quarta-feira, novembro 11, 2020

Eutanásia

Já foi há algumas semanas que foi chumbado o referendo à despenalização da eutanásia, mas tenho que registar o facto agora por ter sabido de uma história que vai de encontro a este tema. Em primeiro lugar, e para deixar já bem claro, sou totalmente a favor da despenalização da eutanásia. Infelizmente esperaria que um assunto que é socialmente fracturante tivesse a dignidade de ser levado a referendo, tal como foi a despenalização do aborto. Bem sei que a assembleia representa toda a população portuguesa, mas se até os partidos dão liberdade de voto neste tipo de matérias significa que não são de todo consensuais, logo deveria pelo menos de ser dada a oportunidade à população de se expressar e decidir democraticamente sobre o assunto. Para não falar que a maioria da população nas legislativas, pensa votar para quem será primeiro ministro e não para a assembleia que os vai representar, mas isto levaria-me a uma conversa muito mais profundo sobre outro tema e não pretendo ir por aí.

Se nos casos da despenalização do aborto, adopção por casais homosexuais, vejo pontos que me levam a dizer sim e outros que me levam a dizer não, não consigo estar 100% convicto de uma opinião, no caso da eutanásia estou profundamente convicto que deveria ser despenalizada. E para os que conseguiram chegar aqui sem ter já disparado um comentário, enfatizo, que eutanásia é a própria pessoa decidir, por vontade própria, consciente da sua decisão, que quer auxilio para terminar com a sua vida. Para mim o único desafio que temos aqui é um desafio deontológico, como podemos pedir a alguém que jurou proteger a vida fazer exactamente o contrário?

E para finalizar a história que me levou a este desabafo. Vou falar de uma senhora com 90 e poucos anos, que sofre de um cancro em estado avançado, estando com dores horrorosas e constantes segundo a própria. Esta senhora apesar da idade é alguém lúcida, plenamente consciente da sua situação. Uma frase dita por esta senhora - "Já não estou aqui a fazer nada, estou com dores horríveis, por favor dêem-me uma daquelas injecções para dormir para sempre." - será isto uma situação digna? Será uma situação em deva prevalecer a vida? Esta senhora após vários dias nisto tentou o suicídio, tentou enforcar-se com os lençois, mas como é esperado já não tem capacidades físicas para o fazer sozinha. Após este episódio a senhora foi fortemente sedada, e no pouco tempo que lhe restará antes do cancro a levar provavelmente ficará assim. Pergunto se isto é digno ou humano? O que gostava era que estas pessoas, e eu próprio, possamos decidir a nossa vida numa situação como esta. Dignidade na vida e na morte.

segunda-feira, novembro 02, 2020

RIP Sean Connery

Sem dúvida um dos actores mais marcantes do cinema, e unanimente considerado o melhor James Bond, será assim recordado Sir Sean Connery. Afastado dos grandes ecrans há largos anos, por decisão própria, deixou um imenso legado para a indústria e para o franchise de 007, que nunca se poderá saber, mas o que seria do seu sucesso se não fosse encarnado o agente secreto britânico por Sean Connery. Já pouco concensual foi o último filme de Sean Connery, The League of Extraordinary Gentlemen de 2003. Diz-se que fez este filme pois anteriormente tinha rejeitado dois papeis icónicos do cinema por não acreditar no script dos filmes, o primeiro como Morpheus no Matrix e o segundo como Gandalf no Senhor dos Anéis. Depois da desilusão deste último filme terá decidido abandonar a representação ainda numa fase que teria muito a dar ao cinema.