sexta-feira, novembro 14, 2025

Viagem a São Miguel

Depois do relato das partes atribuladas da viagem, vamos lá então à parte que interessa, a parte que correu bem. A única vez que tinha ido a São Miguel tinha sido há 15 anos atrás, por isso muita coisa mudou e apesar de ter memórias dos sítios quando passava por lá, a maior parte das coisas foi um redescobrir. E quando chegámos chovia torrencialmente mas tivemos sorte, acabámos por apanhar só chuva à chegada na quinta feira e depois no domingo, no dia em que viríamos embora, por isso o tempo até acabou por colaborar conosco.

Como apanhámos uma aberta nessa tarde que chegámos, e não sabíamos como iria estar o tempo o resto dos dias, fomos até ao miradouro da Lagoa das Sete Cidades. Uma vista fantástica sobre a lagoa, o lado azul e o lado verde bem distintos. Descida até à lagoa e um passeio numa das margens da lagoa azul, num sítio lindíssimo sem turistas.


De seguida por entre caminhos de vacas, literalmente pois muitas vezes tivemos de esperar que as vacas saíssem do meio da estrada para nós passarmos, fomos até Rabo de Peixe. Decidimos fazer uma caminhada pelas ruas até ao porto cá em baixo. Vimos muitos locais onde a série de Rabo de Peixe é gravada, mas acima de tudo foi um choque de realidade. Os efeitos das drogas é facilmente visível nas ruas, nas pessoas, nas famílias, não pensei que a realidade fosse tão dura e tão notória como é. Lembro-me de ter usado uma expressão enquanto falava com a Liliana - Quem nasce aqui está praticamente condenado, deve ser quase impossível sair desta realidade


Como o dia tinha sido muito cansativo fomos jantar cedo à Associação Agrícola de São Miguel, que pelo nome quase parece um tasco, mas aproxima-se mais a um restaurante estrela Michelin, comida deliciosa, quantidades generosa e preço acima da média. 

No dia seguinte fui "à caça" da fábrica das queijadas de Vila Franca do Campo, tinha de mostrar à Liliana uma das maravilhas da ilha. Seguimos dali para a Lagoa das Furnas. Como nós gostamos muito de caminhadas decidimos aproveitar o bom tempo a e bela natureza para fazermos uma caminhada à volta da Lagoa, demorou algum tempo, mas valeu muito a pena.


Furnas vistas seguir para Poça da Dona Beija. Está tudo tão "arranjadinho", tudo muito mais turístico do que quando fui há 15 anos atrás. É verdade que está mais bonito, mas perdeu o aspecto mais selvagem, o aspecto mais natural, já não é possível ir para a ribeira, só podemos estar nos tanques de água quente. A Clara estava deleitada com a água quente, temos fotos lindíssimas dela com um sorriso de orelha a orelha. Depois disso fomos passear pela parte Este da ilha, muita curva e contra curva, caminhos onde se tinha de andar devagar, no entanto também estávamos em passeio por isso nada que nos preocupasse. Parámos no Miradouro do Pico dos Bodes, uma vista deslumbrante para o mar, vale a pena o desvio. Andámos um bom bocado às voltas para descobrir como chegar ao começo do trilho do Sanguinho, e quando lá chegámos já era um bocado tarde, pelos nossos cálculos iríamos acabar o trilho já de noite, então a Liliana, e visto estarmos com a Clara, não se sentiu confortável para irmos fazer a caminhada. No entanto, um dia que volte a São Miguel será uma das minhas prioridades. Seguimos para Nordeste e fizemos todo o Norte para depois voltar a Ponta Delgada e recarregar as baterias.


Sábado, era o último dia completo que tínhamos, por isso seria mais um dia a sair cedo do hotel e visitar o máximo de coisas possíveis. Primeira paragem na Caldeira Velha, mas como não tínhamos reserva não conseguimos entrar, aproveitámos e fizemos reserva para o dia seguinte no primeiro turno, de modo a termos tempo de voltar ao hotel e fazer o checkout. Viagem curta até às plantações de chá da Gorreana onde visitámos a fábrica e fizemos uma pequena caminhada nas plantações de chá. Seguir para o Parque Terra Nostra. Para mim o sítio mais bonito em São Miguel, está bem que as águas termais não se comparam aos outros lados, parece água com lama quente, tem aspeto sujo, contudo o parque é lindíssimo, simplesmente adorei o passeio que fizemos pelo parque.


Saída do parque e ainda tínhamos tempo para tentar fazer um trilho, ao que a Liliana sugeriu irmos até à Lagoa do Congro. Chegados ao parque onde estacionávamos o carro tentei procurar na internet o trilho visto não haver indicações nenhumas. Ainda nos metemos lá por um sítio cheio de lama que quase que deixava lá os meus tênis, mas voltámos para trás pois não era transitável. Outros grupos à procura do trilho como nós, tudo meio perdido. Até que vimos um grupo a vir de um sítio onde dizia passagem interdita, esse grupo disse-nos que o trilho era por ali, que o trilho principal estava fechado em manutenção mas dava para contornar e chegar lá abaixo na mesma. Pelo meio de muita lama e pedras lá conseguimos dar com o caminho e valeu bem a pena, apesar de difícil pelas condições a caminhada é bonita e leva-nos a uma lagoa praticamente selvagem.




Estoirados de mais um dia sem parar, estava na hora de voltar ao hotel. Essa noite decidimos ir jantar fora e pedimos uma sugestão no hotel, onde nos marcaram mesa para o restaurante São Pedro, comida muito boa recomendo vivamente. No último dia, domingo foi tomar o pequeno almoço rápido e ir para a Caldeira Velha para conseguir aproveitar o pouco tempo que tínhamos. Por falar em tempo, mas noutro tempo, nessa manhã chovia a potes, quando chegámos à Caldeira foi tentar trocar de roupa rápido para mantermos as nossas roupas secas e ir para as banheiras de água quente. A experiencia de estar na água quente e a chover imenso foi muito gira, a Clara estava a achar imensa piada. Quando foi para ir embora, outra guerra para voltar a vestir sem ficarmos todos molhados, voltar rapidamente ao hotel e arrumar as coisas para sairmos. Por fim como ainda nos restava algum tempo antes de ir para o avião fomos visitar as plantações de ananases, primeiro fomos às de Santo António e depois fomos às Augusto Arruda. Foi interessante perceber a história das plantações e como é feito a plantação do ananás, e perceber os incríveis 2 anos necessários para um ananás estar pronto a ser colhido.


Mais uma viagem curta em tempo, mas muito enriquecedora e divertida. Infelizmente a Clara quando for grande não se vai lembrar das coisas, mas ela tem aproveitado muito estas viagens curtas conosco, tem visto e aproveitado muitas experiências diferentes. 




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