quarta-feira, maio 20, 2015

Fair Play é uma treta

Esta frase já foi muitas vezes dita por intervenientes do desporto rei, mas hoje vou aplica-la a um desporto que pelo menos gosto tanto como o futebol, estou a falar do ciclismo. Na etapa de ontem do Giro de Itália, a etapa número 10, aconteceu algo de um altruísmo louvável que depois acabou por ser penalizado, quanto a mim por falta de tacto, por facto de bom senso.

A menos de 10 kms do fim da etapa quando o pelotão seguia a alta velocidade um dos principais concorrentes à vitória final, o Rickie Porte, teve um furo, para quem seque ciclismo sabe o quão delicada é esta situação pois a distância para o fim já não dá grande margem a recuperação. Numa mostra de grande desportivismo um ciclista de outra equipa, Simon Clarke, também australiano que não tem nenhum objectivo na classificação geral, cedeu a sua roda a Richie Porte para este perder o mínimo de tempo possível. Mesmo assim chegou à meta atrasado 47 segundos em relação ao pelotão, o azar do furo já tinha feito estragos significativos.

Não sou um fã do Richie Porte, sou um fã do ciclismo por isso considero que a minha opinião é imparcial. No final da etapa além do atraso na estrada o Richie Porte foi penalizado em 2 minutos, porquê? Porque foi ajudado por um elemento de outra equipa. E pior, o Simon Clarke que o ajudou em prejuízo próprio também foi penalizado em 2 minutos. Dizia o bom senso que não deveriam penalizar ninguém, para mim claramente não é uma infracção que beneficie através de  "batota" o Richie Porte, porque se fosse um colega da sua equipa e não de outra equipa já seria tudo legal. Se ele se tivesse agarrado a um carro a fingir que estava lesionado e fosse levado pelo carro até ao pelotão se calhar não tinha sido tão penalizado e isso sim seria um batota a sério.

Obrigado senhores comissários de prova por terem seguido os regulamentos à risca e terem tornado a corrida menos interessante, retirando da disputa da prova um dos ciclistas que mais qualidade tinha para discutir o pódio!

segunda-feira, maio 18, 2015

Clean up the Atlantic

Já há alguns anos que não participava numa limpeza subaquática, lembro-me que na altura que tirei o meu primeiro curso de mergulho foi uma das estratégias que utilizei para conseguir ganhar mais experiência e fazer mais mergulhos (sem gastar dinheiro). 

Há pessoas que não o gostam de fazer, mas no meu caso considero que simplesmente é um tipo de mergulho diferente, com objectivos diferentes, é porreiro andar a percorrer o fundo com o objectivo de recolher coisas que não deveriam lá estar, de arranjar estratagemas para as soltar de onde estiverem presas, de conseguir trazer à superfície algo que é mais pesado e que nos puxa para baixo.


Ontem o Clean Up the Atlantic acabou por ser um modo muito agradável de passar a manhã, mergulhar e ao mesmo tempo estar a fazer algo de benéfico por um espaço natural que é tão belo e que me diz tanto, afinal de contas vivo em Cascais desde que nasci e esta é uma zona que frequento regularmente, basta dizer que no dia anterior tinha feito um treino de mar com a minha equipa de triatlo a passar exactamente no mesmo sítio.

Uma coisa que me chateia neste caso, e sim vai contra as regras primárias do mergulho, é de ser obrigado a andar com um buddy, a visibilidade já é pouca e quando se mexe no fundo torna-se impossível de ver alguma coisa tirando o nosso próprio nariz. Com isto acaba-se por perder mais tempo à procura do buddy que realmente a fazer o que interessa e torna-se é um foco de stress desnecessário, vamos lá ver, a profundidade máxima a que fui não chegou aos 4 metros...

Como resultado final da minha parte recolhi: 1 comando da PS, 1 bola, 1 boneca, 1 garrafa, 1 mangueira, várias latas, vários plásticos e vários ferros.




sexta-feira, maio 08, 2015

Survival Xperience 2015

Já tinha passado quase 2 anos desde o último Survival Xperience, devo confessar que foi bom voltar à dinâmica de ajudar na organização de um evento, de vez em quando é bom para reunir com os amigos e voltar ao stress. O Survival Xperience 2015 decorreu no último dia 1 Maio, mas mais que o evento vou desvendar um pouco do meu trabalho de preparação.


Eu fui o primeiro a entrar em campo, literalmente, tal como no último Survival Xperience a minha função era essencialmente de batedor, estava encarregue de descobrir pontos interessantes de forma a termos um percurso agradável, que passasse por locais bonitos, locais marcantes no concelho, dar a conhecer locais que normalmente não serão visitados por quem anda na estrada, ter bastantes trilhos onde só se passasse a pé de modo a não haver grandes vantagens se alguém se lembrasse de andar de carro que era contra as regras (e ter um número de pontos e de dispersão dos mesmos que tornasse impossível descobrir todos os pontos no tempo limite da prova).


Inicialmente tinha definido um percurso de 30 pontos, mas haviam pontos pouco interessantes e acabaram por ser seleccionados 23 pontos finais. Devo dizer que para encontrar estes pontos ainda tive 2 dias a andar de bicicleta de um lado para o outro, por caminhos que nem sempre conhecia, por onde tinha de andar com a bicicleta às costas, (a fugir de uns cães do tamanho de burros), e após isto apresentar os pontos à restante equipa da organização e definir o que íamos fazer. O timing da prova é que não foi o ideal, no dia seguinte tive o Triatlo Longo de Lisboa e devido a isso não pude dar um grande contributo no dia da prova, só consegui estar com eles até à hora de almoço e depois voltei mesmo no final do dia só para trocar meia dúzia de palavras com os restantes membros da organização e saber como tinha corrido.


Como era eu que conhecia os locais exactos onde eram os pontos a colocação dos marcadores nos locais teria de ser minha responsabilidade e como isso era algo que tinha de ser feito da véspera foi decidido fazer quando eu saísse do trabalho no dia anterior à prova. A colocação decorreu noite dentro e tenho de agradecer ao Rui Santos ter-me acompanhado nessa tarefa, senão fosse o triatlo não me tinha incomodado muito, mas tendo o triatlo queria conseguir dormir bem para estar pronto. Mesmo assim houveram alguns pontos que ainda foram colocados de manhã mesmo antes da prova começar. 

A recompensa de ver os participantes gostarem e divertirem-se com a prova é muito boa e dentro das minhas possibilidades acho que ajudei em tudo o que podia durante aqueles 2 dias. Agora vou confessar, prefiro muito mais participar que organizar, quando vi os participantes a saírem da base para irem procurar os pontos não deixei de ter um bocadinho de inveja e de querer estar no lugar deles, bem em Setembro haverá outro Survival Team Challenge e neste quero participar!

terça-feira, maio 05, 2015

Triatlo Longo Lisboa

Acordar bem cedo, 4h45m, ainda noite cerrada, a temperatura ajudava a que não fosse assim tão mau, a noite estava agradável. Obrigar-me a comer alguma coisa substancial pois o esforço que me esperava não ia ser pêra doce. Cheguei ao Parque das Nação por volta das 6h30m, o sol estava a nascer, era hora dos preparativos finais, preparar os sapatos, os ténis, as comidas, a bebida, última verificação do equipamento e muito importante ir ao WC o mais próximo possível da partida para tentar fazer toda a prova sem ter de parar por causa de necessidades fisiológicas.

Tinha como objectivo acabar a prova abaixo de 5h30m, sentia-me bem, o treino dos últimos meses tinha sido bom, não tinha tido lesões, o tempo aparentava estar bom, sem vento, sem calor excessivo, todas as condições me eram favoráveis para que conseguisse atingir o meu objectivo, numa das provas que no início do ano me propus a estar na minha melhor forma. Segundo as minhas contas o meu desafio seria o ciclismo, teria de fazer o percurso de ciclismo em menos de 3h o que significava andar a pelo menos 30km/h durante os 90kms do percurso, e começar a correr com 3h40m de prova o que me dava uma boa margem para fazer a meia maratona do segmento do atletismo em menos de 1h50m.

A partida do segmento de natação aconteceu como de costume num imenso turbilhão de corpos, o que devo dizer já não me incomoda muito, ao fim de alguns triatlos começo a perceber as manhas, bater forte as pernas quando sinto que alguém me quer agarrar, se alguém me tenta agarrar no ombro rodar rápido o braço para ficar por cima ou mesmo rebolar por cima de quem nos está a tentar puxar para baixo, braçadas amplas quando me sinto empurrado, evitar entrar no espaço de outros nadadores mas saber-me defender se alguém entrar no meu espaço no fundo é essa a regra.

Ao virar a primeira bóia tudo ficou mais calmo, não sei porque a maior parte dos nadadores faziam trajectórias muito abertas, apontei directo para as restantes bóias e deixei-me ir a deslizar o máximo possível, sabia que não valia a pena estar-me a matar para ganhar 3-4 minutos na natação, aproveitei para fazer o aquecimento para o restante de prova que ainda faltava. Na viragem da última bóia senti outra vez um apertozinho, ia num grupo de 6-8 nadadores e com uma viragem a 180º é normal alguns encontrões, mas com uma viragem em rotação que a maior parte dos nadadores não faz, consegui sair à frente e entrar na rampa sem ninguém à minha frente o que me possibilitou tirar o fato tranquilamente sem preocupar-me com algum tipo de empurrão. Acabei a natação com 36m30s, 1m30s acima do que tinha estipulado como o limite máximo que queria fazer, contudo não era preocupante, mesmo com as transições se fizesse o segmento de ciclismo em 3h começaria a correr com 3h40m de prova.


Estava na hora da verdade, o ciclismo, será que os meus treinos curtos fortes seriam suficientes para conseguir manter um ritmo de 30km/h durante 3h? O segmento era composto por 4 voltas o que tornava fácil medir o ritmo bastava ver se a cada volta o tempo que demorava estava a ser superior. A 1ª e 2ª volta correram-me bastante bem, não senti cansaço, o ritmo cardíaco, a respiração estavam bastante estáveis. Apesar de ter perdido um gel e uma barra energética quando saltei para cima da bicicleta, consegui apanhar uma banana e um cantil de água nas duas primeiras passagens pela meta, tinha comido e tinha água para me refrescar, mais o meu cantil com bebida isotónica. Demorei cerca de 40 minutos em cada uma das 2 voltas, estava a conseguir manter o ritmo e apesar de na minha cabeça estar a fazer mal as contas até estava a rodar acima dos 30km/h.


Antes de chegar à subida na 3ª volta passou por mim o número 9, que acabaria por ser o vencedor da prova. Que velocidade impressionante, parecia que ia de mota, certamente ia a mais de 50km/h na altura que passou por mim. Pouco depois ainda passou o número 1 (Bruno Pais), não ia tão rápido mas não deixou de me impressionar na mesma. Na subida desta volta foi a primeira vez durante a prova que me senti claramente desconfortável, não estava a conseguir achar o meu ritmo, sentia dores nas pernas, as sensações começavam a não ser boas. Acabei a volta com 43 minutos, quebrei um pouco mas ainda nada de alarmante.


Nessa altura já não tinha a minha bebida e a minha preocupação era apanhar água, apesar de já não comer à 1 volta era muito mais importante manter-me hidratado. Comecei a sentir indícios de cãibras no meu gémeo da perna direita por isso não podia puxar demais para o músculo não 'agarrar'. A subida custou mas não tanto como a da 3ª vez, pensava que o pior já estava e era rolar até à meta. Aproveitei a descida para alongar um pouco o gémeo e fazer o possível para evitar o aparecimento das cãibras. O pior ainda estava era para vir, começou a fazer imenso vento de frente e aquela última meia volta foi um tortura, foi nessa altura que pensei - "Bolas para fazer a distância Ironman tinha de fazer outra distância igual à que já fiz...não sei se aguentaria!!!".



Cheguei da bicicleta ainda abaixo de 3h30m de prova, estava claramente a tempo para o meu objectivo de 5h30m. Comecei a correr a uma velocidade que me permitia passar as pessoas que estavam à minha volta, contudo o meu coração começou a disparar e não me sentia nada confortável. Durante a 1ª volta da corrida estive sempre a tentar achar o meu ritmo certo, muscularmente até estava bem, as cãibras não apareciam mas o ritmo cardíaco não era nada estável. Começava também a fazer calor, em todos os pontos de abastecimento era apanhar uma garrafa de água para me 'regar' e tentar aliviar a sensação de aquecimento.


À entrada da 2ª volta olhei para o cronómetro e ainda não ia nas 4h de prova, porreiro tinha 1h30m para fazer 15 quilómetros, mais que suficiente, Esta volta foi a mais tranquila consegui manter o ritmo, nessa altura também passei pelo Pre que tinha entrado para a sua 1ª volta, dei-lhe umas palavras de motivação, era o primeiro triatlo longo dele e estava com boa cara para conseguir acabar, e segui ao meu ritmo. Ao início da 3ª volta quando levava pouco mais de 10 quilómetros de prova tropecei naquele maldito empedrado levantado pelas raízes das árvores, consegui-me equilibrar minimamente e com uma cambalhota sobre o ombro levantei-me e continuei a correr.

Estava a perder um bocado a capacidade de raciocínio, sinal que as minhas forças começavam a estar no limite, já só pensava em passar a meta e rir-me do resultado que ia obter. A 1 quilómetro da meta novamente o raio do empedrado, mais um tropeção e desta vez fiz uma à Super Homem...a diferença foi que não aterrei em pé mas sim na horizontal, estatelanço à moda antiga. Cortei a meta com menos de 1h40m de corrida, mas tendo em consideração que o segmento de corrida nem chegava a 20kms não foi mau mas também não foi brilhante.

Ficam aqui os resultados dos diferentes segmentos:

  • Natação: 36m30s
  • T1: 2m02s
  • Bicicleta: 2h51m11s
  • T2: 1m17s
  • Corrida:1h39m45s
  • Tempo final: 5h10m45s