segunda-feira, julho 09, 2018

Triatlo Longo de Caminha 2018

Caminha foi o primeiro triatlo longo que fiz, e na altura apesar de ter doído imenso fiquei sempre com vontade de voltar pela beleza da prova. Este ano infelizmente o segmento de bicicleta não foi na belíssima Serra D'Arga, mas por outro lado tornou o percurso muito mais fácil, mas já irei a essa parte. O pré prova não foi lá muito bom, no dia anterior fomos jantar rodízio de pizza durante o jogo de Portugal, 2 horas a comer portanto. Escusado será dizer que a meio da noite todas aquelas pizzas não me caíram bem e passei grande parte do tempo agarrado à sanita. Depois de mal ter comido o pequeno almoço lá fomos para a prova. A manhã estava mesmo convidativa, quase sempre a chover e algumas vezes com alguma intensidade, só me perguntava o que estava ali a fazer e que estava sem vontade nenhuma de competir.


Lá fomos nós até o meio do Rio Minho, onde somos largados para os quase 2000 metros do segmento de natação. Os tempos deste segmento não podem ser comparados a nenhum outro segmento de natação, o percurso é feito a favor da corrente o que torna este segmento super rápido e tranquilo. O único ponto onde temos de ter mais cuidado é a chegada ao caís, pois o Rio Coura desagua no Rio Minho o que cria corrente lateral e se não formos o mais junto à margem possível antes da união, facilmente somos arrastados e temos de nadar contra a corrente para chegar ao caís. Fiz 28m20s de tempo de natação, com disse, só mesmo a favor da corrente é possível fazer este tempo canhão.

Seguindo para o segmento de ciclismo, como já tinha dito este ano não tivemos de enfrentar a duríssima Serra D'Arga, o percurso foi muito mais fácil, apesar de não tão fácil como esperava, tem um ondulado chato. O meu objectivo era fazer média de 30km/h, ou seja completar o segmento de ciclismo abaixo das 3h. O percurso consistia em 4 voltas a um circuito e logo na primeira volta reparei que o vento soprava de sul para norte, o que criava discrepâncias grandes na velocidade em que se fazia cada parte do trajecto, por isso teria de analisar a média volta a volta. A chuva continuou a ser uma constante, mas como o percurso era pouco técnico e só de atingia alguma velocidade em pequenas descidas que tínhamos naquele percurso ondulado, os grandes perigos eram só mesmo as rotundas. Ao fim da primeira hora estava com 30,5km/h de média, e quando estava a meio do percurso, com duas voltas completas estava com 1h28m de prova, por isso estava dentro do tempo que desejava.

Na terceira volta tive de parar para a aliviar a bexiga, quase quando estava a chegar à parte mais sul do percurso, e aproveitei para respirar 1 minuto. O vento estava a ficar mais forte o que tornava o segmento que ia para sul cada vez mais difícil. Quando estava quase no fim da 3ª volta passam os primeiros por mim, aquilo pareciam locomotivas, que diferença de andamento. Aos 60kms estava com 1h58m30s, apesar de ter perdido um tempinho com a paragem, ainda estava acima de 30km/h. O problema foram os 10kms finais, depois do esforço do último troço que me levava até a ponta mais a sul do percurso, comecei a sentir que estava a perder gás, e nos últimos 10kms já não consegui manter a média. De qualquer forma o tempo final do ciclismo foi de 3h02m48s, o que me abria boas perspectivas de bater o meu record pessoal no triatlo longo, só precisava de fazer uma corrida abaixo de 1h40m, que é algo que não sendo super fácil depois da tareia que já levava, era perfeitamente alcançável.


O percurso de atletismo apesar de ser plano, tem piso irregular e muito diferente, alcatrão, passadiço, areia, empedrado, o que é uma dificuldade adicional. Comecei a um bom ritmo de 4m30s/km, mas depois de 3kms reduzi ali para 5min/km, sentia-me mais confortável, e já tinha ganho alguma margem para conseguir 1h40m de tempo final se mantivesse o ritmo. Na zona do retorno havia um segmento de empedrado, quando vejo toda a gente a sair da estrada e a correr no passeio que era mais regular, olha que boa ideia pensei eu e fui também para o passeio para não massacrar tanto os pés. Nisto há um árbitro que me manda parar, devo dizer que já ando pelos cabelos com os árbitros do triatlo, por isso o meu nível de tolerância com eles está mesmo no mínimo, assim como o respeito que tenho por eles, porque na sua maioria não o merecem. Então a conversa foi basicamente isto:

-"Não sabes que não podes ir pelo passeio, sai lá aí de cima e para aqui!" - E nisto o triatleta que ia atrás de mim salta do passeio para a estrada e passa por nós.
- "Ok está bem não sabia" - E preparava-me para seguir caminho
- "Onde vais? Já te dei autorização para seguir? Onde viste a última indicação do percurso?"
- "Foi lá atrás, havia uma seta a dizer para cortar à esquerda. Não dizia nada que tínhamos de ir fora do passeio." - E continuavam a passar outros triatletas pelo passeio.
- "Então volta lá atrás até essa seta e faz todo o percurso pela estrada." - Bem nesta altura é que perdi o último pingo de paciência, não tinha feito nada que me tivesse dado vantagem sobre os outros triatletas, todos o estavam a fazer, não tinha cortado caminho, simplesmente estava a ir por um sítio que era mais confortável ao pisar. Estava farto daquele parvalhão, prepotente, que deve de ser um recalcado que não dá ordens a ninguém na vida, e vai para ali descarregar as suas frustrações do dia a dia.
- "Deve de ser verdade! Vai tu lá atrás!" - E viro costas e começo a correr quando oiço.
- "Olha que eu tenho o teu número e vou desclassificar-te." - Nisto eu viro-me para trás e ainda respondo.
- "Faz o que quiseres...ah e já agora... desclassifica também aqueles que vêm ali atrás." - E apontei lá para o fundo, para outro grupo que vinha no passeio. Vamos lá ver, aquelas ameaças de desclassificação até podem assustar a maioria, mas eu sou um atleta do meio da tabela para trás, não luto por pódios, e neste caso até tinha 5 colegas meus à minha frente por isso nem para a classificação por equipas contaria, a minha luta é contra mim e contra o relógio, o que me interessa é o meu tempo final, não é se acabo no lugar 150 em 200 ou se sou desclassificado.

Quando estava a acabar a primeira volta passo por dois colegas meus a Diana (que foi a 3ª classificada feminina) e o Paulo. Nessa altura, a meio do percurso, estava com menos de 50 minutos de corrida, por isso o meu objectivo de bater o meu record estava intacto. No entanto nessa altura começou a doer-me mais o joelho esquerdo, algo que já me vinha a incomodar ligeiramente desde o fim do ciclismo, e quando acaba o quilómetro 13 tive de diminuir um pouco a velocidade. Quando vou a passar pelo pinhal vem o tal árbitro a andar em sentido contrário, ainda pensei eu perguntar-lhe se já me tinha desclassificado, como provocação, mas achei que lhe estaria a dar mais importância do que ele merecia. Dali até ao fim foi gerir, não queria massacrar muito o joelho para não me lesionar, mas queria acabar. Ainda fui ultrapassado por 3-4 corredores, o que não é nada habitual no final de um triatlo, mas acabei. O tempo final foi de 5h21m32s, ainda fiquei algo longe do meu record, mas talvez um dia destes o consiga bater. E ainda acabei por contar para a classificação da equipa, não fui desclassificado, e o Mário que tinha sido o primeiro da equipa foi desclassificado ainda não sabemos porquê, mas pronto deve ter sido mais uma picuinhice da arbitragem.

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