segunda-feira, setembro 28, 2015

Triatlo Longo de Cascais

Finalmente foi possível realizar um triatlo longo em Cascais, acho que é óptimo para o concelho que mais uma vez promoveu o desporto e um modo saudável de vida, como também para enumeros triatletas que vivem na zona de Lisboa e normalmente têm de fazer centenas de quilómetros para participar em triatlos longos. Desde já parabéns há organização por ter conseguido montar um evento desta dimensão e logo no 1º ano com a qualidade que teve, sim há espaço a melhorar, mas foi muito bom (espero que o desafio para a organização seja brevemente realizar um Ironman, fica aqui o meu repto).

Indo para a prova, o segmento de natação foi até bastante pacífico, estava à espera de uma grande confusão por serem muitos atletas mas não, claro que houve uns toques mas nada demais, como a primeira bóia estava algo longe deu para nos espalharmos e diminuir a confusão. Mesmo assim ainda me tocaram no relógio o que fez com que o cronómetro pausasse por isso não registei o segmento todo, mas pelo tempo da organização fiz 34m40s. Uma coisa que não gostei foi da quantidade absurda de barcos no meio do percurso, especialmente na zona em que inicializávamos a 2ª volta porque o espaço entre a bóia e um barco estreitava  muito o sítio por onde podíamos passar.


Quando estava a tirar o fato tive a primeira sensação menos boa, uma cãibra no gémeo direito, lá me sentei e acabei de tirar o fato sentado e logo que peguei na bicicleta tentei alongar, e parece que resultou porque não voltei a sentir cãibras. Uma das poucas coisas positivas deste triatlo foram as transições, melhorei imenso neste aspecto, estou mais rápido, mais tranquilo e tudo parece que é muito mais natural.

As 2 primeiras voltas do ciclismo não tiveram grande história, ainda bem que assim foi, andei numa média superior a 30km/h e tudo corrida bem, sentia-me bem e achei que o tempo final até poderia ser bom. Na rotunda à entrada da 3ª volta tive de entrar numa trajectória interior e com alguma velocidade porque ia a ultrapassar uma ciclista. Quando estou a meio da rotunda apercebo-me que ou me deitava mais ou ia contra as pessoas que estavam a ver do lado de fora da rotunda. Ao deitar-me a bicicleta foge-me debaixo do corpo e vou ao alcatrão, resultado, um cotovelo queimado pelo alcatrão, o guiador torto mas ainda bem que as mudanças não ficaram afectadas e o orgulho ferido. Foi a minha primeira queda na bicicleta de estrada, e foi a primeira vez que os meus país foram ver uma prova, e estatelei-me mesmo à frente deles...acho que não os vou convidar mais para irem ver  as minhas provas.

Como senão bastasse a queda, levantou-se o vento habitual da estrada do Guincho, ainda faltavam 2 voltas e o vento que soprava na direcção Serra-Cascais estava a deixar-me esgotado. Ao mesmo tempo começa a doer-me o joelho direito e ainda me faltava metade da prova, só me apetecia largar a bicicleta. Antes do final da terceira volta ainda tive de parar para fazer a necessidade número 1 senão teria de parar mais tarde porque ainda faltava muito para terminar a prova. Esta foi mesmo a volta do ciclismo que mais me custou e mais acidentada foi.

No início da 4ª volta ainda se soltou a minha bolsa de ferramentas e começou a roçar na roda de trás, mais uma vez tive de parar para colocá-la devidamente. Nesta 4ª volta o vento continuou forte, mas não me senti tão mal e fui gerindo o ritmo até ao final do ciclismo. Acabei com o tempo de 3h10m, nada brilhante mas consegui chegar.


Conforme começo a correr o joelho direito não me deixava em paz, apeteceu-me andar, apeteceu-me parar apeteceu-me desistir, só pensava que daqui a 3 semanas tenho a maratona de Lisboa e podia estar a por em risco a participação. Ao chegar ao cimo do forte ponho mal o pé no chão, metade em cima de um degrau e metade fora e torci o tornozelo...que mais me podia acontecer, não estava mesmo num bom dia. Estava a correr devagar e não estava a conseguir fazer o que normalmente faço, que são muitas ultrapassagens no segmento da corrida, estava a arrastar-me até ao final. 


No início da 2ª volta chega o João Santos ao pé de mim, ainda estive com ele durante 300-400 metros mas aquele não era o meu ritmo e decidi não ir ao choque e continuar ao meu ritmo e fazer o melhor que conseguisse. Esta volta foi difícil para mim, o calor, o cansaço, o joelho nada me estava a ajudar, só os gritos de incentivo que vinham de fora é que ajudavam a suportar o sofrimento. Até faltar 1 volta e meia para o fim fui sempre a perder tempo, nessa altura estava já a mais de 2 minutos do João Santos e não o pensei mais apanhar, mas tinha outro João Santos, o da minha equipa, à minha frente e a perder tempo para mim.

Nessa altura faltavam 7 quilómetros para o final e achei que ainda era possível ir apanhá-lo, decidi aumentar um pouco o ritmo, as pulsações subiram e fui controlando o meus esforço tentando estar o mais próximo possível do limite e esperar que fisicamente o joelho e os músculos não cedessem. Quando fiz o último retorno, a faltar cerca de 2 quilómetros para o fim estava praticamente encostado ao meu colega João Santos, estiquei e fechei o espaço de 5-10 metros entre nós os 2 e segui com ele. Quando estava a chegar ao final do paredão vi o outro João Santos a arrastar-se na rampa de saída do paredão, decidi dar mais um esticãozinho e encostar nele. Como já faltava menos de 1 quilómetro para o final decidi terminar com ele, tentei puxar por ele para não se ir abaixo e ainda ultrapassámos 2 atletas. Fiquei feliz por terminarmos juntos, para quem sofre durante tanto tempo é bom partilhar aquele sentimento de dever cumprido ao lado de um amigo. O resultado não foi bom, mas daqui a 3 semanas tenho já outra batalha, a maratona de Lisboa, espero conseguir melhorar até lá, esta foi a pior meia maratona que fiz, nunca tinha demorado tanto tempo, mas cada prova é uma prova diferente.



domingo, setembro 13, 2015

Arrábida de dia é para meninos

Já foi há uma semana atrás que fiz mais uma vez a caminhada pela serra da Arrábida, com o objectivo de ir ver o pôr do sol ao marco geodésico, e depois fazer a descida já durante a noite. Como tive uma semana muito agitada no trabalho (se calhar foi alguma vingança pela caminhada), não tive cabeça durante a semana para escrever sobre a caminhada, mas mais vale tarde do que nunca.

Desta vez o desafio foi feito aos meus colegas da Sky, por isso digo que a minha semana complicada foi vingança pela dureza da subida que tivemos de fazer. Chegámos a horas ao campismo dos Picheleiros onde começou a nossa caminhada, tudo bem disposto, tudo super motivado e sorridente. E assim foi até chegarmos à parte da subida da cascalheira. Nessa altura a parte inicial da subida era super íngreme, quase escalada, com cascalho  a rolar encosta a baixo, ou seja, quem ia atrás ia a apanhar com as pedras que os primeiros soltavam. Passado 100 metros de subida olho para o GPS e estávamos fora de trilho, praí 20 metros ao lado. O problema é que estávamos em cima de uma laje e já não era possível voltar ao trilho original. Bem, tinha voltado a enganar-me na subida como já tinha feito uma vez, pensei que algumas das pessoas iam desistir mas lá chegámos os 9 ao topo.


Apesar de alguns olhares que me queriam fulminar por ter dito que a subida não era tão dura como tinha realmente sido, a visão esplendorosa daquele pôr do sol pôs um sorriso na cara de toda a gente. Altura para fazer um chouriço assado a ver se alegrava toda a gente, foi uma boa maneira de os subornar, devo dizer que resultou muito bem. Pôr do sol visto, começar a descida e agora ir com mais atenção para não me voltar a enganar-me no caminho.


A descida correu bastante bem, tudo divertido e com a excitação de fazer aqueles trilhos fantásticos na penumbra da noite com as poucas luzes das lanternas. Chegados à junção que ou nos levaria até ao Portinho da Arrábida ou de volta ao Campismo dos Picheleiros perguntei o que queriam fazer. Democraticamente decidimos ir até ao Portinho e fazer a caminhada total. Eu gostei da decisão mas tive novamente receio que o orgulho de alguns os tivesse feito tomar aquela decisão, mas que já estivessem fisicamente cansados.

Chegados ao Portinho, uma horinha a descansar no café, tostas e umas bebidas para revitalizar corpo e alma e prontos a voltar. Desta vez decidiu-se voltar pelo alcatrão e não pelos trilhos para simplificar a tarefa. Pareceu-me bem para não levar mais na cabeça que a caminhada estava a ser muito cansativa. Até ao final foi tudo bastante calmo, conversa descontraída, com o sentimento de missão cumprida. Acho que tirando aquela subida o resto correu bastante bem e alguns até estavam com ideia de voltar a repetir, por isso não deve ter sido assim tão mau.