Um dos momentos mais críticos no que toca a cuidar de um bonsai é o transplante.
Porquê fazer o transplante?
Porque temos uma pequena árvore, que apesar de pequena tem grandes necessidades nutricionais como qualquer árvore, e ao contrário de uma árvore na natureza, tem uma área confinada para as raízes do tamanho do seu vaso. É necessário renovar o solo, assim como limpar as raízes menos interessantes para o crescimento da árvore.
Quando e de quanto em quanto tempo deve ser feito o transplante?
Para uma árvore saudável o transplante no mínimo deverá ter um intervalo de 2 anos, podendo mesmo chegar a 5 se for uma árvore mais adulta num vaso maior. A regra normalmente que sigo é ao final dos 2 anos se as raízes não estiverem estranguladas no vaso e se o solo se apresentar ainda com boas características de drenagem então deixo estar e espero mais um ano. A altura do ano é esta em que estamos, final do inverno, início da primavera. Mas para ser mais exacto devemos ir observando a árvore se estamos a pensar em transplantá-la, e quando o processo de brotação começar a dar o mínimo sinal de estar a começar então essa é a altura ideal, em árvores de folha caduca isto é ainda mais visível. É importante ser nesta altura para se aproveitar ainda algum adormecimento da árvore, porque quando a árvore é transplantada fica mais frágil e depois de já estar com a folhagem completa já teve um grande desgaste, logo não a podemos sujeitar a ter um novo desgaste para se recompor do transplante. A minha sugestão, que vale o que vale, quando o transplante não é feito na altura certa é preferível aguardar mais um ano para o transplante.
Que vaso e que terra/solo devo utilizar?
A maior parte das pessoas quando pensa em transplantar um bonsai pensa num vaso maior, e normalmente esta é uma ideia errada, a maior parte das vezes não se troca o vaso. De uma forma grosseira, a altura do vaso deve ser da altura da base do tronco, mas claro que existem casos que não respeitam esta regra especialmente devido a alguns estilos, nomeadamente o estilo cascata. Quanto ao solo depende do tipo de árvore e das suas necessidades de água, se estiver a falar por exemplo de uma Taxodium (sobre a qual já escrevi anteriormente) o terreno tem de ser menos poroso se estivermos a falar de uma Serissa (que vou utilizar neste post mais à frente para demonstrar o transplante) claramente tem de ser um terreno mais poroso. Em caso de dúvida utilizar um terreno mais poroso, a desvantagem é ter de regar mais vezes se estivermos errados, se utilizarmos um solo menos poroso numa árvore que não goste tanto de água corremos o risco de apodrecer as raízes.
Fazer o transplante
A estrela deste transplante será a minha Serissa, curiosamente nunca falei aqui sobre ela e é a árvore que está à mais tempo comigo sendo este já o 2º transplante que lhe faço.
O primeiro passo é retirar o bonsai do vaso como se retira uma qualquer flor do vaso. Se estiver muito preso costumo passar uma faca junto o bordo do vaso para desprender a terra do vaso.
De seguida é a parte tecnicamente mais complicada, depois das raízes estarem limpas da terra deve-se remover entre 1/4 a 1/3 das raízes. Como escolher as raízes? Como se vê na imagem anterior as raízes onde a água estão a bater são claras, estas raízes estão saudáveis, em primeiro lugar devemos procurar raízes escuras e quebradiças o que significa que estão em apodrecimento e não estão lá a fazer nada. Contudo num bonsai saudável não é natural ter raízes apodrecidas por isso a ideia é retirar parte das raízes saudáveis.
Existem 2 tipos de raízes, as de absorção que servem para retirar os nutrientes e água do solo, são as raízes finas com um género de micro vilosidades, e as raízes de sustentação, mais grossas e que servem para agarrar a árvore ao solo. Neste caso vamos querer remover as raízes de sustentação, além de não contribuírem para o crescimento do bonsai são as que ocupam mais espaço dentro do vaso. Mas atenção à regra de 1/3, numa árvore que já tratemos há algum tempo ou que o antigo dono tenha tido cuidado nos transplantes prévios, não é normal encontrar muitas raízes de sustentação pois elas vão sendo removidas ao longo dos transplantes anteriores. Contudo bonsais importados é normal retirarmos a terra e depararmos-nos com 3-4 raízes de sustentação, nestes casos aconselho a remover 1-2 raízes no máximo para não debilitar muito o bonsai, e deixar as restantes para remover num futuro transplante.
Coloca-se agora um quadrados de rede de escoamento em cada buraco do vaso e fazem-se passar duas pontas do arame por cada buraco, ficando a parte do arame que está entrelaçado entre os dois buracos, na parte de baixo do vaso.
A partir de agora não há grande ciência, é colocar uma ligeira camada de solo no fundo vaso e espalhar por cima um pouco de estimulante radicular. No meu caso eu utilizei o Rhiza Bonsai, mas poderá ser outro com o mesmo princípio. No caso do Rhiza Bonsai, no mercado português ou se compra directamente na Luso Bonsai ou poderá ser adquirido num qualquer Leroy Merlin.
Coloca-se agora o bonsai no vaso e está na altura de o prender com os arames. A técnica consiste em pegar nas duas pontas do lado esquerdo por exemplo, e passá-las para o lado direito do bonsai, entrelaçando-as uma à outra junto do tronco do bonsai, repetir o mesmo processo com as pontas do lado oposto. O bonsai deverá ficar suficientemente preso que se consiga agarrando no bonsai de modo que o vaso não caia apesar de só se agarra no bonsai, e ao mesmo tempo não deverá estar demasiado apertado de modo a não ferir o tronco com o aperto dos arames.
Como se removeu cerca de 1/3 das raízes está na altura de remover 1/3 da folhagem. Isto é necessário essencialmente nas árvores de folha não caduca, e é necessário porque visto que temos menos raízes para absorver nutrientes e a árvore está debilitada, logo também tem de ter menos folhas a exigirem esses nutrientes e a forçarem a planta a um desgaste maior. Facilmente se nota a diferença da folhagem da primeira imagem que coloquei para esta última imagem.
Finalmente cobrir com solo, nunca o calcando, somente dando pequenas sacudidelas para ele cair pelo meio das raízes, pode-se ir regando para ajudar o solo a entranhar-se pelo meio das raízes. Agora e durante um mês deve-se dar especial atenção a este bonsai, não apanhar vento, não apanhar sol em demasia e não regar com produtos que possam queimar as raízes que estão frágeis por terem sido cortadas. Pessoalmente a única coisa que costumo acrescentar à água nas regas é Bio Bonsai.
Fazer o transplante
A estrela deste transplante será a minha Serissa, curiosamente nunca falei aqui sobre ela e é a árvore que está à mais tempo comigo sendo este já o 2º transplante que lhe faço.
Agora vem a parte que normalmente é mais chata, remoção da terra das raízes. É bom tentar tirar toda a terra, mas se por algum motivo existir alguma zona mais complicada, mais vale deixar um pouco de terra antiga do que partir raízes boas. A técnica que para mim funciona melhor é usar um jacto de água na terra. Uso um arame para esgravatar a terra e depois com o jacto de água normalmente a terra solta toda.
De seguida é a parte tecnicamente mais complicada, depois das raízes estarem limpas da terra deve-se remover entre 1/4 a 1/3 das raízes. Como escolher as raízes? Como se vê na imagem anterior as raízes onde a água estão a bater são claras, estas raízes estão saudáveis, em primeiro lugar devemos procurar raízes escuras e quebradiças o que significa que estão em apodrecimento e não estão lá a fazer nada. Contudo num bonsai saudável não é natural ter raízes apodrecidas por isso a ideia é retirar parte das raízes saudáveis.
Existem 2 tipos de raízes, as de absorção que servem para retirar os nutrientes e água do solo, são as raízes finas com um género de micro vilosidades, e as raízes de sustentação, mais grossas e que servem para agarrar a árvore ao solo. Neste caso vamos querer remover as raízes de sustentação, além de não contribuírem para o crescimento do bonsai são as que ocupam mais espaço dentro do vaso. Mas atenção à regra de 1/3, numa árvore que já tratemos há algum tempo ou que o antigo dono tenha tido cuidado nos transplantes prévios, não é normal encontrar muitas raízes de sustentação pois elas vão sendo removidas ao longo dos transplantes anteriores. Contudo bonsais importados é normal retirarmos a terra e depararmos-nos com 3-4 raízes de sustentação, nestes casos aconselho a remover 1-2 raízes no máximo para não debilitar muito o bonsai, e deixar as restantes para remover num futuro transplante.
Agora é altura de voltar a colocar o bonsai no vaso e fixa-lo visto que lhe tirámos as raízes de sustentação e essencialmente o desprendemos do solo. Primeiro agarramos em 2 arames e entrelaçamos os 2 no ser meio, ficando com um género de dois Y como se vê na imagem anterior.
Coloca-se agora o bonsai no vaso e está na altura de o prender com os arames. A técnica consiste em pegar nas duas pontas do lado esquerdo por exemplo, e passá-las para o lado direito do bonsai, entrelaçando-as uma à outra junto do tronco do bonsai, repetir o mesmo processo com as pontas do lado oposto. O bonsai deverá ficar suficientemente preso que se consiga agarrando no bonsai de modo que o vaso não caia apesar de só se agarra no bonsai, e ao mesmo tempo não deverá estar demasiado apertado de modo a não ferir o tronco com o aperto dos arames.
Como se removeu cerca de 1/3 das raízes está na altura de remover 1/3 da folhagem. Isto é necessário essencialmente nas árvores de folha não caduca, e é necessário porque visto que temos menos raízes para absorver nutrientes e a árvore está debilitada, logo também tem de ter menos folhas a exigirem esses nutrientes e a forçarem a planta a um desgaste maior. Facilmente se nota a diferença da folhagem da primeira imagem que coloquei para esta última imagem.
Finalmente cobrir com solo, nunca o calcando, somente dando pequenas sacudidelas para ele cair pelo meio das raízes, pode-se ir regando para ajudar o solo a entranhar-se pelo meio das raízes. Agora e durante um mês deve-se dar especial atenção a este bonsai, não apanhar vento, não apanhar sol em demasia e não regar com produtos que possam queimar as raízes que estão frágeis por terem sido cortadas. Pessoalmente a única coisa que costumo acrescentar à água nas regas é Bio Bonsai.
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