Um dos países que mais tinha gostado de visitar foi a Itália. Aproveitando um fim-de-semana prolongado, decidi ir conhecer Veneza, um dos locais mais conhecidos de Itália. Chegado à entrada de Veneza, onde deixa de haver carros e passam só a haver barcos, o meu primeiro choque. Estava à espera do barco-táxi quando vejo um dos condutores de barco a fumar e a mandar a beata para o canal. Então não cuidam do seu ganha pão? A poluir assim gratuitamente a água do canal, não percebem que estão a destruir o que faz com que os turistas visitem Veneza? Bem talvez por isso se via muito pouca fauna, esperava ver muitos mais animais marinho, mas em todos os dias que lá estive em Veneza só vi um bando de patos e umas garças.
Mesmo estando em época baixa havia imenso turismo, ao ponto de ser desagradável andar pelas estreitas ruas e ruelas da cidade. O meu melhor amigo em Veneza foi o google maps, com tanta ruazinha ao início foi bastante complicado manter-me orientado, se nos últimos 2 dias melhorou ao início andava sempre a olhar para o mapa. O problema é que existem 3 pontes principais para atravessar entre ilhas, a Ponte Degli Scarlzi que ficava ao pé do nosso hotel, a Ponte di Rialto e a Ponte Dell Accademia, se falhássemos as pontes quando queríamos atravessar tínhamos de dar uma volta enorme. E normalmente até apontava o google maps para a ponte que queria senão ele dava-me o trajeto mas atravessando o canal de barco, coisa que não queria.
As ruas na sua maioria eram extremamente estreitas e de noite, devido à falta de iluminação, pareciam saídas de um filme de terror. Contudo nunca me senti inseguro, tirando os carteiristas e os esquemas de apostas ilegais de rua, não havia qualquer tipo de criminalidade, além disso haviam sempre pessoas a passar nas ruas e se me quisessem roubar o que levavam? Fraldas, toalhitas, roupa de bebé, fruta, bolachas, papa de bebé...acho que não era algo que fosse muito útil.
Falando de roubos, tudo o que está à venda é um pequeno roubo, os preços são super inflacionados, facilmente coisas básicas como roupa, candeeiros, colares, chegava aos milhares de euros. O café mais barato que bebemos foi 3€, um verdadeiro absurdo. Andar de gondola custava 90€ de dia e 110€ à noite, por uma volta de 30 minutos, por esse preço tinham de me trazer de volta a Portugal atravessando o Mediterrâneo. A única coisa que achei em conta foram os gelados, aqui em Portugal os gelados artesanais italianos são mais caros que em Veneza.
Voltando ao assunto da limpeza, ou da falta dela neste caso, as ruas eram sujas, com papeis, plásticos e beatas por todo o lado. Um dos fatores que pode potenciar isso é a falta de caixotes do lixo, houve uma vez que andei com lixo na mão mais de 15 minutos até achar um caixote. A recolha do lixo é feita em pequenos carrinhos, como os limpadores de rua aqui em Portugal, e depois existem barcos lixo, mas a implementação da limpeza não funciona nada bem.
Indo para as partes boas, Veneza, tal como toda a Itália, é cultura, é história, é arte. Visitámos as novas prisões, que estão desativas, e acabámos por ter uma aula de história sobre como se puniam os criminosos ao longo da história. Ficámos a conhecer as bocas de leão, que basicamente eram caras de boca aberta localizadas em algumas paredes, onde se podiam colocar papeis na boca em que se escrevia uma acusação contra alguém. Devido às inúmeras acusações infundadas, as caras foram retiradas sobrando só 4, duas no Pallazo do Ducale e outras duas localizadas noutros pontos da cidade. Aproveitámos e no dia seguinte fomos fazer uma busca pela cidade para encontrar uma dessas caras, e lá estava ela no sítio indicado.
Depois da visita às prisões visitámos o Pallazo do Ducale, que vale imenso a pena a visita. A visita é longa pois há muita coisa para ver, uma grande quantidade de arte e arquitetura, absolutamente fabuloso, imperdível para quem vai a Veneza. As filas de entrada são dissuasoras, mas vale a pena a espera. O bilhete de entrada para o Pallazo do Ducale também dava acesso ao Museo Correr e ao Museo Archeologico, e como é tudo na Piazza San Marco é muito fácil fazer todas estas visitas num só dia. Contrariamente aos preços das restantes coisas, visitar todos estes sítios fica barato, ainda para mais quem for em família e adquirir o bilhete familiar.
E vou acabar com com o que para mim, foi a melhor parte da viagem, a visita a Murano, Burano e Torcello. Para viajar até estas ilhas comprei o passe de 24h para os transportes públicos de Veneza, ou seja, para o barco público, uma espécie de ferry do Tejo. Mais uma vez, apesar de estarmos em época baixa as filas para o barco eram loucas, ao ponto de não conseguirmos entrar no barco e termos de esperar que viesse outro barco. E apesar de estarmos com uma bebé, ali a prioridade é pela carteira, ou seja, se comprar o passe prioritário que é mais caro passo a frente, se não, e apesar de ter uma bebé de 8 meses tinha de esperar como os restantes, parvoíce…
A primeira paragem foi em Murano, a ilha do vidro. Fomos ao Museu do Vidro que vale muito a pena e depois passeamos pelas desafogadas ruas da ilha, indo visitar a fábrica e as inúmeras lojas de vidro. Basicamente o vidro é a economia desta pequena ilha e tudo gira à volta disso. De seguida, voltar a esperar pelo barco que nos levaria até Burano. Esta é a ilha dos bordados e do linho, todas as lojas giram à volta disto. Esta ilha tem a característica de ter as casas pintadas de cores vivas, dando-lhe uma beleza única. Por fim a ida a Torcello, uma pequena ilha agrícola com somente um canal, em que a única rua que existe vai do caís do barco até á Basilica di Santa Maria Assunta. Pequena mas linda e muito diferente de todas as outras ilhas. Na volta para Veneza ainda passámos no Lido, apesar de não termos saído do barco por ser já um pouco tarde, por isso não posso dizer que tenha ficado a conhecer. E porque preferi estas ilhas a Veneza? Beleza natural, limpeza dos espaços, mais espaços verdes, preservação das casas e essencialmente, muitíssimo menos turístico, muito mais fácil de andar de um lado para o outro sem estar sempre a tropeçar noutras pessoas.
Resumindo a viagem, é um local que deve ser visitado uma vez, mas uma vez é suficiente, não faço intenções de voltar a Veneza, conheci e pronto não há nada que me faça querer voltar, pois iria ser mais do mesmo.