Tudo começou com um conjunto de más decisões. Ao final da tarde decidi ir andar de bicicleta para mais um treino, quando pego na bicicleta noto que o pneu da frente estava furado e que a própria camara de ar estava à vista. Bem, mudar o pneu, perder mais tempo e quando acabo já são quase 19h. Eu ando sempre de luvas, a última vez que não usei luvas foi...da última vez que tinha caído de bicicleta, mas esqueci-me das luvas em casa e como já era tarde não me apeteceu voltar a subir para apanhar as luvas, e como ia ser uma voltinha rápida deixei passar. Mais uma vez por ser tarde, mais uma má decisão, ir até o Cais do Sodré e voltar, como o trânsito aquela hora já seria reduzido.
Fui até o Cais do Sodré, tudo estava a correr bem, sentia-me bem, estava a andar a um ritmo razoável. Quando voltei em direcção a Cascais o sol estava a baixar e por isso liguei as luzes da bicicleta. Ao chegar a Algés parei nos semáforos, quando volto a arrancar ponho-me de pé para voltar a ganhar velocidade, sento-me, coloco os braços nos extensores, e devia ir a volta dos 30km/h quando sinto uma forte pancada por trás. Num primeiro momento tento equilibrar-me, mas com os braços nos extensores mais difícil era de o fazer, a bicicleta sai cuspida pelo lado direito do carro, eu vou ao chão, enrolo-me até que finalmente paro praí 10 metros à frente da bicicleta.
Fiquei logo sentado, a tentar sentir o corpo, a ver se sentia algo de grave, mas naquele estado ainda aturdido pareceu-me só ardor das queimadelas do alcatrão. O rapaz que vinha atrás parou logo e veio ter comigo, o outro rapaz que me atropelou parou logo a frente e também veio ver como eu estava, ele vinha a tremer por todos os lados, claramente mais transtornado que eu, que ainda estava a tentar perceber em que planeta estava. O rapaz que me atropelou disse que nem sequer me viu pois estava encadeado pelo sol, que só se apercebeu na altura do impacto, e realmente eu não ouvi nenhuma travagem. Os 2 ajudaram-me a levantar, perguntaram se era preciso ambulância se queria que me levassem a algum lado. A minha preocupação foi levantar-me e tentar perceber se tinha algo impeditivo de continuar, eu estava nas condições mínimas. Peguei na bicicleta e na altura pareceu-me que as 2 rodas estava empenadas mas que talvez desse para chegar a casa.
O rapaz que me auxiliou a levantar perguntou se já podia ir andando, ao que respondi que sim, mas na altura nem me lembrei de pedir o contacto para se fosse preciso ter uma testemunha. O rapaz que me atropelou deu-me o contacto, mas nem fiquei com a matrícula do carro, que estupidez na altura não estava mesmo a pensar em nada a não ser chegar a casa e limpar as feridas. Comecei a tentar pedalar e a roda estava a roçar imenso ao ponto de cheirar a borracha queimada. Nisto ainda houve outro ciclista que parou e até simpaticamente se ofereceu para me ir por a casa, acabei por recusar pois tinha telefonado para me irem buscar. Afinal a roda não estava só empenada, o eixo da roda de trás tinha partido junto ao saque-rápido e era impossível seguir de bicicleta até casa. Agora vou ter uma paragem forçada e esperar que a recuperação seja rápida.