesar de alguma pressão familiar para não ir por não estar recuperado, decidi ir e simplesmente aproveitar e desfrutar da prova, sem nenhum objectivo a nível de tempo. Tenho de agradecer à Joana Pico pelas sessões de osteopatia e à Ana pelas sessões de fisioterapia, foram as únicas coisas que me aliviaram as dores nas costas, numa altura que nem dormir conseguia com tantas dores, e sem isso provavelmente não tinha ido à prova.

Numa manhã fria e chuvosa, o tempo de espera para o início da prova foi difícil de se passar, no entanto para mim era o tempo ideal para correr, temperatura fria quanto baste e uma chuva que apesar de não parar era maioritariamente aquela chuvinha dita "molha parvos" ou estando no Porto "molha tolos". Comecei a ver as bandeiras dos pace makers com 3.00, 3.15, 3.30, 3.45, 4.00, 4.30, 4.45, e julguei que aquilo era o ritmo ao quilómetro, ou seja, 3m00s/km, e caraças isto é uma corrida só para homens de barba rija. Só depois quando a corrida começou é que me apercebi que o 3.00 significava acabar a prova em 3h00m. Quando estava a menos de 5 minutos para o arranque da prova, já alinhado para partir, no meio daquele ambiente, daquela música, daquela multidão, pensei para mim - "Sinto-me bem, o que tenho a perder? Vou correr como se a preparação tivesse sido a ideal, provavelmente vou rebentar com grande estilo e mais cedo do que nunca na maratona, mas até quando me sentir confortável vou correr para o meu objectivo".


Mais ou menos por volta dos 3,5 quilómetros de prova chego à bandeira do ritmo de 3h30m de prova, estava a sentir-me bem e passo directamente, era o meu ritmo confortável por isso segui. No retorno em Leixões por volta dos 8 quilómetros reparo que estou mais ou menos entre as bandeiras de 3h15m e de 3h30m, mais do que perfeito, mas a maratona é uma prova longa e enganadora, sabia que isto eram só indicadores e que podia bater contra a parede a qualquer instante. Além disso o percurso era muito mais duro do que pensava inicialmente, pensava que era maioritariamente plano como a maratona de Lisboa, mas não, apesar de não ter subidas duras todo o percurso era muito ondulado.

Quando concluí os 16 quilómetros, e numa altura que o vento de frente me começava a incomodar, sentia que estava a perder ritmo, um grupo de mais ou menos uma dezena de corredores chegou ao pé de mim. O ritmo era mesmo o ideal 4m50s/km, decidi seguir com eles e abrigar-me do vento.Fomos trocando algumas impressões e sensações, na altura lembro-me até de dizer que me sentia bem, mas que até às 3 horas de prova era o aquecimento, dali para a frente é que começava a maratona, que normalmente até aos 32-34 quilómetros o corpo não acusa muito dali para a frente é que se tem de saber lidar com o desgaste. Aos 20 quilómetros o primeiro abastecimento sólido, quanto a mim veio um bocado tarde, e com a preocupação de conseguir agarrar alimento perdi um bocado o contacto, ainda por cima aquelas ruas da Ribeira com pedras escorregadias não me davam muita segurança, por isso tive de me acalmar e recuperar calmamente e só na subida que dava acesso à ponde D. Luís é que consegui recolocar-me novamente. Pouco depois a passagem pelo pórtico da meia maratona, onde estava sensivelmente com 1h43m, ou seja, tinha 2 minutos de margem para acabar a segunda parte da prova o que é uma margem mínima.


Quando damos a volta do lado de Gaia por volta dos 24,5 quilómetros de prova, noto novamente o vento de frente, claramente o vento soprava de Este, e apesar do ritmo naquela altura já não ser confortável para mim, já nem conseguia falar, percebi que era importantíssimo continuar dentro do grupo abrigado, até darmos a volta já do lado do Porto em direcção a Oeste, e passar a ter o vento pelas costas. Por volta dos 26 quilómetros, depois de passarmos por baixo da ponte da Arrábida o grupo começa a perder elementos, eu com algum custo lá me fui aguentando na cauda do grupo. Até que por volta dos 30 quilómetros, durante um abastecimento perdi o contacto, o coração estava demasiado acelerado, e percebi que se me esforçasse mais para apanhar o grupo novamente iria pagar muito caro. Como estava quase a inverter o sentido em direcção a Oeste não me preocupei muito, mesmo assim estive 14 quilómetros com este grupo o que se revelaria fundamental. Uma coisa que faço constantemente quando corro são contas de cabeça, faltavam-me 12 quilómetros para o final, tinha mais ou menos 3 minutos de vantagem para o ritmo que queria no final, o que dava que teria de fazer mais ou menos 5m15s/km até ao final.


Durante os 4 quilómetros seguintes achei que estava em controlo do que se passava, inclusivamente consegui ultrapassar 3 elementos do grupo onde inicialmente estava integrado. Mas tinha chegado a hora do sofrimento, estava com dificuldades em mater o ritmo, só pensava que não podia desperdiçar a oportunidade de fazer 3h30m estando já tão perto do final. Tranquilizei um bocado quando o relógio marcou 39 quilómetros e eu tinha 3h12m de prova, ou seja, para 3,2 quilómetros que me faltavam tinha de fazer um ritmo de mais ou menos 5m40s/km, totalmente controlável. Mas um sentimento de insegurança tomou-me quando o relógio marcou 40kms, mas a placa dos 40kms da organização estava ainda algo distante, seria a placa que estava mal colocada ou o relógio que estava com erro? Decidi acelerar o máximo que pudesse para não ser apanhado desprevenido. Já depois de ter entrado no último quilómetro, sou apanhado pelo pace maker com 3h30m de prova, ele a falar com outro atleta disse que faltavam 5 minutos para as 3h30m, olho para o meu relógio e a mim faltava-me praticamente 6 minutos, fiquei descansadinho da vida, nem preocupei em segui-lo, deixei-o ganhar 40-50 metros quando começámos a entrar nos insufláveis da meta, tinha 3h28m e segundo o meu relógio faltavam 200 metros para o final. Mas os insufláveis nunca mais acabavam, o último que via era branco, que era diferente dos outros assumi que era ali o final, quando lá chego tinha 3h29m50s e apercebo-me que ainda tenho de cortar à esquerda e ainda faltavam praí 100 metros,  desatei a sprintar, mas cortei a meta com 3h30m10s. Alguma frustração por não baixar oficialmente das 3h30m, mas não deixou de ser um tempo muito melhor do que alguma vez imaginei depois de toda a falta de preparação, e finalmente consegui um record já respeitável na maratona.

Agora infelizmente nem tudo foi bom, aliás atrevo-me a dizer que o que se passou a seguir a cortar a meta foi péssimo e imperdoável. Ao me deslocar para a recolha do meu saco deparo-me com filas intermináveis, onde estive mais de 30 minutos ao frio e à chuva, algo totalmente inaceitável e que devia deixar extremamente envergonhado qualquer organizador. Quando chego perto da mesa para a recolha dos sacos depara-me com um cenário onde todos os sacos estavam amontoados, tudo ao molho e fé em Deus, à chuva, e onde quem entregava os sacos pareciam baratas tontas a tentar encontrar cada saco no meio de centenas de sacos, uma falta de profissionalismo e um amadorismo a todos os níveis.

Antes de me entregarem o meu saco ainda, tive de deixar passar um senhor que por se estar a sentir mal, foi-se embora sem sequer recolher o saco dele, isto é o respeito que os organizadores tiveram para com os atletas que encheram a prova, depois de um esforço de correrem mais de 42kms. E no final a cereja no topo do bolo, recebo o meu saco, com a minha roupa que esperava estivesse seca para me trocar e estava toda ensopada porque o saco estava à chuva. Com isto tudo cheguei a um dos hotéis da organização, já eram quase 14h30m, e tinha de fazer o checkout até às 15h, escusado será dizer que mal deu para tomar banho. Para não falar na má imagem pela qual fizeram passar o nosso país, com imensos participantes estrangeiros a reclamarem, e tal como nós, a dizerem que nunca tinham passado por nada idêntico, nas diversas maratonas que já tinham feito por esse Mundo fora. Por isto tudo não voltarei a participar na maratona do Porto e desaconselho outros atletas a participarem.