terça-feira, junho 26, 2012

Dia 8: Barcelos - Rubiães

E heis que chegou o dia mais temido, o dia que iríamos atravessar a serra da Labruja e que todas as pessoas diziam que era a parte mais complicada de todo o caminho de Santiago. Começámos o dia mais uma vez numa padaria/pastelaria à espera que o pão e as merendas acabassem de ser feitos para os comermos ainda quentinhos.

O dia estava bastante cinzento sempre com a ameaça constante de ir cair uma tempestade. Ao fim de 30 minutos o meu pneu estava vazio, paragem para o encher e para tirar o casaco que já tínhamos feito umas subidazinhas e estávamos a ficar com calor. Voltámos a rolar e passados 10 minutos lá estava o pneu em baixo novamente, bem paragem para trocar a câmara de ar (mais uma vez íamos ficar sem câmaras de ar suplentes) e comer qualquer coisa.

Passagem pelo albergue de Tamel São Pedro, como não estava ninguém na recepção agarrei no carimbo que estava por detrás do balcão e carimbei os certificados. De manhã devo dizer que tive a sensação de estar quase sempre a descer, achei fácil o percurso. Até que chegámos a Ponte de Lima, carimbo na pousada da juventude e no posto de turismo.


Paragem para o almoço ainda cheios de energia e moral, o dia estava a ser bem mais fácil do que pensávamos. Voltamos a pedalar e heis que aparece a chuva que tanto nos tinha ameaçado durante a manhã, e a partir daqui seria o restante dia numa chuva constante. Voltamos a vestir os casacos até aquecer novamente, o que não demorou muito, logo à saída de Ponte de Lima um trilho cheio de lama (refinado com a chuva), locomoção difícil, muitas vezes à mão.


E sem darmos por isso estamos com uma placa a indicar a Labruja a temível serra estava à nossa frente. Ao princípio ainda mandei umas bocas - "O pessoal que diz que esta é a fase mais difícil do percurso é porque começa no Porto e não atravessa aquela terrível serra a seguir a Tomar." - mas o caminho acabaria por me trair e realmente o início da subida é transponível mas quando se chega a meio...não há fotografias ou vídeos que demonstrem a dureza da subida.


Esta é uma subida que inclusivamente é dificílima de se fazer a pé por pessoas jovens, quase que sentia que estava a escalar uma montanha cheia de rochas escorregadias, com os SPDs calçados e a içar uma bicicleta com algumas dezenas de quilos. Foi a parte mais dura de todo o caminho de Santiago sem dúvida, e percebi porque os locais a chamam de Serra do Inferno.

Chegados ao topo descidas complicadíssimas, e o Pre sem travões, se eu ainda me desenrascava a descer montado o Pre devido à falha de travões nos troços mais técnicos era obrigado a descer a pé. Finalmente chegámos ao albergue de Rubiães, cansados, molhados e cheios de lama por todo o lado. Mais um carimbo aqui no albergue. Devo dizer que as condições do albergue me surpreenderam, assim como todos os albergues que já havia entrado, todos com muito bom aspecto.

Banho tomado e roupa mudada vamos ao trabalho, afinar os travões do Pre, tirar a maior parte da lama das transmissões, correntes e suspensões e voltar a lubrificar dentro do possível. Depois disso fomos até ao restaurante Bom Retiro, onde petiscamos uns pregos, aguardamos um pouco para o jantar com menu de peregrino e a ver a selecção.

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