domingo, dezembro 31, 2023

São Silvestre Lisboa

Das experiencias mais gratificantes que já tive, é assim que defino esta prova. Há cerca de uma semana atrás liga-me o Felício e pergunta - "Estás inscrito para a São silvestre de Lisboa? Qual é o teu objectivo?" - ao que respondi - "Vou conter-me porque no dia seguinte tenho a São silvestre da Amadora." - então surgiu a proposta - "Olha não queres levar o Zé que eu não consigo ir?". Obviamente que a minha resposta foi sim, já conhecia o Zé de outra corridas onde o Felício o tinha guiado, e era algo que eu já queria ter experimentado, por isso a minha reposta não poderia ter sido outra.

Durante o aquecimento queria sentia a sensação de empurrar a cadeira de rodas, especialmente a subia a avenida da Liberdade. Durante o aquecimento conheci outro cadeirante através do Zé. Na altura pedi se podia sair ao lado deles visto que não tinha experiência com cadeira de rodas e seria mais fácil se tivesse companhia. Um grupo de corredores rodeou-nos para nos ajudar, entre eles o Maria que ia comigo e disponibilizou-se a não fazer a sua corrida para me ir a abrir caminho.

Dada a partida ao som de Thunderstruck (parecia que estava de volta ao Ironman de Cascais), e esperar 10 minutos para passar a partida pois estávamos mesmo no fim do pelotão. Os primeiros 2 quilómetros foram terríveis, quase impossível de correr, se não fossem o Maria e a Joana (conhecidos agora por equipa Maria Joana) teria sido um pânico e teria atropelado uma dúzia de pessoas, assim só atropelei uma dúzia de vezes o Maria. 


O Zé, também fazia o trabalho bem feito, a gritar constantemente - "Cadeira saiam da frente" - e a gritar comigo - "Mais rápido Tiago!" - ao que eu dizia que não poderia ir, não tinha espaço para passar. Se a maior parte das pessoas quando se apercebia facilitava a passagem e ainda apoiava, mesmo assim ainda houve uns idiotas a refilar que tinham tanto direito de ir a correr como nós, pronto que se pode dizer... 

Quando conseguimos começar a rolar tornou-se bem mais fácil, quase como se não fosse a empurrar uma cadeira de rodas. No Cais do Sodré, já no retorno tive de pedir ao Maria para não apertar mais, tinha de reservar algumas forças para a subida. Aí vinha o empedrado escorregadio e logo de seguida uma pequena inclinação até ao Rossio e logo ali percebi onde estava a grande dificuldade de empurrar uma cadeira, qualquer pequena inclinação era penosa. Passado o empedrado escorregadio do Rossio pensei que talvez o pior já estivesse, mesmo que fosse a subir já não tinha empedrado. Enganei-me, a subida foi uma dor, houve alturas que só olhava para o chão e esperava que o Maria e a Joana me tivessem a abrir caminho para eu não bater em niguém. Tanto que me apeteceu andar mas o Zé gritava - "Força Tiago, és grande, força, mais rápido, tu consegues." - não podia vacilar, com tanto apoio de peso aguentei aquela dura subida. E o Maria sempre a dizer - "Só faltam 200 metros" - eu olhava para o topo para a rotunda do Marquês e respondia - "Sim, sim, 200 metros mais IVA".

Finalmente chegados ao topo, agora era diversão até à meta e esperar que ninguém se metesse à frente, a cadeira de rodas não tem travões e não é fácil parar com a força de corpo, especialmente com o chão escorregadio. Mesmo assim o tempo final foi abaixo de 1h, era o menos importante mas foi bom. Já fiz muitas provas mas esta será uma que não me irei esquecer. Muito obrigado equipa "Maria Joana" e MUITO OBRIGADO ZÉ.


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