Há coisas que são como o vinho do Porto, e os Gamma Ray são um desses casos, parece que ficam melhor conforme a idade passa por eles. Estão em tour a festejar os 25 anos, e ontem deram um concerto cheio de energia e de boa música no Paradise Garage. Num público mais envelhecido do que habitual, até me sentia dos mais novos, viam-se muitos carecas e alguns cabelos compridos mas com aquela careca à monge na parte detrás da cabeça, era dia de old school.
Mas vou começar pelo início, pelas bandas suporte, devo confessar que não conhecia nenhuma delas até ao dia anterior ao concerto, e depois de ouvir meia dúzia de música de cada uma delas fiquei logo com a ideia que eram uma excelente escolha, o que se veio a confirmar. Quanto a mim foram uma excelente escolha porque eram homogéneas com os Gamma Ray, com um género e sonoridade muito próximos por isso quem iria ver Gamma Ray também não desgostaria das outras bandas. Lembro-me agora de repente, no mesmo Paradise Garage, quando fui ver Epica que detestei a primeira banda que tocou, lá está, não tinha nada a ver com Epica nem com o meu gosto musical.
A primeira banda foram os britânicos Neonfly, apesar de já existirem desde 2008 pareceram-me ainda uma banda pouco madura, gostei bastante da musicalidade, mas não têm nada de novo, existem bandas com som idêntico mas melhor. Depois o vocalista tem uma voz pequena e o volume do micro estava claramente baixo, o instrumental abafava quase por completo a voz. Fazendo uma análise da actuação, e apesar destes pontos, claramente foi positiva, gostei, e vou seguir com mais atenção os Neonfly daqui para a frente.
De seguida vieram os Serious Black e que grande actuação fizeram. Conseguiram ter uma presença em palco que os Neonfly nunca conseguiram ter, souberam impor o ritmo certo ao concerto, com uma mescla de músicas mais fortes e baladas mais melodiosas, puxando pelo público quando este estava pronto a responder aos reptos. Curiosamente, o primeiro momento que os Serious Black se destacaram foi num pequeno cover, meia dúzia de acordes ao Rock You Like a Hurricane dos míticos Scorpions. Mas para mim o momento mágico do concerto deles foi na música que já esperava antes do concerto, o High and Low, que início de música e que refrão, cheio de energia, cheio de força, e só não foi o momento da noite porque os Gamma Ray tiveram pelo menos 2 momentos de inspiração em que o público respondeu de forma efusiva.
Bem, vamos lá ao prato principal, os Gamma Ray entraram logo para partir a loiça, uma interpretação magnífica do Heaven Can Wait, ganharam logo o público para o resto do concerto, dificilmente podiam começar melhor. Mas o momento da noite foi tirado do fundo do baú com o hino escrito por Kai Hansen, I Want Out, entrega total da banda e do público numa comunhão quase perfeita e raramente vista. Depois disto foi seguir em velocidade de cruzeiro, logo de seguinda Valley of the Kings, talvez a música que mais goste de Gamma Ray. E energia não faltava, já quase no fim do concerto um medley de cerca de 15 minutos - "Onde estes velhotes vão buscar tanta energia!?" - pensava eu. Para terminar em grande o Send Me a Sign, belo concerto, praticamente 2 horas de Gamma Ray, definitivamente estes "velhos" têm muita energia.