segunda-feira, maio 07, 2018

Eco maratona Lisboa 2018

Desde o Ironman que não tinha voltado a fazer uma maratona, não me tinha sentido suficientemente desafiado para o fazer, mas devido à dificuldade do percurso a Eco Maratona de Lisboa chamou-me a atenção, e vi aqui um desafio interessante e diferente do que estou habituado.

A semana antes da prova não foi propriamente a melhor a nível de preparação, andei durante 2 dias bastante mal disposto, a vomitar, com diarreia, a comer mal e a desidratar, além disso mal consegui treinar. Mas devo de admitir que esta nem era a minha maior preocupação, estava mais preocupado com os meus joelhos, já há muito tempo que não corria mais de 30kms e normalmente quando corro distâncias maiores os joelhos começam a doer. Antes da corrida lá passei o belo do Voltaren nos joelhos e rezei a todos os santinhos para que não me doessem.

O dia estava demasiado quente, a sorte é que a corrida iria decorrer quase inteiramente em Monsanto onde as árvores nos iriam abrigar do calor. Na linha de partida começo a olhar para toda a gente que não era muita, e eram só cromos da corrida, pareciam-me todos super batidos, super bem preparados, ao ponto de pensar para mim que o importante era acabar e tentar não ficar nos 10 últimos. Olho para um rapaz de sandálias e pensei que pelo menos à frente deste devo ficar, quem se lembraria de fazer uma maratona trail de sandálias?

A corrida começou bastante calma a um ritmo que não deveria ser superior a 4m30s/km, ainda pensei em seguir com o grupo da frente, mas aquilo era uma maratona, por isso era melhor conter o meu ímpeto e seguir ao ritmo mais confortável possível e deixar passar quem quisesse passar sem tentar ir atrás. Por volta dos 4 km de corrida passa o rapaz das sandálias por mim e pensei que nem este ia ficar atrás de mim, devo estar mesmo a deixar-me ficar para os últimos lugares. Ainda lhe perguntei como era possível fazer uma maratona de sandálias, ao que ele me respondeu que estava em vantagem porque ia mais leve. Mas pouco depois demos a volta e comecei a ver em sentido contrário os corredores que iam atrás de mim, e ainda eram muitos e alguns já com má cara, por isso pensei que dos últimos lugares me iria livrar.

Durante algum tempo andei a passar alguns corredores nas subidas que posteriormente passavam por mim nas descidas e isto durante algum tempo. Por volta dos 7 kms segui durante algum tempo com o meu primeiro companheiro de corrida o Ulisses Nunes. Partilhámos experiências de corridas antigas, de desafios, e fomos ali na conversa de modo a que a corrida custasse menos. Como estávamos os 2 a gerir a prova, foi uma óptima companhia para ir controlando o ritmo de uma maneira inteligente. Aos 10 km ia com 57 minutos de prova na posição 31 da geral, se conseguisse continuar a este ritmo seria óptimo, pois com a elevada altimetria da prova seria bastante difícil fazer melhor.

Aos 14,5 kms cruzámos com a prova da meia maratona que tinha saído 1h depois de nós, e por sorte o João Maria viu-me e seguimos juntos, visto que o percurso seria o mesmo durante algum tempo. Por volta dos 17 km disse ao Maria para seguir sem mim, estávamos a entrar na subida ao lado da A5, ele tinha menos 11 kms nas pernas e menos 1h de prova que eu, e senti que não devia de ir ao choque com ele, além disso quando ele acabasse para mim ainda me faltaria cerca de 1h de prova, por isso não me podia desgastar tão cedo na prova. Por volta desta altura também perdi o Ulisses, durante a subida ele não conseguiu seguir comigo e ficou para trás.

Aos 20kms estava com 1h51m15s de prova na posição 28, tinha recuperado 3 lugares, muito graças à subida onde sou mais forte que a maioria. Tinha demorado 54m15s nos segundos 10 kms de prova, estava mais rápido, apesar de ser relativo comparar devido à imensa altimetria da prova que era diferente ao longo do percurso. Por volta dos 20,5 kms fiquei com o meu 2º companheiro de corrida, o João Antunes, comentámos entre nós que o facto de termos ido juntos com a meia maratona, mesmo que fosse inconscientemente, tinha feito com que aumentássemos o ritmo. Ao quilómetro 22,5 apanhei o rapaz das sandálias, ainda lhe disse para seguir connosco, mas ele respondeu que não era o dia dele e ficou ao seu ritmo. Por volta dos 24 kms numa descida mais acentuada deixei o João seguir, ele estava bem e preferi seguir no meu ritmo.

Ao quilómetro 26 no 3º posto de controlo, estava na posição 26, tinha conseguido recuperar mais 2 lugares. Ali por volta dos 28 kms foi quando me senti pior, sentia-me cansado e parecia que estava a quebrar o ritmo, apesar de não estar a ser passado por ninguém também não estava a conseguir manter o meu ritmo nem via ninguém. E andei assim para aí durante uns 8 quilómetros, meio em gestão, sem grande motivação porque não via ninguém nem atrás nem à frente. No posto de controlo aos 30 kms estava na posição 25, mesmo quebrando o ritmo tinha recuperado mais uma posição e estava com 2h49m25s de prova, tinha demorado 58m10s nos terceiros 10 kms de prova.

A minha motivação só voltou perto dos 35 kms quando voltei a ver um corredor à minha frente. Comecei a contar o tempo e ele estava cerca de 30 segundos à minha frente, decidi por enquanto não aumentar muito o ritmo e calmamente ir chegando ao pé dele. E logo na subida seguinte ele começa a andar, tarefa facilitada, passei por ele a correr e ele nem tenta vir comigo. Quase a chegar aos 36 kms havia um posto de abastecimento onde vi mais um corredor à minha frente que estava a demorar um pouco a comer e a beber no posto de abastecimento. À saída do posto deveria levar 15s-20s de atraso em relação a ele. O terreno era maioritariamente a descer e estava com alguma dificuldade em fechar o espaço, mesmo tendo aumentado o ritmo, mas lá consegui ir-me aproximando progressivamente. À entrada do quilómetro 37 havia uma pequena subida e decidi que era ali, já faltava muito pouco para o final e era queimar tudo o que tinha ali para o passar e deixar definitivamente para trás, apesar de saber que a subida final até o parque Eduardo VII me iria favorecer mesmo no final preferi cavar logo ali algum tempo para poder gerir no final. Aos 38,5 km olhei para trás e já tinha aberto uma boa distância que me dava algum conforto até ao final, mas como estava com boas sensações continuei a apertar o ritmo. Quando cheguei à última subida junto ao Jardim da Amnistia Internacional, a distância ainda tinha aumentado mais e sabia que poderia fazer a subida final tranquilamente. Acabei com o tempo final de 3h58m33s, ainda abaixo das 4h quando inicialmente queria fazer abaixo das 4h30m para considerar um bom resultado, na posição 21 entre 101 corredores que acabaram. Não posso dizer que é o meu 2º melhor tempo de sempre na maratona porque a prova tinha 41,5 kms, mas não deixou de ser um óptimo tempo final.


Relive 'Lisboa Eco Maratona 2018'


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