sexta-feira, junho 29, 2012

Santiago de Compostela - Conclusões

Este é o meu último post da sequência de posts que descreveram a preparação e a viagem em si até Santiago de Compostela, e espero que sirvam de ajuda para as próximas pessoas que queiram fazer o Caminho Português de Santiago de Compostela.

A viagem de retorno correu às mil maravilhas, descansámos durante a viagem fazendo só paragens para comer e ir à casa de banho. Sou um fã do comboio mas a viagem de autocarro foi uma boa opção. Quanto às bicicletas também maravilha, deixámos as bicicletas no posto de autocarros 2ª feira ao início da tarde, nós chegámos a casa 3ª feira à noite e as bicicletas chegaram a casa na 4ª feira à tarde (dia de feriado).

Ordenar etapas por dureza (decrescente): 8ª, 3ª, 9ª, 10ª, 6ª, 2ª, 7ª, 1ª, 5ª e 4ª
Ordenar etapas por velocidade média (crescente): 8ª, 3ª, 6ª, 9ª, 10ª, 7ª, 5ª, 2ª, 4ª e 1ª

Número de quilómetros: 642.4km
Tempo a pedalar: 48h29m56s
Velocidade média em andamento: 13.25km/h
Ganho total de altimetria: 9191m

Zonas mais duras (decrescente):
  • Serra da Labruja
  • Tomar - Alvaiázere
  • Chegada a Pontevedra
  • Atalaia - Tomar
  • Perosinho - Vila Nova de Gaia
  • Saída de Alvaiázere
  • Chegada a Oliveira de Azemeis
  • Chegada a Santiago de Compostela
  • Chegada a Santarém
Zonas mais bonitas:
  • Ponte de Lima - Valença do Minho
  • Perosinho - Vila Nova de Gaia
  • Chegada e saída de Pontevedra
Zonas mais feias:
  • Zona industrial a seguir a Tuy
  • Estrada nacional a seguir a Coimbra 
Custo da viagem:
  • Transportes: 85€
  • Dormidas: 62€
  • Comida: +/- 100€

Agora que consegui concluir este objectivo tenho de começar a pensar numa nova meta a atingir, algumas ideias já estão na calha mas ainda nada em definitivo. Para saberem mais informações e uma visão diferente da viagem aconselho a ver o blog do Pedro, o meu braço direito nesta aventura. E acabo com uma frase que compreendi depois de fazer o caminho - "Tu não percorres o caminho, o caminho é que passa por ti."

quinta-feira, junho 28, 2012

Dia 10: Pontevedra - Santiago de Compostela

E quase sem darmos por isso estávamos no último dia da nossa aventura, faltava só chegar a Santiago de Compostela. O dia estava bem escuro e a chover bastante, aliás este foi o dia pior no que toca a chuva, passámos o dia inteiro a tomar uns valentes banhos. À saída de Pontevedra entrámos nuns trilhos por dentro da floresta que talvez seja o sítio mais bonito a nível de paisagem, contando só o lado espanhol.

Como era o último dia não estava com muitas intenções de fazer poupanças de energias, mesmo em trilhos estreitos estávamos a circular acima dos 20km/h. A uma dada altura vejo um pássaro a esvoaçar no meio do caminho e a saltitar sempre em frente às bicicletas. Era uma cria de pega, ainda não sabia voar, então agarrei nela e voltei a pô-la no sítio onde a encontrámos inicialmente, provavelmente era perto do ninho dela e tentei escolher um sítio onde ela se pudesse esconder.


Chegámos a Padrón e faltava já menos de 20 quilómetros para Compostela, agora já nem uma avaria nos podia deter de cumprir o nosso objectivo. Nesta altura começam a surgir as grandes subidas do dia e devo dizer que me estava a sentir extremamente cansado, abusei no ritmo no início e estava a pagar agora. Mesmo assim quando estávamos a 10 quilómetros do fim e já com algumas subidas a média era superior a 14km/h. 
 

A chegada a Compostela sempre a subir foi uma verdadeira tortura final para mim, mas finalmente chegámos frente à capela....YEEEEEE...missão cumprida. Passo seguinte era descobrir onde conseguir o último carimbo e obter a Compostela que é um género de um diploma que comprova que fomos em peregrinação pelo caminho de Santiago de Compostela.


Próximos passos: conseguir transporte para o dia seguinte, arranjar albergue e comer. Para o primeiro passo tínhamos a alternativa comboio e autocarro, optámos por autocarro por não ter transbordos e ser mais rápido e confortável. Na opção comboio podíamos transportar as bicicletas com algumas restrições e arriscávamos ficar presos num dos transbordos (por não nos deixarem transportar as bicicletas) e se ficássemos presos o dia seguinte era de greve dos comboios, por isso acabávamos por ter 3 dias de viagem se alguma coisa corresse mal. Por isso a opção foi autocarro onde pagámos 50€. As bicicletas por sua vez eram transportadas pela Seur e iam transportá-las até à porta de nossa casa, por este serviço pagámos 35€.

Quanto ao albergue para pernoitar acabámos por fazer uma má escolha, fomos para o Seminário Inferior como era um albergue oficial, muito bonito por fora sim mas sem condições nenhumas por dentro, parecia um curral para cavalos que nem água quente para o banho tinha, o único albergue que entrei que tinha mau aspecto. Para além disso a dormida custou 12€, por esse preço teria dormido num sítio bem melhor.

Finalmente procurar comida, estávamos cheios de fome não tínhamos almoçado e já estávamos a meio da tarde. Devo dizer que não sou esquisito em relação a comida, mas os espanhóis confecionam muito mal a comida, acabámos por ir ao Burger King e foi a melhor decisão que tomámos neste dia, não sou fã de fast food mas dentro do que havia foi a melhor solução e a que me soube melhor.

Altura de palmilhar Santiago, acabámos por fazer mais de 12km a pé de um lado para o outro, percorrer a zona histórica, comprar as lembranças, comprar comida para o dia seguinte e escolher o restaurante para o jantar. Tanta escolha do restaurante acabou por dar merda, segunda má escolha do dia, comemos mal nem terminei o que tinha no prato e não foi assim tão barato. Altura de voltar para o albergue e descansar para a chatice da viagem do dia seguinte.

quarta-feira, junho 27, 2012

Dia 9: Rubiães - Pontevedra

Apesar das muitas pessoas a dormirem na camarata consegui uma boa noite de sono (abençoados tampões para os ouvidos). A chuva do dia anterior não nos tinha abandonado, e apesar de termos retardado ao máximo a nossa saída não podíamos esperar mais, ainda por cima íamos entrar em Espanha e perder 1 hora com a mudança de fuso horário, por isso saímos mesmo a chover.

Um início complicado com muitas subidas e algum empedrado e lama. Em compensação este foi dos locais mais belos que passámos e isso começava a ser o dominante, quanto mais duro o caminho mais belo ele era.


Paragem em Valença do Minho para o pequeno almoço visto que na remota Rubiães não havia nenhum sítio para tomarmos o pequeno almoço. Aproveitámos a paragem para um carimbo no local do pequeno almoço. E rapidamente estávamos a chegar à ponte internacional, até já belo Portugal e hola nuestros hermanos.


A passagem por Tuy já foi feita na companhia de imensos peregrinos a pé sempre com o típico cumprimento do peregrino de Santiago de Compostela - "Bon camino". À saída de Tuy entrámos nos bosques, passámos do chão empedrado para muita lama com a chuva que nos acompanhou intermitentemente durante todo o dia.

Antes de chegar a Porriño a parte mais feia de todo o caminho a passagem pela zona industrial. E mesmo dentro de Porriño o ambiente não é muito famoso, no ar sempre um cheiro fétido, fiquei muito mal impressionado com esta parte do caminho, pouco cuidada, tags grafitadas nas paredes, vandalismo na sinalização do caminho. A única coisa bonita que vi foi uma avenida pedestre que passámos e que tinha no chão tapetes de pétalas bastante originais, mas que devia de ser próprio de alguma festa desta época do ano.

Conseguimos um carimbo no albergue de Porriño onde parámos para almoçar. Nesta altura o Pre estava com problemas nos alforges, estavam a romper-se outra vez, o que nos safou foram os imperdibles.

Nesta altura a chuva deu algum descanso, mas o estrago estava há muito feito, lama e mais lama até chegarmos a Redondela. Em Redondela conseguimos mais um carimbo no albergue. E é então que a chuva que tinha parado voltou em grande, quando saio de dentro do albergue estava o Pre resguardado tipo cão abandonado com uma chuvada daquelas. O que se seguiu foi uma sucessão de subidas difíceis e descidas bastante íngremes, que nos estavam a deixar extremamente esgotados, de lembrar que este dia estava a ser o 2º dia mais longo de toda a viagem e iría acabar com cerca de 70km.


Quase à chegada a Pontevedra uma subida num caminho de cabras onde as pedras do chão estavam desgastadas pela erosão das águas das chuvas, quase que parecia o leito de um rio, mais uma vez arrastar a bicicleta à mão, até estava com medo de uma reedição do dia anterior.

Passámos ainda pela capela de Sta. Maria com o seu famoso carimbo self service e aí estávamos nós no albergue de Pontevedra, e o último carimbo do dia no albergue. Mais uma vez cansados e molhados até aos ossos, queríamos era um banho de água quente e descanso.

Para o jantar queríamos algo típico a paella então fomos a um bar/restaurante mesmo frente ao albergue. Curiosamente o dono era português e aconselhou-nos antes o menu peregrino. Em Espanha não tinha ideia, mas os menus normalmente são constituídos por: prato de entrada (às vezes maior que o principal), prato principal, sobremesa e bebida. Fomos para o albergue onde ainda conseguimos ver um bocado do Espanha-Itália numa sala que se assemelhava a um mini-cinema, ver os espanhóis a praguejar é tão lindo! Tempo ainda para voltar a coser os alforges do Pre e era altura para o descanso dos guerreiros.

terça-feira, junho 26, 2012

Dia 8: Barcelos - Rubiães

E heis que chegou o dia mais temido, o dia que iríamos atravessar a serra da Labruja e que todas as pessoas diziam que era a parte mais complicada de todo o caminho de Santiago. Começámos o dia mais uma vez numa padaria/pastelaria à espera que o pão e as merendas acabassem de ser feitos para os comermos ainda quentinhos.

O dia estava bastante cinzento sempre com a ameaça constante de ir cair uma tempestade. Ao fim de 30 minutos o meu pneu estava vazio, paragem para o encher e para tirar o casaco que já tínhamos feito umas subidazinhas e estávamos a ficar com calor. Voltámos a rolar e passados 10 minutos lá estava o pneu em baixo novamente, bem paragem para trocar a câmara de ar (mais uma vez íamos ficar sem câmaras de ar suplentes) e comer qualquer coisa.

Passagem pelo albergue de Tamel São Pedro, como não estava ninguém na recepção agarrei no carimbo que estava por detrás do balcão e carimbei os certificados. De manhã devo dizer que tive a sensação de estar quase sempre a descer, achei fácil o percurso. Até que chegámos a Ponte de Lima, carimbo na pousada da juventude e no posto de turismo.


Paragem para o almoço ainda cheios de energia e moral, o dia estava a ser bem mais fácil do que pensávamos. Voltamos a pedalar e heis que aparece a chuva que tanto nos tinha ameaçado durante a manhã, e a partir daqui seria o restante dia numa chuva constante. Voltamos a vestir os casacos até aquecer novamente, o que não demorou muito, logo à saída de Ponte de Lima um trilho cheio de lama (refinado com a chuva), locomoção difícil, muitas vezes à mão.


E sem darmos por isso estamos com uma placa a indicar a Labruja a temível serra estava à nossa frente. Ao princípio ainda mandei umas bocas - "O pessoal que diz que esta é a fase mais difícil do percurso é porque começa no Porto e não atravessa aquela terrível serra a seguir a Tomar." - mas o caminho acabaria por me trair e realmente o início da subida é transponível mas quando se chega a meio...não há fotografias ou vídeos que demonstrem a dureza da subida.


Esta é uma subida que inclusivamente é dificílima de se fazer a pé por pessoas jovens, quase que sentia que estava a escalar uma montanha cheia de rochas escorregadias, com os SPDs calçados e a içar uma bicicleta com algumas dezenas de quilos. Foi a parte mais dura de todo o caminho de Santiago sem dúvida, e percebi porque os locais a chamam de Serra do Inferno.

Chegados ao topo descidas complicadíssimas, e o Pre sem travões, se eu ainda me desenrascava a descer montado o Pre devido à falha de travões nos troços mais técnicos era obrigado a descer a pé. Finalmente chegámos ao albergue de Rubiães, cansados, molhados e cheios de lama por todo o lado. Mais um carimbo aqui no albergue. Devo dizer que as condições do albergue me surpreenderam, assim como todos os albergues que já havia entrado, todos com muito bom aspecto.

Banho tomado e roupa mudada vamos ao trabalho, afinar os travões do Pre, tirar a maior parte da lama das transmissões, correntes e suspensões e voltar a lubrificar dentro do possível. Depois disso fomos até ao restaurante Bom Retiro, onde petiscamos uns pregos, aguardamos um pouco para o jantar com menu de peregrino e a ver a selecção.

segunda-feira, junho 25, 2012

Vialonga - Castelo de Bode

Há ideias parvas...e há ideias muito parvas! Então qual foi a ideia destes idiotas, temos canoagem em Castelo de Bode sábado às 10h da manhã, e que tal irmos até Castelo de Bode de bicicleta! Das palavras aos actos quando as pessoas não são muito boas da cabeça, a tal linha que as divide é muito ténue, quase inexistente.

Acordei 6ª feira por volta das 7 horas, pus a bicicleta no carro e lá fui para o trabalho. Às 18:30 saí do trabalho, apanhei o Paulo Correia em Sete Rios e fomos ter com o João Faneca a casa dele perto de Vialonga. Como íamos passar a noite a pedalar tínhamos de ir atestar primeiro. Fomos lá a um restaurante onde o 4º elemento da viagem se juntou a nós, o Pedro Almeida, e comemos tudo o que tínhamos direito; caracóis, moelas, pica pau, presunto, queijo, broa, choco grelhados, etc.

De volta a casa últimos preparativos com as luzes e malas a levar e por volta da 1 hora da manhã puséssemo-nos à estrada. Meia hora passada e 10km percorridos e heis que a minha corrente parte, depois de 650km de Santiago de Compostela, da prova do fim-de-semana anterior a corrente tinha de partir após uns míseros 10km. O Faneca que já tem alguma experiência no assunto lá fez uma união em 2 tempos com um elo rápido e siga viagem. A minha corrente partiu provavelmente porque estava com um problema nas mudanças que elas saltavam de vez em quando sem eu fazer nada, a partir daqui tive de ter cuidado o resto da viagem, não forçando muito a corrente pois tinha medo que voltasse a partir.

Até o quilómetro 40 apanhámos imenso vento de frente, como sou bastante leve abriguei-me um pouco atrás dos meus colegas (AKA: Para-vento). Ao quilómetro 40 a  primeira paragem numa rulote de bifanas para reatestar. Quase a chegar ao quilómetro 60 o 2º percalço da noite o Faneca conseguiu furar mesmo numa viagem feita só em alcatrão.

Por volta do quilómetro 70 à saída de Almeirim, parámos para assar um chouricinho e retemperar forças. Quando arrancámos novamente por volta das 5:30 da manhã estava um frio terrível, foi a única altura que senti mesmo frio, o meu termómetro marcava perto dos 10ºC. Já de dia por volta das 8h começa-me a dar um sono brutal, já estava acordado à mais de 24 horas, tive de pedir para parar num café para beber um café e comer um pastel de nata. Toca a andar que se faz tarde, faltavam fazer 30km em menos de 2 horas, para chegarmos a horas.

Devo dizer que me senti extremamente bem, em tom de brincadeira ainda lancei para o ar - "Então e se a seguir à canoagem voltássemos a pedalar para Lisboa?" - Claro que fui fulminado só com o olhar, o Paulo Correia e o Pedro Almeida nesta altura já estavam um pouco em perda. À chegada a Constância encontrámos um ciclista super simpático com uma bicicleta de estrada que se ofereceu para nos indicar o caminho até Castelo de Bode. Ainda nos acompanhou quase durante meia hora e mais importante, na pior subida do dia que em 3km subimos em altitude 130 metros.

Finalmente chegámos a Castelo de Bode eram para aí 10h05m. Meia missão cumprida...agora só faltava pagaiar até o Castelo de Almourol (cerca de 15km em que eu estive numa canoa singular por isso não me podia encostar e esperar que alguém remasse por mim), matámos as pernas agora era a vez dos braços e ombros...e nunca mais era de noite para voltar a dormir!


sexta-feira, junho 22, 2012

Dia 7: Porto - Barcelos

Este foi dos dias que saímos mais tarde pois tivemos de esperar que o nosso anfitrião acordasse, acabámos por tomar um pequeno almoço rápido e mesmo assim saímos já eram quase 10h. Os primeiros quilómetros foram algo complicados até sairmos do Porto pois quase todo o caminho está em cima de estradas com sentidos proibidos, e se para quem faz o caminho a pé não há problema para quem o faz de bicicleta é uma complicação extra, na estrada estreita carros, no passeio estreito pessoas.


Depois desta parte mais chata começámos a apanhar empedrados para ser assim quase todo o dia, à excepção de alguns trilhos curtos em terra batida e com um pouco de lama em pouca zonas. Neste dia tivemos algumas dificuldades em conseguir carimbos especialmente na primeira parte do dia, parecia que toda a gente tinha feito ponte com o feriado do dia anterior e estava tudo fechado. O primeiro carimbo que conseguimos foi já num centro de saúde perto da Póvoa do Varzim.

Neste dia senti-me um pouco desgastado talvez pelo esforço do dia anterior, o percurso pareceu-me fácil apesar da altimetria no final dizer que não foi assim tão fácil, mas senti-me com falta de força e fui a gerir o esforço todo o dia sendo que o Pedro neste dia passou mais tempo à minha frente a puxar e eu mais a seguir no ritmo dele.


Em São Pedro de Rates passámos pelo primeiro albergue da viagem e conseguimos mais um carimbo. Aqui em São Pedro de Rates tivemos azar e passámos à hora de almoço, todos os sítios onde podíamos passar para carimbar, Museu, Igreja e Santa Casa da Misericórdia estavam fechados.

Este dia foi um bocado chato no que toca ao almoço, não passámos por nenhum sítio onde conseguíssemos comprar algo para almoçar e por isso a nossa "refeição" acabou por ser barras de cereais e geles energéticos.

Depois de tantas dificuldades dificuldades a arranjar carimbos no início do dia, conseguimos mais 2 mesmo no final do dia, na junta de freguesia do Carvalhal quase a chegar a Barcelos e já no posto de turismo de Barcelos.

 
Eu não sabia, apesar de calcular, mas este seria o último dia mais descansado que tivemos, a partir daqui iriam ser todos os dias extremamente duros. Chegados a Barcelos ainda estivemos à espera da nossa anfitriã para o que seria o último dia de coutchsurfing, aproveitámos para passear pelo centro histórico que é bastante interessante e acabámos por nos sentar na praça central a ver o europeu num ecrã gigante que tinham montado para transmitir os jogos.

quinta-feira, junho 21, 2012

Dia 6: Oliveira de Azeméis - Porto

Este dia acabou por ser extremamente curto, com a vergonhosa distância de apenas 45 quilómetros (não sei onde ficaram os mais 10km que inicialmente estavam previstos). Mas comecemos pelo início, o dia começou com um pequeno almoço espetacular, por baixo da casa da Bruna há uma padaria/pastelaria, onde fui comprar pão e merendas acabadinhos de fazer ainda quentinhos.

Apesar de curto este dia viria-se a revelar o segundo dia mais duro até então logo a seguir ao 3º dia de viagem. Logo ao quilómetro 5 o Pre teve o seu furo da praxe, o curioso foi que conforme parámos desatou a chover uma daquelas chuvas tropicais que continuou durante toda a mudança da câmara de ar e parou exactamente na altura que voltámos a pedalar.

Muito sobe e desce até que chegámos a S. João da Madeira. Já tinha essa noção, mas confirmei que as pessoas de S. João da Madeira são extremamente devotas, era feriado e todas as igrejas da cidade estavam cheias até à porta o que fez com que fosse impossível conseguir qualquer carimbo. A saída de S. João da Madeira é dos locais mais mal assinalados da viagem, ou então seguimos o GPS e alguma seta escapou-nos e saímos do caminho durante uma pequena parte do percurso. Ainda passámos por Grijó que infelizmente com a confusão teve de ser uma passagem rápida para fugirmos à confusão do transito.


De seguida chegámos ao Perosinho onde demos com uma das partes mais belas de todo o percurso, uma antiga via romana, rodeada por muros, inserida num parque natural onde predominavam os fetos. Mas como tudo o que é bom existe sempre um senão e esse era a dureza do percurso, grandes subidas feitas naquelas lages grandes e escorregadias.


E de repente já estávamos em Gaia, muito mais cedo do que prevíamos, ainda tentámos ir à Câmara Municipal para carimbar as credenciais, mas como era feriado estávamos com pouca sorte. Passagem pela bela ponte D. Luís e chegada à emblemática Sé do Porto de onde partem a maioria dos peregrinos que faz o caminho português. Aqui conseguimos os 2 carimbos do dia, o da e o da Câmara do Porto que é um dos mais bonitos. Passámos então pela torre dos Clérigos e fomos ter com o nosso anfitrião deste dia, mais uma fez iríamos fazer coutchsurfing. Enquanto esperámos por ele saímos a pé e fomos passear pela zona ribeirinha, tirar umas fotos e comprar umas recordações.


Como estávamos no Porto o nosso jantar não podia ser outro que não uma francezinha, fomos jantar a um dos locais onde se diz que se comem das melhores francezinhas ao Capa Negra II. Por fim demos uma volta de carro pelas margens do Douro e fomos para casa descansar para nos prepararmos para o esforço do dia seguinte.

quarta-feira, junho 20, 2012

BTT Quinta do Pinhão - Resultados

Para dizer a verdade não estava muito motivado para fazer este BTT, depois da mega jornada até Santiago de Compostela, isto não me estava a desafiar. Cheguei ao recinto da prova a horas, mas como tinha os dorsais de todos os meus amigos, tinha de esperar por eles. Nisto é dada a partida, bem tenho de deixar os dorsais em algum lado...lá os deixei no secretariado e arranquei já com 2-3 minutos de atraso de toda a gente.

Passado umas centenas de metros começo a apanhar os primeiros já apeados na areia, que era imensa durante todo o percurso. Passo o Nuno e começo a entrar no meu ritmo quando a corrente me salta fora. Mais uns segundos perdidos, o Nuno volta a passar-me e lá arranco eu quase em último outra vez.


O percurso era simples a nível de altimetria mas tinha imensa areia o que complicava imenso as coisas, felizmente já tenho alguma experiência em andar em pisos arenosos. Ao fim de 10km estou sozinho, um dos problemas desta prova é que tinha pouca gente então houve fases que não via ninguém atrás e ninguém a frente. Nesta altura reparei que graças à viagem a Santiago estava numa excelente forma e o facto foi que mantive um ritmo constante e elevado para mim durante toda a prova.

No final da primeira volta (16-17km) creio que já tinha ultrapassado mais de metade dos ciclistas e tive a sorte de apanhar um duo que estava a rolar a 25-30km/h e apanhei a boleia deles. Passámos imensa gente até que um deles quebrou e o amigo dele começou a acelerar, ainda tentei manter-me colado a ele mas ele realmente ia muito rápido e ganharia esta prova se quisesse ter feito todo o percurso aquela velocidade.


Ainda passei pelo Miguel e pelo Horta que estavam na 1ª volta ao circuito antes de entrar numa zona que era mato denso e que impossibilitava as ultrapassagens. No final ainda acabei em 13º da geral e 8º do meu escalão e poderia ter ganho mais 3 lugarzinhos se não tivesse partido atrasado, mas isso é o menos importante, diverti-me e pus à prova a minha forma depois da viagem de Santiago de Compostela. A tabela de resultados finais pode ser vista aqui.


terça-feira, junho 19, 2012

Dia 5: Curia - Oliveira de Azeméis

O dia começou fresco e pela primeira vez tivemos a aparição da nossa amiga chuva, apesar de durar muito pouco tempo. No dia anterior tínhamos andado a passear pelo jardim central e como gostámos tanto, começámos a nossa viagem por uma passagem pelo parque para tirar mais umas fotos e fazer mais uns vídeos.

Ao fim de 10km já o calor apertava pois a chuva foi de pouca dura, altura de tirar os casacos. Os quilómetros seguintes foram basicamente uma passagem por aldeolas e estradas muito pouco movimentadas. Até que chegámos a uma ponte que estava bloqueada com tijolos, o que pensámos - "Ah isto é para os carros não passarem." - passamos as bicicletas por cima do muro e espanto nosso quando estamos a meio da ponte reparamos que ela tinha colapsado!


 Lá fomos dar a volta para passarmos por cima da ponte principal, onde encontrei um peregrino belga que no meu mau francês lá percebi que ele estava a fazer o caminho no sentido inverso e nos deu indicações para retomar o caminho a seguir à ponte caída.

Este poderia ser apelidado de "dia dos carris", frequentemente tínhamos de passar passagens de nível e andar praticamente em cima de carris em linhas de comboio desactivas. 


Em Albergaria-A-Velha conseguimos o primeiro carimbo do dia na Santa Casa da Misericórdia. Aqui foi engraçado porque uma das senhoras virou-se para mim e disse algo como - "É pá mas vocês estão totalmente fora do caminho, não?" - A verdade é lhe pedi para olhar pela janela e reparar numa seta amarela que estava do lado de fora que indicava o caminho, ela nem sabia do significado da seta.

Parámos entretanto para um pic-nic num eucaliptal à saída de Albergaria-A-Velha, enquanto nós almoçávamos as melgas também estavam a ter um manjar com o nosso sangue, por isso deve ter sido o almoço mais rápido que tivemos.

No Pinheiro da Bemposta parámos na igreja para tentar mais um carimbo, quando pelo 2º dia seguinte dou com um velório, mas que raio de sorte...Acabámos por conseguir o carimbo no centro paroquial que era do outro lado da rua.

A chegada a Oliveira de Azeméis lembrou-me a chegada a Santarém uma subida que nunca mais acabava e com uma inclinação nada simpática para um final de dia. Passagem pela Câmara Municipal e mais um carimbo. Neste dia íamos fazer coutchsurfing, mas como a Bruna que era a nossa anfitriã ainda estava a trabalhar aconselhou-nos a visitar o jardim La Salette e em boa hora o fez pois foi dos sítios mais bonitos que visitámos durante a nossa viagem. Uma coisa que realmente me fez chatear comigo próprio e reconheci isso durante esta viagem, é haverem tantos sítios incríveis no nosso país e apesar de ter visitado já grande parte do país, não o visitei na verdadeira ascensão da palavra.


Depois de nos encontrarmos com a Bruna decidimos que íamos jantar fora, para não termos o trabalho de cozinhar em casa e limpar as coisas e assim teríamos mais tempo para estarmos descontraídos. Fomos jantar uma pizzas feitas a lenha no restaurante Feitoria dos Sentidos, um lugar extremamente agradável. Voltamos a casa e o Pre como estava bastante cansado foi-se logo deitar, eu ainda fiquei na conversa durante mais um bocado. Fiquei surpreendido com a Bruna pois ela conhecia mais coisas do nosso país (ela é brasileira), que a maior parte das pessoas e até sabia imensa coisa sobre o caminho de Santiago.

segunda-feira, junho 18, 2012

Dia 4: Rabaçal - Curia

Depois de um dia anterior duríssimo só desejava que este dia fosse simples, e por sorte na minha opinião foi o dia mais soft de toda a viagem a Santiago. Comecei o dia com algumas dores nas pernas ainda não bem recuperado do esforço do dia anterior, foi a primeira vez que tive esta sensação em todas as voltas de bicicleta que dei com mais de 1 dia. Felizmente os primeiros 6-8km foram planos num single track muito estreito onde circulávamos a baixa velocidade, o que deu para habituar as pernas ao esforço, e as subidas que foram aparecendo tinham pouca inclinação ou eram bastante curtas.


Mais uma vez neste dia fartamos de ignorar o track do GPS, seguindo as setas amarelas o mais possível pois o caminho continuava extremamente bem assinalado. Chegámos a Coimbra bastante cedo por volta das 10h30m. Aqui aconteceu-me pela primeira vez na viagem uma situação insólita, entrei numa igreja a ver se carimbava os certificados e estava a haver um velório...sair de mansinho a ver se ninguém dava por mim. Passámos então pela Confraria Rainha Isabel onde conseguimos o primeiro carimbo do dia. Chegada então aos jardins de Coimbra...boas novas (private para o Pedro).


O caminho de saída de Coimbra e durante alguns quilómetros é do menos interessante que apanhámos durante toda a viagem, quase sempre na estrada nacional e sem nada de interessante para ver. A chegada deveria ser à Mealhada, mas como não arranjámos dormida na Mealhada fizemos um pequeno desvio do caminho e fomos dormir a Curia, e em boa hora o fizemos porque o seu parque central merece ser visitado.

À chegada a Curia perguntámos onde era a pensão Lourenço, um miúdo de bicicleta ofereceu-se para nos ir lá levar. Passado uma grande subida e algum tempo a pedalar vimos a placa a indicar o nome da povoação seguinte. Interpelei o miúdo a perguntar se ainda faltava muito, ao qual ele respondeu que já estávamos perto de São Lourenço (São Lourenço é uma povoação perto de Curia). São Lourenço...nós queremos é a pensão Lourenço, bem lá voltámos para trás e até encontrámos a pensão com alguma facilidade.


Depois de um banho rejuvenescedor fomos passear para o jardim e apesar da água não estar muito limpa o restante jardim é lindíssimo. Como estávamos na zona da Mealhada o nosso jantar não poderia ser outro que não leitão. Simpaticamente a senhora da pensão ofereceu-nos boleia até um restaurante que ela recomendava, visto que ela se tinha de deslocar naquela direcção. Depois de um belo jantar estávamos prontos a caminhar de volta para a pensão (sensivelmente 2km) quando por sorte a senhora retornava à pensão e mais uma vez tivemos boleia de volta.

sexta-feira, junho 15, 2012

Dia 3: Tomar - Rabaçal

Antes do dia começar não tinha a noção que este seria dos dias mais duros que iríamos enfrentar em toda a viagem. O dia começou logo com imensas subidas e imensos caminhos estreitos no meio do mato o que dificultava a locomoção, que muitas vezes tinha de ser feita pela mão.

Este ainda por cima foi o dia mais quente de toda a nossa viagem, chegando a atingir os 40ºC. Outra coisa que costumo ser cuidadoso é com a hidratação e alimentação, mas neste dia talvez devido ao calor não estava com muita vontade de comer e senti que no final da manhã paguei a falta de alimentação pois estava a sentir-me "vazio" de forças e quando recorri às barras de cereais já era tarde e só depois do almoço senti as forças a voltar.

À chegada a Alvaiázere passámos pela junta de freguesia para o primeiro carimbo do dia e de seguida procuramos um sítio onde pudéssemos comprar comida e esconder-nos do sol e calor intenso. Esta parte do trajecto foi para mim a 2ª parte mais complicada de todo o caminho até Santiago, mas as dificuldades não tinham acabado por aqui. A seguir ao almoço foi quase 1 hora sempre a subir, a sorte é que era em alcatrão, mas mesmo assim eram rampas bastante difíceis. Neste dia começámos a sentir alguma confiança na sinalização do caminho (as setas amarelas) e ignorámos frequentemente o trilho que tínhamos no GPS para seguir o caminho o mais fielmente possível, o que nem sempre nos levava a caminho mais fáceis, mas creio que eram mais directos.

A seguir a esta subida o resto do percurso tornou-se bastante mais fácil onde existiam mais descidas que subidas. Em Ansião conseguimos mais 2 carimbos na biblioteca e na câmara municipal, o da câmara municipal é um dos mais bonitos de toda a viagem. 

Como no dia anterior tínhamos ficado sem câmaras de ar suplentes neste dia andávamos com medo que algum furo deitasse por terra a nossa viagem, ainda por cima andávamos em terreno propício a furos. Lá conseguimos descobrir um sítio em Alvorge onde fomos "roubados" em 8€ por 2 câmaras de ar (normalmente 2 câmaras de ar custam 3€), mas não queríamos pôr a viagem em risco.

Finalmente chegámos ao Rabaçal, onde estava à espera de encontrar uma pousada que parecia simpática pela internet, mas à chegada estavam já outros peregrinos à porta à espera que aparecesse alguém para lhes abrir a pousada...mas que raios!!! Passados 30 minutos lá apareceu uma senhora que nos abriu a porta e perguntei como era o pequeno almoço do dia seguinte, porque tinha feito a reserva com pequeno almoço. Pequeno almoço...qual pequeno almoço, só faziam pequeno almoço para grupos grandes...mais uma vez mas que raios, não querem que eu gaste o meu dinheiro aqui!

Deixámos as coisas no quarto que era enorme e com uma condições impecáveis e perguntámos onde podíamos jantar. A resposta foi que só um restaurante servia jantares, e que por acaso aquele era o dia de folga...mas que raios! Lá fui a um mini-mini-mercado à frente da pousada tentar comprar alguma coisa para o jantar, e depois ainda tive de ir ao café que ainda estava aberto para comprar pão, queijo e fiambre...e gaba-se a terra de ser a terra do queijo...nem sítio para o comprar. Depois de um dia mega duro só mesmo isto para me deixar com um sorriso nos lábios.

Enquanto fui às compras o Pedro reparou que nas traseiras da pousada estava uma laranjeira, mas que as laranjas estavam todas altas e que à falta de melhor comida as laranjas eram uma excelente alternativa. Então quando cheguei ainda me armei em macaco e subi à laranjeira para um pequeno "roubo", se não as apanhasse também acabariam podres no chão.

quinta-feira, junho 14, 2012

Dia 2: Santarém - Tomar

Como tinha constatado no final do dia anterior que estava com um furo lento a primeira coisa que fiz foi mudar a câmara de ar por uma suplente que tinha levado. Como ainda não tinha comido nada fui ao café por debaixo da pensão e aí passou-se uma daquelas cenas à saloon do velho oeste, tudo a beber cerveja, vinho e afins logo pela manhã e chego eu e peço um copo de leite. A mulher um bocado incrédula ainda perguntou - "Leite?!?! Mas só um copo de leite simples?".

Iniciamos então o nosso 2º dia de viagem cheios de moral e boa disposição. Mas passados 10 minutos estava novamente com o pneu em baixo então apercebi-me que tinha levado uma câmara de ar que tinha para reparar ao invés de uma nova. Diz o Pedro com o peito inchado - "Não te preocupes que eu trouxe 3 suplentes". Começo a por uma das câmaras de ar dele e aquilo não entra na jante da roda...aquele banana tinha comprado 2 câmaras de ar 24' em vez de 26'.  Pus então a única câmara de ar de 26', o que significava que de 4 câmaras de ar suplentes que tínhamos no início da viagem agora eram 0.

A viagem seguiu então sem mais demoras por entre campos de milho, até que chegámos à Azinhaga, terra de Saramago. Aqui conseguimos um carimbo na igreja local e diga-se que apanhámos a única pessoa antipática de toda a viagem, uma senhora que não estava com muita vontade de nos carimbar as credenciais e como nessa altura ainda tínhamos poucos carimbos aturámos a mau fígado da senhora. Sabendo o que sei agora teria ignorado a senhora e desejado um bom dia e até nunca mais.


Entretanto passámos pela bela vila da Golegã onde se respirava por todo lado clima equestre e saímos então em direcção ao Entroncamento para uma paragem um pouco mais prolongada para o que seria o nosso almoço e na altura devo dizer que achei que não necessitávamos daquela paragem pois mais 20km e estaríamos em Tomar o nosso destino final do dia.

À saída da Atalaia saímos da estrada e entrámos num eucaliptal, um cheiro fabuloso mas mal sabia o que me aguardava. Pela primeira vez na viagem fomos obrigados a apear e a subir uma colina à mão e mesmo assim era extremamente difícil e penoso com o calor que estava.


Esta parte do dia foi muito dura digna de uma manhã de BTT e não estava nada nos meus planos. Mas ao mesmo tempo aconteceu uma coisa que me confirmou que tinha o parceiro certo de viagem, no fim de uma subida dura virei-me para o Pedro e disse-lhe - "Tive mesmo para parar, senão fosses tu a fazer pressão mesmo atrás de mim tinha parado." - E ele responde - "Senão tivesses tu a puxar eu teria parado.".

À chegada a Tomar fomos até à igreja S. João Baptista para mais um carimbo. Como estávamos em Tomar claro que teríamos de ir ao Convento de Cristo. Aí o sr. da recepção foi impecável, o carimbo só existia na saída do convento, então ele passou-nos um bilhete a custo 0 como se fossemos jornalistas, o que nos possibilitou visitar o convento à borla e ainda conseguir o carimbo no final.

Este foi o primeiro de quatro dia que fizemos couchsurfing e devo dizer que o nosso anfitrião foi um espetáculo.  O João é dono da loja de aluguer de bicicletas NaBike e aconselho a quem for a Tomar e quiser passear de bicicleta que se dirija a ele pois é uma pessoa 5 estrelas. O dia acabou com o João a partilhar connosco e com outros amigos dele algumas das suas histórias das suas viagens, algo enriquecedor conhecer alguma das suas experiências de vida.


quarta-feira, junho 13, 2012

Dia 1: Lisboa - Santarém

O dia começou cedo para mim, apanhei o comboio de Cascais para Lisboa onde tinha combinado encontrar-me no Terreiro do Paço com o Pedro. Por volta das 8h30m saímos do Terreiro do Paço iniciando a nossa aventura até Santiago de Compostela.

Partimos em direcção à Sé de Lisboa, passámos pela confusão da feira da ladra e entre ruas e vielas num pequeno sobe e desce na cidade das 7 colinas lá fomos dar ao Parque das Nações.


No parque das nações fomos interpelados pela primeira vez na viagem por um grupo de ciclistas que curiosamente também ia para Santarém e nos perguntou se estávamos a fazer o caminho para Santiago, eles próprios já tinham feito o caminho. As malas na bicicleta e as conchas de vieira com a cruz vermelha assim nos denunciava.

De seguida apanhámos o single track do Trancão que já tínhamos feito diversas vezes mas que está cada vez em condições piores para conseguir circular com alguma fluidez. Em Alverca tivemos pela primeira vez de por as bicicletas às costas, e que pesadas que estavam, para atravessar a linha do comboio pela ponte superior. De Alhandra a Vila Franca de Xira passámos pelo belo passeio ribeirinho que também já conhecíamos de outras viagens e que é bastante mais agradável que ir na estrada nacional.


A seguir a passarmos a linha de comboio da Azambuja parámos para almoçar num pequeno parque de pic-nic e aproveitei para encher o meu pneu de trás que estava bastante em baixo, nessa altura já desconfiava que provavelmente estaria com um furo lento. Logo a seguir a arrancarmos começou a cair uns chuviscos o que soube mesmo bem visto que estava imenso calor.

Rumámos por entre campos de cultivo numa paisagem bastante bonita até chegarmos junto ao rio Tejo. Esta zona não conhecia de todo mas gostei bastante, pequenas aldeia, protegidas por diques artificiais das cheias do rio, barcos enormes que pensei que não subissem tanto o rio e alguns cavalos de trabalho rural e recreação o que era indicativo da cultura desta zona do país.


Por esta altura já tínhamos feito mais de 70km, este dia seria o mais longo da viagem apesar de ser quase sempre a direito, contudo o rabo já se queixava de tanto tempo em cima do selim. Entrámos num estradão de terra batida que nos iria levar à cidade de Santarém, parecia que nunca mais terminava, Santarém à vista num monte à nossa frente durante imenso tempo e apesar de estarmos a pedalar bem parecia que nunca mais nos aproximávamos.

À chegada a Santarém e depois de quase 90km tínhamos a dificuldade do dia, a subida do vale até à cidade de Santarém, a subida não é assim tão difícil mas depois de tantos quilómetros não foi nada agradável. Em Santarém parámos na Igreja dos Milagres que fica escondida lá no meio das ruelas para carimbar o certificado de Compostela.
Graças à minha irmã já tínhamos uma reserva para a pensão Inácio junto à estação de comboio e onde conseguimos mais um carimbo no certificado. Aqui constatei que estava mesmo com um furo lento pois o pneu estava novamente em baixo e outro contratempo era a mala do alforge que se estava a descoser e que ainda nessa noite teria de a coser senão ia acabar com as malas na mão.

Para acabar o dia subimos até Santarém já a pé e fomos comer um rodizio de pizzas e ver a selecção nacional. De barriguinha cheia voltámos à pensão para o descanso merecido e preparar a etapa do dia seguinte.