Apesar das muitas pessoas a dormirem na camarata consegui uma boa noite de sono (abençoados tampões para os ouvidos). A chuva do dia anterior não nos tinha abandonado, e apesar de termos retardado ao máximo a nossa saída não podíamos esperar mais, ainda por cima íamos entrar em Espanha e perder 1 hora com a mudança de fuso horário, por isso saímos mesmo a chover.
Um início complicado com muitas subidas e algum empedrado e lama. Em compensação este foi dos locais mais belos que passámos e isso começava a ser o dominante, quanto mais duro o caminho mais belo ele era.
Paragem em Valença do Minho para o pequeno almoço visto que na remota Rubiães não havia nenhum sítio para tomarmos o pequeno almoço. Aproveitámos a paragem para um carimbo no local do pequeno almoço. E rapidamente estávamos a chegar à ponte internacional, até já belo Portugal e hola nuestros hermanos.
A passagem por Tuy já foi feita na companhia de imensos peregrinos a pé sempre com o típico cumprimento do peregrino de Santiago de Compostela - "Bon camino". À saída de Tuy entrámos nos bosques, passámos do chão empedrado para muita lama com a chuva que nos acompanhou intermitentemente durante todo o dia.
Antes de chegar a Porriño a parte mais feia de todo o caminho a passagem pela zona industrial. E mesmo dentro de Porriño o ambiente não é muito famoso, no ar sempre um cheiro fétido, fiquei muito mal impressionado com esta parte do caminho, pouco cuidada, tags grafitadas nas paredes, vandalismo na sinalização do caminho. A única coisa bonita que vi foi uma avenida pedestre que passámos e que tinha no chão tapetes de pétalas bastante originais, mas que devia de ser próprio de alguma festa desta época do ano.
Conseguimos um carimbo no albergue de Porriño onde parámos para almoçar. Nesta altura o Pre estava com problemas nos alforges, estavam a romper-se outra vez, o que nos safou foram os imperdibles.
Nesta altura a chuva deu algum descanso, mas o estrago estava há muito feito, lama e mais lama até chegarmos a Redondela. Em Redondela conseguimos mais um carimbo no albergue. E é então que a chuva que tinha parado voltou em grande, quando saio de dentro do albergue estava o Pre resguardado tipo cão abandonado com uma chuvada daquelas. O que se seguiu foi uma sucessão de subidas difíceis e descidas bastante íngremes, que nos estavam a deixar extremamente esgotados, de lembrar que este dia estava a ser o 2º dia mais longo de toda a viagem e iría acabar com cerca de 70km.
Quase à chegada a Pontevedra uma subida num caminho de cabras onde as pedras do chão estavam desgastadas pela erosão das águas das chuvas, quase que parecia o leito de um rio, mais uma vez arrastar a bicicleta à mão, até estava com medo de uma reedição do dia anterior.
Passámos ainda pela capela de Sta. Maria com o seu famoso carimbo self service e aí estávamos nós no albergue de Pontevedra, e o último carimbo do dia no albergue. Mais uma vez cansados e molhados até aos ossos, queríamos era um banho de água quente e descanso.
Para o jantar queríamos algo típico a paella então fomos a um bar/restaurante mesmo frente ao albergue. Curiosamente o dono era português e aconselhou-nos antes o menu peregrino. Em Espanha não tinha ideia, mas os menus normalmente são constituídos por: prato de entrada (às vezes maior que o principal), prato principal, sobremesa e bebida. Fomos para o albergue onde ainda conseguimos ver um bocado do Espanha-Itália numa sala que se assemelhava a um mini-cinema, ver os espanhóis a praguejar é tão lindo! Tempo ainda para voltar a coser os alforges do Pre e era altura para o descanso dos guerreiros.
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