Nunca tinha feito esta corrida, no entanto o percurso parecia-me idêntico à corrida da Liberdade, por isso teria um percurso relativamente fácil que acabava a descer. O meu objetivo para esta corrida não era pessoal, era ajudar a Liliana a acabar os 10kms abaixo de 1h. Os 2 primeiros quilómetros foram bastante rápidos, bem acima dos 6min/km necessário para fazer a corrida em menos de 1h. Ainda disse à Liliana para não "esticar" muito, mas ela disse que se sentia bem, que estava tranquila. Como era a descer deixei ir aquele ritmo, sempre ganhávamos alguma margem de tempo para as subidas.
E a primeira subida surgiu logo aos 3kms, e era a pior da prova, não muito longa mas dura, e a Liliana começa a andar. Incentivei-a a não parar mas ela andou quase toda a subida, o que levou a que ao final dos 3kms já só tivéssemos 30 segundos de margem, grande parte estava perdida naquela subida.
Até aos 5kms estávamos dentro do tempo, mas a média estava a ser pior dos 6min/km, eu estava a ver toda a margem a ir embora, assim como a energia da Liliana, que não estava a conseguir manter o ritmo. Por volta dos 7kms passa a bandeira dos 6min/km por nós, esforcei-me para que a Liliana não largasse o grupo mas numa das subidas dos túneis ficou irremediavelmente para trás, percebi que a partir dali já não era possível, no entanto, tentei motiva-la ao máximo de modo a perdermos o mínimo possível. Chegámos ao final com o tempo de 1h1m55s, ainda não foi desta, mas eu sei que com treino ela consegue.
Primeira prova do troféu de Oeiras é a milha de Queijas e este ano era no dia a seguir à meia maratona dos Descobrimentos. Escusado será dizer que estava moído do dia anterior, mas como era uma milha não havia grande coisa a gerir, era tentar dar o máximo com as dores e bolhas que tinha ganho no dia anterior. Pareceu-me que saí bem, no entanto fui logo passado por um colega de equipa que nem consegui seguir, não queria forçar porque sabia que depois do retorno era ligeiramente a subir e não podia ficar sem combustível. Ainda antes do retorno ultrapassei o meu colega de equipa, mantendo sempre um ritmo constante. Após o retorno foi sofrer um pouco para não quebrar até ao final. Acabei com 5m50s, melhor 6 segundos que o ano passado e ainda por cima a distância este ano era ligeiramente superior. Mesmo desgastado do dia anterior consegui melhor que o ano passado, nada mau.
Esta era uma prova que me estava entalada, depois dos excelentes tempos nos distantes anos de 2013 e 2015, há dois anos atrás quando fiz a minha última meia maratona o tempo foi miserável e com muitas dificuldades para acabar, tendo inclusivamente andado. Este ano com treino queria vingar-me dessa prova.
Na sexta-feira anterior à prova tive o jantar de empresa e numa conversa descobri que um colega iria também fazer a prova e tinha o mesmo objetivo que eu, terminar abaixo 1h35, ou seja, fazer uma média inferior a 4m30s/km. Combinámos então fazermos a prova juntos para nos entre ajudarmos. A ideia dele seria fazer os 3 primeiros quilómetros a 4m30s e depois baixar para 4m25s. Para mim estava bom, já há 2 anos não fazia uma meia maratona e ser conservador não me pareceu má ideia. Logo no arranque tive de resfriar o meu ímpeto, senão fosse o Danilo a marcar o ritmo eu tinha logo ali pisado o acelerador e não sei que impacto negativo teria mais à frente. A partir dos 3 quilómetros então acelerei um pouco e fui tentando controlar sentia-me bastante bem, mas não queria ter nenhuma quebra.
E assim fomos nós, aquele ritmo certinho. Aos 10kms, pouco depois do Cais do Sodré, estávamos com 44m23s, a margem não era muita, no entanto tínhamos mais de 30 segundos de margem, era só manter o ritmo. Estava a sentir-me mesmo bem, apesar de ter tido um ligeiro episódio de asma nos dias anteriores, a respiração estava controlada, o ritmo cardíaco controlado e sem dores musculares. Estava com aquela sensação que corria facilmente 30kms aquele ritmo, esperava que nenhuma quebra acontecesse entretanto. Fui sempre falando com o Danilo para ir sabendo as sensações dele porque estava a notar algum desconforto na fala ofegante.
Por essa altura sentia-se um pouco de vento de frente e eu avisei-o para se abrigar atrás de outro corredor e poupar energias. Quase a chegar ao retorno aos 12kms, ele perde uns metros para mim, desacelerei um pouco para ele recolar, mas percebi que ele estava a esticar o elástico e podia partir a qualquer momento. Falei com ele mais um pouco para o motivar e ver se ele seguia comigo, enquanto a minha fala continuava confortável, ele já pouco conseguia falar. O vento estava pelas costas e o ritmo tinha aumentado ligeiramente só por esse facto, o esforço continuava a ser o mesmo.
Já depois de termos passado o Terreiro do Paço, e já quase com 15kms de prova ele disse-me para seguir que tinha de abrandar que já não aguentava mais. Nem disse nada para o forçar a seguir-me porque já estava à espera que acontecesse, e para ele era melhor meter o ritmo dele para não perder muito mais tempo até ao final.
Como me estava a sentir bastante bem acelerei só um pouco, menos 5 segundos ao quilómetro, ainda faltavam 6kms para terminar e a ideia era fazer 3 quilómetros aquele ritmo e depois nos últimos 3 quilómetros dependendo no que ainda tivesse acelerava mais. Três quilómetros a 4m20s e estava na altura de queimar tudo até ao fim. Estava por baixo da ponte 25 de Abril e quase já cheirava a meta, meto um ritmo mais forte ali nos 4m10s-4m15s/km e era dar tudo até ao final. Nessa altura passa o Joel por mim e aproveito a boleia e vou com ele. No entanto ele estava a fazer a 4m/km, e eu não estava confortável por isso passado uns 500 metros tive de o deixar ir e tentar recuperar para o ritmo que estava anteriormente. Até ao final foi tentar dar o meu máximo, sabia que claramente iria acabar abaixo de 1h35m, mas queria fazer o melhor possível. No final o tempo oficial de chip foi 1h33m01s, bem abaixo do meu objetivo e como me senti tão bem acredito que se tivesse arriscado um pouco mais no início podia ter-me aproximado de 1h30m. Fica para a próxima...
Primeira vez a assistir um concerto no Campo Pequeno, e passou a ser o meu sítio preferido para ver concertos, em ambos os concertos de Beast In Black primeiro, e Helloween depois, o som estava impecável, sem distorções, simplesmente perfeito. Inclusivamente, ao filmar com o telemóvel normalmente o som fica irreconhecível, neste caso percebe-se perfeitamente a música.
Os primeiros a entrar foram os Beast In Black, que eram a banda suporte. Quando os vi há 2 anos atrás achei que ao vivo ainda lhes faltava ali qualquer coisa, o som era diferente do som gravado, apesar de ter gostado não achei que tivesse sido uma apresentação que fosse de encontro ao que se ouve nos álbuns. Desta vez um belo concerto, som perfeito, apresentação perfeita, boa interação com o público, obrigado Helloween por terem trazido uma banda de suporte tão boa que eu iria ver o concerto só por eles. Gostei tanto do concerto que me virei para o Daniel (que veio de Barcelona para ver o concerto) e disse-lhe - os Helloween vão ter dificuldade em fazer melhor que eles, meteram a barra lá em cima! - voltem rápido que voltarei a ver e continuarei a seguir a sua carreira de perto.
Bem que posso dizer da atuação dos Helloween? Que monstros! Não só fizeram melhor como deram dos melhores espetáculos que já vi. Já há 7 anos atrás quando os vi pela primeira vez tinha sido um concerto enorme e fenomenal, desta vez conseguiram-se superar. Muitas músicas do novo álbum e as clássicas fizeram uma bela mistura neste concerto. O concerto foi quase como assistir a um filme com banda sonora, dada a qualidade das imagens que passava no écran por trás da banda e que se integrava com cada música que era tocada.
Não teve muita pirotecnia, mas não senti a falta, dado todo o restante envolvimento, o concerto teve sempre motivos que o tornavam atraente. E uma coisa que me agradou muito, os elementos da banda apesar da idade, de estarem a comemorar os 40 anos de banda nesta digressão, parece que se divertem mais do que nunca a fazer o que estão a fazer. Não estão ali só pelo dinheiro, estão ali porque se divertem e porque gostam do que estão a fazer, e isso transparece e faz com que ainda tenhamos mais respeito pela carreira que construíram. Que voltem rápido é o que desejo.
Depois do relato das partes atribuladas da viagem, vamos lá então à parte que interessa, a parte que correu bem. A única vez que tinha ido a São Miguel tinha sido há 15 anos atrás, por isso muita coisa mudou e apesar de ter memórias dos sítios quando passava por lá, a maior parte das coisas foi um redescobrir. E quando chegámos chovia torrencialmente mas tivemos sorte, acabámos por apanhar só chuva à chegada na quinta feira e depois no domingo, no dia em que viríamos embora, por isso o tempo até acabou por colaborar conosco.
Como apanhámos uma aberta nessa tarde que chegámos, e não sabíamos como iria estar o tempo o resto dos dias, fomos até ao miradouro da Lagoa das Sete Cidades. Uma vista fantástica sobre a lagoa, o lado azul e o lado verde bem distintos. Descida até à lagoa e um passeio numa das margens da lagoa azul, num sítio lindíssimo sem turistas.
De seguida por entre caminhos de vacas, literalmente pois muitas vezes tivemos de esperar que as vacas saíssem do meio da estrada para nós passarmos, fomos até Rabo de Peixe. Decidimos fazer uma caminhada pelas ruas até ao porto cá em baixo. Vimos muitos locais onde a série de Rabo de Peixe é gravada, mas acima de tudo foi um choque de realidade. Os efeitos das drogas é facilmente visível nas ruas, nas pessoas, nas famílias, não pensei que a realidade fosse tão dura e tão notória como é. Lembro-me de ter usado uma expressão enquanto falava com a Liliana - Quem nasce aqui está praticamente condenado, deve ser quase impossível sair desta realidade.
Como o dia tinha sido muito cansativo fomos jantar cedo à Associação Agrícola de São Miguel, que pelo nome quase parece um tasco, mas aproxima-se mais a um restaurante estrela Michelin, comida deliciosa, quantidades generosa e preço acima da média.
No dia seguinte fui "à caça" da fábrica das queijadas de Vila Franca do Campo, tinha de mostrar à Liliana uma das maravilhas da ilha. Seguimos dali para a Lagoa das Furnas. Como nós gostamos muito de caminhadas decidimos aproveitar o bom tempo a e bela natureza para fazermos uma caminhada à volta da Lagoa, demorou algum tempo, mas valeu muito a pena.
Furnas vistas seguir para Poça da Dona Beija. Está tudo tão "arranjadinho", tudo muito mais turístico do que quando fui há 15 anos atrás. É verdade que está mais bonito, mas perdeu o aspecto mais selvagem, o aspecto mais natural, já não é possível ir para a ribeira, só podemos estar nos tanques de água quente. A Clara estava deleitada com a água quente, temos fotos lindíssimas dela com um sorriso de orelha a orelha. Depois disso fomos passear pela parte Este da ilha, muita curva e contra curva, caminhos onde se tinha de andar devagar, no entanto também estávamos em passeio por isso nada que nos preocupasse. Parámos no Miradouro do Pico dos Bodes, uma vista deslumbrante para o mar, vale a pena o desvio. Andámos um bom bocado às voltas para descobrir como chegar ao começo do trilho do Sanguinho, e quando lá chegámos já era um bocado tarde, pelos nossos cálculos iríamos acabar o trilho já de noite, então a Liliana, e visto estarmos com a Clara, não se sentiu confortável para irmos fazer a caminhada. No entanto, um dia que volte a São Miguel será uma das minhas prioridades. Seguimos para Nordeste e fizemos todo o Norte para depois voltar a Ponta Delgada e recarregar as baterias.
Sábado, era o último dia completo que tínhamos, por isso seria mais um dia a sair cedo do hotel e visitar o máximo de coisas possíveis. Primeira paragem na Caldeira Velha, mas como não tínhamos reserva não conseguimos entrar, aproveitámos e fizemos reserva para o dia seguinte no primeiro turno, de modo a termos tempo de voltar ao hotel e fazer o checkout. Viagem curta até às plantações de chá da Gorreana onde visitámos a fábrica e fizemos uma pequena caminhada nas plantações de chá. Seguir para o Parque Terra Nostra. Para mim o sítio mais bonito em São Miguel, está bem que as águas termais não se comparam aos outros lados, parece água com lama quente, tem aspeto sujo, contudo o parque é lindíssimo, simplesmente adorei o passeio que fizemos pelo parque.
Saída do parque e ainda tínhamos tempo para tentar fazer um trilho, ao que a Liliana sugeriu irmos até à Lagoa do Congro. Chegados ao parque onde estacionávamos o carro tentei procurar na internet o trilho visto não haver indicações nenhumas. Ainda nos metemos lá por um sítio cheio de lama que quase que deixava lá os meus tênis, mas voltámos para trás pois não era transitável. Outros grupos à procura do trilho como nós, tudo meio perdido. Até que vimos um grupo a vir de um sítio onde dizia passagem interdita, esse grupo disse-nos que o trilho era por ali, que o trilho principal estava fechado em manutenção mas dava para contornar e chegar lá abaixo na mesma. Pelo meio de muita lama e pedras lá conseguimos dar com o caminho e valeu bem a pena, apesar de difícil pelas condições a caminhada é bonita e leva-nos a uma lagoa praticamente selvagem.
Estoirados de mais um dia sem parar, estava na hora de voltar ao hotel. Essa noite decidimos ir jantar fora e pedimos uma sugestão no hotel, onde nos marcaram mesa para o restaurante São Pedro, comida muito boa recomendo vivamente. No último dia, domingo foi tomar o pequeno almoço rápido e ir para a Caldeira Velha para conseguir aproveitar o pouco tempo que tínhamos. Por falar em tempo, mas noutro tempo, nessa manhã chovia a potes, quando chegámos à Caldeira foi tentar trocar de roupa rápido para mantermos as nossas roupas secas e ir para as banheiras de água quente. A experiencia de estar na água quente e a chover imenso foi muito gira, a Clara estava a achar imensa piada. Quando foi para ir embora, outra guerra para voltar a vestir sem ficarmos todos molhados, voltar rapidamente ao hotel e arrumar as coisas para sairmos. Por fim como ainda nos restava algum tempo antes de ir para o avião fomos visitar as plantações de ananases, primeiro fomos às de Santo António e depois fomos às Augusto Arruda. Foi interessante perceber a história das plantações e como é feito a plantação do ananás, e perceber os incríveis 2 anos necessários para um ananás estar pronto a ser colhido.
Mais uma viagem curta em tempo, mas muito enriquecedora e divertida. Infelizmente a Clara quando for grande não se vai lembrar das coisas, mas ela tem aproveitado muito estas viagens curtas conosco, tem visto e aproveitado muitas experiências diferentes.
A ideia era aproveitar um fim de semana prolongado, sair a uma 4ª feira à noite e voltar no domingo à noite, destino, Edimburgo, um dos destinos que tinha muita curiosidade em conhecer. Uma das coisas que nem costumamos fazer é planear o que fazer no destino, e desta vez até isso fizemos, tínhamos uma lista de sítios a visitar e tempo que demorávamos a fazê-lo. Voo por volta das 20h30m, chegar ao aeroporto por volta das 18h, mais do que tempo para passar o controlo, ainda para mais só com malas de cabine. E ali estávamos nós à espera para entrar no avião, eu, a Liliana e a Clara, mas como tínhamos bilhetes de staff teríamos de ficar para o fim. Problema, o avião estava em overbooking...quando chegamos para entrar o avião estava cheio e qual foi a solução, podem ir mas nos jump seat, a Clara não pode ir ou então só vai um de vocês. Vá lá, tentem outra vez, agora com uma solução realista. Ainda tentei propor que se algum outro passageiro não se importasse de trocar com um de nós para a Clara poder ir sentada ao colo de um de nós, ou no extremo se outro passageiro pudesse levar a Clara ao colo na descolagem e na aterragem de modo a irmos todos, mas nada nos foi permitido.
Tentámos logo arranjar outra solução como algum voo com escala que nos possibilitasse chegar durante o dia seguinte, mas tudo estava já overbooking por isso essa não seria a solução. Ainda remarquei o voo para o dia seguinte mas a partir de Faro, no entanto quando chegamos a casa começamos a fazer contas, e se o comboio não se atrasasse tínhamos só 1h30m para apanhar o avião, e o mais provável era atrasar o comboio.
Foi aí que a Liliana teve outra ideia, temos estes 4 dias que íamos aproveitar, para Edimburgo não vai dar que tal tentarmos os Açores, São Miguel, isto por volta das 22h. Ver se à disponibilidade de voo, preço do hotel, aluguer de carro...tudo acabava por ficar mais barato inclusive que ir para Edimburgo. Marcar tudo à pressa pois o voo era às 6h e rezar para que desta vez tudo corresse bem. Poucas horas de sono e lá voltamos ao aeroporto. Estamos a passar o controlo e desta vez decidiram embirrar com o meu desodorizante, que tinha passado sem problema umas horas antes, sim a embalagem era de 150ml superior a 100ml permitidos, mas estava praticamente vazia. Este detalhe pode parecer irrelevante, mas mais à frente vai fazer sentido.
Bem desta vez o voo foi limpinho, tinham muitos lugares vazios e até deu para irmos um ao lado do outro. Mas esta viagem estava condenada a ter contratempos e estava para continuar. Chegamos a São Miguel e chovia torrencialmente, íamos para Edimburgo sem chuva e agora em São Miguel chovia copiosamente. Dirigimo-nos para a rent a car, creio que por volta das 8h30m, muito cansados aquela hora da manhã e ainda para mais com a Clara que não parava. Nessa altura pediram-nos uma caução de 2800€!!! Só um dos nossos cartões de crédito possibilitava esse valor que era da Liliana. Apesar do saldo ser inferior pagámos de modo a ter saldo, voltamos ao balcão. A reserva estava em meu nome e o cartão no nome da Liliana, não era possível...grrrrrrr...estavam mesmo a querer irritar-me. Além disso como a reserva tinha sido feito à pressa tinha-me enganado nas horas, só podia levantar o carro às 11h30m e pior que isso, no dia que viríamos embora queria entregar o carro só às 17h porque o avião era às 20h e a entrega estava para as 11h30m. Pedi para estender por umas horas e por essa extensão pediram-me o dobro do dinheiro que iría pagar pelos 4 dias de aluguer. Estava tão danado com o complicar de tudo que me borrifei para eles e marquei um aluguer com outra empresa, que acabei por pagar ainda menos do que iria pagar ali.
Lá nos foram buscar ao aeroporto e recolhemos o carro sem qualquer problema. Aproveitámos estar perto de um centro comercial e fomos comprar desodorizantes para mim e para a Liliana. Como só andávamos com a mochila da Clara, colocámos os desodorizantes na mochila para ser mais fácil. O resto do dia aproveitámos para passear e até correu bastante bem, voltando ainda cedo para o hotel pois estávamos muito cansados e precisávamos por as horas de sono em dia para aproveitar o resto da estadia.
No dia seguinte acordamos e eu tinha deixado a mochila da Clara no carro, então fui até ao carro buscar os desodorizantes. Abro a bagageira do carro e a mochila da Clara esta toda aberta com as coisas espalhadas no porta bagagem. Liguei à Liliana a perguntar se tinha sido ela a fazer aquele lindo serviço, ao que ela me respondeu que não. Começo à procura dos desodorizantes e não estavam lá, provavelmente tinha deixado o carro aberto durante a noite, com o cansaço não o devo ter fechado, e tinham assaltado o carro. Felizmente as carteiras, chaves, documentos tudo tinha ido conosco, o que me lembrei logo foi como voltaria se ficasse sem cartão do cidadão. Ao princípio nem fiquei nada chateado, 2 desodorizantes e 2 frascos pequenos de creme da Clara, estávamos a falar de 10€, não era nada significativo. Mas depois a Liliana lembrou-se do meu casaco que eu tinha deixado no porta bagagens, bolas, além de ter sido a prenda que ela me tinha dado no natal, o valor monetário do casaco e provavelmente ainda me ia fazer falta durante a estadia. O resto da estadia até correu bem, mas todas estas coisas foram demasiado atribuladas e provocaram um nervosismo totalmente desnecessário a umas férias que por definição é um período de relaxamento.
Este postjá vem com algum atraso, mas não tenho andado com muita inspiração ou vontade para a escrita, por isso tenho retardado a escrita deste post.
A corrida do Tejo é uma das corridas que me dá mais prazer fazer, porque foi das primeiras corridas que fiz quando voltei a correr, porque é uma corrida interessante para fazer bons tempos, porque gosto do percurso, etc. A única coisa que não gosto muito é a data da prova, a seguir às férias de Verão, onde normalmente a forma não é a melhor. E este ano aconteceu mesmo isso, três semanas a fazer quase nada a não ser descansar, comer e beber, e depois numa semana tentar recuperar disso para estar pronto para a corrida.
Sabia que não estava na minha melhor forma, contudo o objetivo seria sempre fazer menos de 45 minutos, ou seja, fazer melhor que 4m30s/km. Começa a corrida, e eu como estava nos primeiros blocos de partida, consegui desde o início ter um bom ritmo e estável. Nos dois primeiros quilómetros fiquei bastante surpreendido com o meu ritmo, ali bem perto dos 4min/km e sem grande esforço, não esperava mesmo nada estar a sentir-me tão bem. Subida ao alto da boa viagem e não sendo fácil, o ritmo sendo mais lento devido à inclinação, mesmo assim estava a ultrapassar muita gente e a sentir-me rápido. Quando estou perto do retorno junto à bomba de gasolina começo a ter um grande desconforto intestinal, cólicas e uma vontade de ir rapidamente à casa de banho. Ao virar e começar a descer, na altura que podia acelerar, tive de me conter e tentar controlar o desconforto, para não ter de parar e essencialmente, porque não tinha nenhum lugar para ir à casa de banho.
Fui controlando o desconforto e aos 5 quilómetros estava com o tempo de 21m53s, ainda com uma margem segura para fazer abaixo dos 45min finais, no entanto sabia que os 2 primeiros quilómetro tinham sido muito bons, se continuasse a perder tempo como nos 3 seguintes era difícil acabar abaixo dos 45min. O desconforto intestinal não passava, por isso o objetivo passou a ser fazer 4m30s/km, de modo a não perder mais tempo. Quando aos 8 quilómetros fui apanhado pela bandeira do ritmo 4m30s/km, e passado umas centenas de metros não consigo seguir com a bandeira fiquei preocupado. No entanto, nessa altura eu até estava a correr a 4m20s-4m25s/km, o corredor com a bandeira estava a um ritmo superior ao que devia. Apesar das dores abdominais, tentei acelerar nos últimos 500 metros. O tempo final de 44m04s até foi bastante bom, quase não perdi tempo na segunda parte da corrida apesar de não me sentir bem. A bandeira dos 45min deve ter acabado para aí com 43m30s, quase que me ia enganando.
Cerca de duas semanas antes da prova do Swim GP, liga-me o Felício para me perguntar se eu conseguia substituir um dos kayakers que o tinha de acompanhar durante a prova dos 20kms, que partiria do Padrão dos Descobrimentos em direção à praia dos Pescadores em Cascais. Como o corajoso do Felício iria fazer a prova a rebocar o José, como a distância só por si já não fosse um verdadeiro desafio, precisava de duas pessoas no kayake, um para ele e outro para o José quando fosse a altura de os ajudar com os reabastecimentos. O outro kayaker seria o Rui, outro velho conhecido e parceiro de há muitos anos, por isso estava bastante confiante na composição da nossa equipa.
Quando o Felício me fez o convite claro que o teria de aceitar, seria uma honra poder ajudá-lo a concretizar mais um dos sonhos do José. No entanto devo dizer que não encarei este convite como um desafio, inconscientemente encarei-o como uma simples missão de acompanhamento, qual seria a dificuldade de duas pessoas, num kayake, acompanhar um nadador durante 20kms ainda por cima a rebocar outro kayake? Se eu pudesse viajar para o passado e falar com o meu eu do passado dir-lhe-ia - Seu idiota, não tens a mínima noção do que irás passar.
Na manhã da prova, enquanto preparávamos os kayakes o primeiro contratempo, que mais uma vez, na altura, relativizei e não esperei que durante a prova se tornasse num problema tão grave. O nosso kayake, que era insuflável, só mantinha ar nas duas laterais, a base estava com uma fuga e não retinha o ar. Colocámos o kayake na água, com toda a carga que teríamos de transportar e entrámos nós. O kayake ficava mais submerso do que seria suposto, mas a água não chegava ao topo...estava bom para seguir! Às 11h começou a prova, com o apoio da família presente na partida, lá seguimos nós rumo a Cascais.
Esta primeira fase da prova, ficou marcada pela boa disposição. Ao início alguma incerteza em relação às boias, no regulamento tinha lido que teríamos de dar o braço esquerdo às boias, mas durante a prova ninguém estava a respeitar as boias. Como éramos quase os últimos comecei a perceber as correntes e como ia no lugar da frente do kayake ajudei o Felício na orientação de modo a apanhar as melhores correntes e tentando fazer uma trajetória o mais a direito possível. Mesmo assim ainda confirmámos as boias com um elemento da organização, que nos disse que as boias eram só orientadoras, música para os meus ouvidos. A cada pequena baía que passávamos, como fizemos uma trajetória mais aberta, passávamos alguns nadadores. Claro que mais à frente voltávamos a ser passados mas nesses pequenos segmentos ganhávamos tempo aos restantes. E não fosse o Rui a dizer para sermos um pouco mais conservadores e eu teria traçado uma trajetória direta desde a Torre VTS de Algés até ao Forte de São Julião da Barra.
Esta fase foi tão boa, que inclusivamente o Felício aumentou o tempo entre abastecimentos, queria aproveitar a corrente forte durante o máximo tempo possível. O Rui levou a coluna portátil e até direito a música tivemos, o que fez José ainda mais sorridente do que é normal. Íamos ali os 3 a divertirmo-nos enquanto o Felício nadava com alguma facilidade. Os 10 primeiros quilómetros em menos de 2 horas são um forte indício da velocidade a que estava a corrente a nosso favor, o Felício não estava a nadar, estava a voar dentro de água.
Mas estávamos a chegar à parte dura. Chegados à praia da Torre começamos a sentir a corrente e a ondulação. Inicialmente tive a esperança que fosse só ali frente à praia da Torre porque sei que ali há sempre muita corrente. Nessa altura com a ondulação começou a entrar água no kayake, muita água, até que começámos a chegar a um ponto em que só eu remava e o Rui com um cantil tirava água do kayake. Uma das imagens que me fica, é o Felício a nadar e a parar para se rir de nós enquanto tirávamos água do kayake.
Naquele trajeto frente à praia de Carcavelos tive uma falsa sensação que estávamos a andar bem por dois motivos, primeiro ainda estava com bastante força física e segunda porque estávamos a ultrapassar novamente muitos nadadores que foram mais junto à praia e estavam a lutar contra a rebentação. Por volta dos 14kms parámos pela primeira vez numa plataforma de reabastecimento para apanharmos coisas para nós comermos. Passado 1 quilómetro e meia hora depois, para se perceber a dificuldade em que nos movíamos, paramos para alimentar o Felício e o José. Quando voltamos a arrancar percebo claramente que tínhamos sido puxados para trás pela corrente. Nessa altura disse-lhe, que a partir daquele momento só fazíamos paragens nas boias, de modo a agarrarmo-nos às boias e não sermos arrastados pela corrente.
O kayake cada vez metia mais água, o Rui cada vez passava mais tempo a tirar água, e eu sozinho tentava remar para não perdermos terreno para o Felício e o José. Nós não os estávamos a conseguir acompanhar e tive diversas vezes de pedir ajuda ao Rui para nos recolocar ao lado deles. O Felício virou-se para nós a dada altura e disse que parecia que não estávamos a andar. Eu tive de lhe dizer uma meia verdade, eu já tinha reparado que mal estávamos a andar, mas disse-lhe que era impressão dele que estávamos a ir bem dada a corrente contra que estava.
Pouco depois dos 16kms de prova estávamos a ficar tão atrasados por o Rui estar a tirar água do kayake, e eu estar a ficar exausto que não os conseguia acompanhar, que uma mota de água se ofereceu para nos recolocar ao pé deles. Mas o reboque da mota de água ainda encheu mais o kayake de água, ou seja, na boia seguinte foi o tempo todo a tirar água. Nessa altura também tivemos conhecimento que quase metade dos nadadores ou kayakeres tinham já desistido. Realmente já tinha reparado vários atletas dentro dos botes que passavam por nós, assim como ainda não tinham passado por nós todos aqueles nadadores pelos quais tínhamos passado frente à praia de Carcavelos.
Quando chegámos frente à praia de São Pedro um barco da organização diz-nos que a partir da boia seguinte faltava 4,5kms até à meta. Ao pararmos na boia eu estava no meu limite, ao ponto do Felício pedir-me um abastecimento e eu bloquear e de não me lembrar onde tinha guardado as coisas. O Felício percebeu que eu estava por um fio e disse que se alguém se sentisse mal que ninguém continuava, já tínhamos feito 17,5kms, já tinha sido bom e que parávamos. Claro que não iria desistir, o Felício era quem estava a fazer o esforço maior e se ele não quebrava, eu também não era o elemento da equipa que iria quebrar, nunca me perdoaria se por minha culpa não conseguíssemos chegar ao fim.
Até aos 19kms de prova foi o meu cabo das tormentas, de boia a boia, não conseguia recuperar por muito que me hidratasse e que me nutrisse, não sabia como iria conseguir terminar a prova. A cada paragem, a cada boia estava a ficar cheio de frio por o kayake estar sempre cheio de água. Aos 19kms parámos na última plataforma de reabastecimento, eu tive de sair do kayake e deitar-me na plataforma, estava exausto, cheio de dores de costas e com frio. O Felício e o José arrancaram e nós ainda ficámos mais uns segundos na plataforma para eu voltar ao kayake. Não estávamos a conseguir fechar o espaço, e um barco da organização queria rebocar-nos e recolocar-nos, mas eu reparei que eles vinham a rebocar um kayake duplo vazio e perguntei se podíamos mudar de kayake. O Rui ainda ficou meio renitente porque tínhamos de mudar tudo de kayake mas foi a melhor coisa que fizemos, o barco recolocou-nos e passadas 3-4 remadas percebi que precisava de fazer metade da força para andar ao dobro da velocidade.
Os últimos 2,5kms foram uma tranquilidade para mim, conseguíamos dar algumas remadas, parar de remar e só puxar por eles, descansando nós próprios durante esses momentos. Senti que fazia mais 10kms se fosse preciso, mas visto agora com alguma sobriedade, era só uma sensação minha. Nessa altura passa por nós o barco que deveria vir a rebocar o nosso kayake, e disse-nos que tiveram de tirar o kayake da água que ele se estava a afundar, para se ver bem o estado daquele kayake. Até ao fim tivemos direito a guarda de honra, éramos a última equipa, que iriam acabar a prova, ainda dentro de água, e 3 motas de água mais 1 barco estavam a acompanhar-nos até à meta, inclusivamente uma das motas desviou um barco da nossa trajetória para não o termos de contornar. Depois de 8h4m, lá conseguimos atingir a meta, cerca de 2 horas para fazer os primeiros 10kms e 6 horas para fazer os seguintes 12,2kms provam bem a dureza do que foi a segunda parte da prova.
Ao sair do kayake, como se vê pelo vídeo, caí estatelado de costas na água, não me conseguia aguentar em pé. Quando voltei a levantar-me outra vez comecei a desequilibrar-se novamente para trás, começando a dar passos para trás para não voltar a cair, e só não caí porque fiquei com água pela cintura. Como na partida, à chegada estavam as meninas da minha vida a dar-me força, a Liliana, a Clara e a Luciana estavam lá para me dar carinho, força e cuidar de mim. O José estava em hipotermia, apesar de durante toda a prova nos estar constantemente a dizer que estava bem, de ter puxado pelo Felício até ao último metro, ele estava num péssimo estado, um herói, um exemplo para todos nós. Obrigado José por seres a nossa inspiração, obrigado Rui por teres aguentado quando eu estava no meu limite, obrigado Felício por me teres convidado a fazer parte desta maravilhosa equipa e por teres conseguido superar este tão grande desafio.
Esta seria mais uma corrida para ajudar a Liliana, e não reverter a lesão que estava a debelar há duas semanas, por isso a ideia seria ir ao ritmo dela e não forçar. Começa a corrida e queria manter o ritmo nos 6min/km, com o objetivo de fazer a Liliana acabar os 10kms abaixo de 1h de corrida. Desde o início ela não se mostrou nada confortável, tentei que ela se abrigasse do vento atrás de mim, no entanto ela não estava mentalmente preparada para o esforço e sentia-se algo cansada.
Por volta do 4 quilómetros de prova parou, dei-lhe algumas palavras de força de maneira a que recomeçasse a correr o mais depressa possível para não perder tempo, mas não era o dia dela. Após começarmos a correr bastante devagar ela disse-me que iria ficar na primeira passagem da meta, voltei a andar com ela a tentar que ela não desistisse, mas não era o dia dela.
Passei na meta a meio da prova com cerca de 30 minutos de prova, ou seja, mesmo com as paragens para andar era possível terminar a prova em menos de 1h. Como me estava a sentir bem decidi acelerar um pouco até um ritmo que fosse confortável a rondar os 4m30s/km. Apesar de estar sempre com um olho no gémeo esquerdo, a tentar perceber se teria algum desconforto, o único desconforto que sentia era do ritmo ter aumentado o gémeo parecia estável. Como não senti nada durante 2 quilómetros, quis aumentar mais um bocadinho nos 3 quilómetros finais para 4m15s/km de modo a testar um pouco mais o gémeo. Felizmente tudo correu bem e sem dores acabei a prova com 51m07s.
Com isto fiz mais ou menos 21 minutos na segunda volta, o que se tivesse feito o mesmo na primeira volta daria para ficar no TOP10 desta prova, e mesmo assim consegui fazer melhor tempo que no ano anterior, há um ano atrás estava na minha pior forma de sempre. Para o ano terei de repetir esta prova fazendo-a com o objetivo de conseguir tirar o melhor que consigo fazer.
Estive até à última hora para decidir se ia fazer esta prova ou não. Depois de me ter lesionado na corrida de Santo António passei a semana fazer gelo e a pôr pomada no gémeo esquerdo a tentar recuperar minimamente de modo a conseguir fazer a prova. Acabei por ir à prova mas não ia forçar nada ia só rolar sem forçar o gémeo. Então o objetivo passou ser ajudar a Liliana a conseguir fazer a prova em menos de 50 minutos.
Ao ver a partida ao longe, tive aquela sensação de desânimo, de querer estar a competir na minha melhor forma, de querer estar ali a sofrer a correr ao meu ritmo, a fazer o meu melhor. Mas de todo não o podia fazer, passado menos de 1 quilómetro de prova ao ritmo da Liliana, comecei a sentir uma pequena pressão no gémeo, não podia de todo apertar mais. A Liliana estava a conseguir fazer um bom ritmo, quase sempre abaixo dos 6min/km, por isso se não quebrasse seria relativamente fácil fazer abaixo dos 50 minutos. Como começámos muito atrás tivemos de ultrapassar muitos corredores, é uma das críticas fortes que tenho à organização desta prova, que tem piorado de ano para ano, a prova/estrada não tem capacidade para tantos corredores, são só duas faixas para cada lado que não suportam tantos corredores, aliás durante alguns quilómetros os corredores tiveram de ocupar as 4 faixas e só quando os primeiros corredores começaram a vir no sentido contrário é que deixaram de ocupar as faixas em sentido contrário.
No retorno estávamos com 22m30s, ou seja, estávamos muito abaixo para acabar nos 50 minutos e o desafio passava a ser manter o ritmo para fazer abaixo dos 45 minutos. Na subida de Paço d'Arcos foi a pior fase, a Liliana começou a querer quebrar e tive de motivá-la pois a dificuldade até ao final era só aquela. Quando começámos a descer para a meta percebi que era possível fazer abaixo dos 45 minutos, era só apertar um bocadinho. Num esforço final chegámos à meta com o tempo de 44m53s, ótimo tempo para a Liliana e para mim foi positivo conseguir fazer a prova toda até ao fim, mesmo que tenha sido a um ritmo mais baixo.